Essência Exacta da Realidade no Paramarthasara de Abhinavagupta
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Caros Amigos,
Como habitualmente às 3ªs. feiras, voltamos com a partilha do texto selecionado aleatoriamente, e o livro selecionado foi «ESSÊNCIA EXACTA DA REALIDADE NO PARAMARTHASARA, DE ABHINAVAGUPTA», de Baljita Nath Pandit, inserido na Colecção "Luz do Oriente".
Páginas 68 a 73:
55. Como piras de algodão armazenadas, as boas e más acções acumulados durante o período de ignorância, são destruídas no presente, pelo poder do forte esplendor do conhecimento correcto. Jnãna é o conhecimento da verdade ao nível do nosso entendimento e vijñāna é a sua experiência na vida prática. Alguém pode estar forte e intelectualmente convencido, sobre a exactidão dos princípios do monismo teísta, mas muitos ainda se sentem, como sendo um ser finito diferente de Deus, antes de realizar a sua divindade e unidade absoluta, através de vijñāna, a verdade. Vijñāna, sozinho pode aniquilar todas as acções acumuladas conhecido como sañcita-karman.
56. As acções cometidas por uma pessoa depois do desenvolvimento correcto do conhecimento não podem de forma alguma trazer-lhe qualquer fruto. Como é que poderá existir para ele qualquer renascimento? Tal como o Sol, Śiva, tendo aniquilado a forte relação com a escravidão do renascimento, brilha eternamente através dos Seus raios divinos. As acções passadas dum Śivayogī aniquilam-se. As suas acções presentes são reduzidas à sua ineficácia. Neste caso, não resta mais nenhuma razão para renascimentos. Libertando-se da sua forma física no final da vida presente, ele liberta-se também do aspecto finito e individual e, vendo-se a si mesmo, nada mais que o absoluto Śiva, ele brilhará eternamente através dos raios dos seus poderes divinos.
57. Assim como uma semente de arroz com casca, liberto da camada exterior, do amarelado no interior e do germe da planta, não pode numa sementeira germinar; assim também o Ātman não pode, ser liberto das impurezas da finitude, diversidade e acções passadas, antes de submeter-se a qualquer renascimento. A fina casca amarelada do arroz, a qual é muitas vezes retirada com a ajuda duma máquina de descasque, é chamada kambuka. Uma pequena partícula redonda, presa no canto do grão, e que cai no processo de descasque, chama-se kiṃśāruka, “syur” em Kashmiri. Esse syur é o germe da sementeira. Tuṣa é o nome do invólucro exterior do grão de arroz. Se estes três elementos são retirados da semente de arroz com casca, não pode uma sementeira germinar. As três impurezas dum ser finito, estão aqui comparadas, com os três elementos da semente do arroz com casca.
58. Um ser que realiza, a sua verdadeira natureza não sente receio de nenhuma parte, porque tudo é o seu próprio eu. Ele não sente qualquer sofrimento porque, na realidade, não há qualquer morte ou destruição. A pessoa pode ter medo de algum fenómeno diferente do seu próprio eu. Quando tudo é experimentado como o seu próprio eu, o que pode tornar-se uma causa de medo? Uma pessoa fica dominada pela dor da morte de alguém próximo ou querido ou destruição de alguma propriedade. Como é que pode haver sofrimento, quando não existe nem morte nem destruição na perspectiva dum Śivayogī que realizou a verdadeira natureza do seu Eu?
59. O que pode ser visto como miséria ou azar e quem o pode ver como tal, quando muitas das jóias da Realidade Absoluta estão totalmente acumuladas dentro do tesouro, profundamente oculta no seu ser mais íntimo e, quando a Divindade suprema e universal é realizada como a sua própria natureza? Hṛdaya não é o órgão carnal conhecido como coração. É o ser mais profundo, o centro principal de todas as funções da manifestação. As dádivas da Divindade suprema são as jóias de paramārtha.
60. O estado de libertação não é confundido, nem está confinado a qualquer lugar especial (tal como Vaikuṇṭha), nem necessita de qualquer ascensão (em direcção a um lugar celestial). Libertação é a iluminação da nossa potência atingida pelos meios que desfaz os nós da ignorância. Seres totalmente libertos não têm de ascender a qualquer lugar divino como Brahmaloka ou Vaikuntha. A ignorância em relação à sua verdadeira natureza, consistindo na potência divina e suprema, é escravidão e em breve esta ignorância é aniquilada, na sua natural e real pureza e a divindade irradia através do lustre espiritual da sua consciência pura e isso é libertação. Um tal ser é liberto mesmo ainda enquanto em sua forma física.
61. Um ser liberta-se, mesmo enquanto vive na forma mortal, quando os nós da ignorância são resolvidos, as dúvidas são removidas, a ilusão erradicada e a pena e pecado são perfeitamente anulados. Quando as impressões do conhecimento perfeito da real natureza se tornam profundamente impregnadas numa pessoa, a sua ignorância, dúvidas, ilusões, aniquilam-se e as suas boas acções perdem o poder de dar frutos. Uma vez que é a ignorância com os seus resultados que é a escravidão, tal pessoa alcança a libertação mesmo vivendo ainda no mundo mortal e é consequentemente, conhecido como jīvan-mukta.
62. Assim como uma semente, queimada no fogo, perde a sua força para crescer, também as acções (duma pessoa) perdem o seu poder de causar renascimento quando estas são queimadas (por dentro) pelo fogo do conhecimento correcto (da verdadeira natureza do ser).
63. Um finito Eu-consciência finito individual, tendo uma concepção de finitude profundamente enraizada com relação a si próprio, é liderado pela impressão do seu corpo futuro, constituído de acordo com as suas acções, ao consequente plano após o fim da sua forma actual. A impressão das acções feitas por uma pessoa cria uma disposição consequente que a conduz, depois do final da sua vida, a uma vida futura em que as suas acções podem dar frutos. É esta disposição, impressa em cada e em toda a alma, que desenvolve, quase automaticamente, todo o sistema de transmigração dos seres de nascimento a renascimento em ciclos intermináveis.
64. 65.66. Mas, como pode uma pessoa mover-se na transmigração, a qual ela sabe definitivamente e sente na verdade que ela a consciência pura é (o Absoluto) “sabedor” e “fazedor” no plano que transcende todos os fenómenos, é infinita, consiste no não pôr e sair da luz (da consciência), a vontade da qual é sempre frutífera, a qual é livre de conceitos de tempo e espaço, e que é eterna, imutável, todo-poderoso e perfeita em todos os aspectos, a qual sozinha gere o elevar e cair dos múltiplos poderes divinos, e é Śiva, o mestre perfeito de todas as funções divinas da criação, etc.? De onde e para que plano pode uma entidade infinita mover-se? Quando um aspirante desenvolve uma realização da sua natureza real, sente que ele mesmo é a verdade absoluta a qual está livre até das condições do tempo, espaço e causa, e torna- se seguro de que, Ele próprio não é nada mais que Deus Todo-Poderoso, que Ele é a verdade absoluta. Ele não toma tal verdade como uma mera teoria, mas sente-se na verdade ele próprio Deus. Uma profunda impressão de tal experiência anula os efeitos de todas as impressões anteriores de finitude, impureza, envolvimento em acções e por aí adiante. Aniquilando assim inúmeras disposições mentais que orientam os seres finitos para o renascimento. O aspirante torna-se livre, realizado, ainda mesmo a viver na forma mortal.

Até breve!
03 de Novembro, 2015
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