SÓ PARA ENFEITAR OS PRATOS...
Quando, há perto de sessenta e cinco anos, saí de Lisboa e fui com os meus Padrinhos viver para a aldeia, começámos na vida agrícola. Quando colhíamos as azeitonas, eram escolhidas algumas mais grossas para curtir. Depois, levávamos algumas junto com o pão quando saíamos cedo para os trabalhos no campo. Como havia poucas alternativas alimentares e o que havia era incomportável cm a situação económica dos meus Padrinhos, tínhamos de poupar… Assim, cada azeitona era trincada por duas ou três vezes, enquanto comíamos o pão.
Actualmente, as azeitonas fazem parte da alimentação dos vegetarianos, após retirada do excesso de sal. Mas, hoje, estava uma vizinha a comprar uma porção de azeitonas para deitar fora, segundo ela afirmou, pois não as comiam, eram só para enfeitar os pratos das refeições…
Ao que chegou a ignorância e o egoísmo de algumas pessoas, que pensam que o Planeta Terra, nossa Casa Comum, lhes pertence, sem compreenderem que é precisamente o contrário: somos nós que lhe pertencemos, pois vamos nascendo e morrendo nele, já cá o encontrámos e cá vai ficar quando nossa vida terminar.
Que direito teremos nós de adquirir alimentos com fins supérfluos, havendo, ainda, tantos dos nossos irmãos com fome? Claro está que a resposta de alguns egoístas será: «O dinheiro é meu, gasto onde eu quiser!». No entanto, tudo é observado "lá do Alto" e, depois, quando a Grande Lei nos devolve conforme nosso merecimento, de nada serve reclamarmos do triste destino e da nossa pouca sorte.
Nossas escolhas diárias constroem nosso destino. E tudo conta: não destruir alimentos; desviar uma pedra do caminho, para que alguém com pouca visão não tropece nela; cumprimentar os vizinhos e os funcionários da limpeza, que se encontram a varrer junto da nossa porta; separar o lixo e acondicioná-lo nos respectivos recipientes que as Autarquias colocaram com essa finalidade; não inutilizar nada que ainda funcione, com a finalidade de exibir algo novo; não ficar debaixo do chuveiro por prazer, para lá do tempo necessário para a limpeza corporal; não atirar para o chão as embalagens de comida pronta, quando ingerida fora de casa, pois imensas pessoas estão a ser vítimas desse desleixo; não comentar a vida alheia, pois esta só é conhecida pelos outros superficialmente, cada um sabe de si; contribuir para o bem-estar do próximo, evitando prejudicar com ruídos desnecessários quem possa estar doente ou a descansar, de dia, por ter trabalhado de noite.
Se pedimos Paz, sejamos nós essa Paz tão almejada.
06 de Novembro de 2018
Florinda Rosa Isabel
Sem comentários:
Enviar um comentário