segunda-feira, 22 de novembro de 2021
Minhas Entrevistas Insólitas
MINHAS ENTREVISTAS INSÓLITAS
Durante as compras da manhã, encontrei uma pessoa amiga e começámos a falar sobre alimentação. Essa pessoa disse que comia pouca carne, só peru. Estive para lhe dizer que, se ela soubesse a quantidade de hormonas que o peru tem para crescer rapidinho, nunca mais lhe tocava. Nem a propósito, vi um peru dentro de um quintal, pedi a São Francisco de Assis que me emprestasse o dom dele para poder dialogar com o bichinho. Eis a entrevista:
_Bom dia, peruzinho.
_Glu!-glu!.glu! Olha-me esta…Humanos…? Não vens por boa!
_Não tenhas medo, sou vegetariana.
_Pois sim!... Há muitos que de dizem vegetarianos, mas quem os topa sou eu! E tu, cheiras a peru à distância! Já enfardaste irmãozinhos meus! Glu!-glu!glu!
_ Foi há muitíssimos anos… Era jovem, a família comia…
_Por isso é que eu disse que cheiravas à distância. Mas… O que pretendes de mim? Glu!glu!glu!
_ Apenas fazer-te uma pergunta.
_Mostra lá as mãos, eu não confio em ti. Podes trazer um canivete fechado para abrires e me degolares! Glu!-glu!-glu!
_ Pronto… Vês que não trago nada?
_Então, faz lá a pergunta, ó cusca.Glu!glu!glu!
_ Por que é que os perus têm penas pretas?
_Porque andamos sempre de luto! Quando chega o Natal, já sabemos que vamos ser assassinados para que vocês festejem, de barriga cheia, Aquele que veio ao mundo e disse, segundo duas pessoas leram, num livro, para a minha dona, e acredito, porque elas disseram que eram testemunhas: «Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância!» Glu!-glu!-glu! Os que cá ficam usam luto pelos que vocês meteram dentro das vossas barrigas! Glu!-glu!-glu! Em chegando o Natal, para festejarem um nascimento, é só mortes! Devoram tudo o que mexe! Glu!.glu!glu!
_Como sabes disso?
-Porque nós, os animais, não perdemos, como vocês, a ligação ao Criador, Nossa corrente de vida é só uma. E temos sentimentos. Se procriamos, é porque temos o sentimento de família, que vocês destroem só para satisfazerem vossos apetites! Até o bacalhau, que vocês devoram na noite da Consoada, tem família. Ele e os outros peixes sofrem tanto a ser retirados da água como vocês sofreriam se fossem metidos dentro dela. Glu!-glu!-glu!
_Pobrezinhos… Que posso fazer por vocês?
_Olha, vai meter a nossa entrevista no teu “feicebocas”… Pode ser que comecem a partilhar até chegar à minha dona e eu salve o pescoço…E o pescoço de mais irmãos meus, que ainda são criados em muito piores condições do que eu, que nem a luz do dia chegam a ver, encaixotados, sem se poderem mexer, é só tomar hormonas e engordar…Glu!-glu!-glu!
E aqui estou a postar, a pedido o meu entrevistado.
Florinda Rosa Isabel
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