Caros Amigos,
Por ser terça-feira, voltamos para partilhar o texto aleatoriamente
selecionado e assim, do livro A LINGUAGEM DAS FIGURAS GEOMÉTRICAS, do
Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov, inserido na Colecção "Prosveta" temos a
3ª. parte do Capítulo III.
Capítulo O TRIÂNGULO - Páginas 72 a 77
A matéria é inerte, informe, e é o espírito que, ao descer para se
introduzir nela, a modela. Eis o fenómeno que se pode observar por toda a
parte sob múltiplos aspectos. O espírito desce para animar a matéria – é
a involução; e a matéria, animada pelo espírito, sobe – é a evolução. A
ciência, com Darwin e outros, debruçou-se exclusivamente sobre o
processo de evolução. Na realidade, nenhuma evolução poderia ter
ocorrido se não tivesse havido previamente uma involução; senão, de onde
viriam essas forças, essas energias que permitem às formas
aperfeiçoarem-se?
A evolução das formas materiais – das pedras, das plantas, dos animais,
dos homens – só foi possível graças à descida do espírito. Eis mais uma
ilustração do simbolismo dos dois triângulos. O triângulo com a ponta
virada para baixo é o espírito que desce à matéria para a animar, a
vivificar, e o triângulo com a ponta virada para cima é a matéria que
quer evoluir para se reunir ao espírito. O encontro dos dois triângulos
simboliza a união perfeita do espírito com a matéria, e é o que confere o
poder mágico ao selo de Salomão: o encontro e a interpenetração dos
dois triângulos, dos dois princípios.
Nenhum progresso, nenhum melhoramento se pode fazer sem sacrifício, e a
involução é o sacrifício que o espírito faz para permitir à matéria
evoluir e enriquecer-se. É possível encontrar por todo o lado estes dois
processos, da involução e da evolução, mas os humanos, como não são
muito dados a considerar as coisas do ponto de vista filosófico, não vêem
as leis e os princípios que agem por detrás de todo e qualquer fenómeno
ou acontecimento da vida. Para que determinada existência seja possível,
é preciso que, anteriormente, algo se tenha sacrificado. Sim, e só há
evolução porque houve previamente uma involução. Eis o que é preciso
saber, se se quiser que a humanidade prossiga o seu caminho ascendente.
Tudo periclita se a vida não estiver baseada na consciência do
sacrifício, da abnegação e do amor. Vede o que se passa numa família: os
pais consomem-se, fazem sacrifícios para que os filhos possam crescer e
desenvolver-se, e, um dia, acabam por ficar mirrados, enfraquecidos,
enquanto os filhos se tornaram fortes e vigorosos, nem sempre
reconhecendo, aliás, que se desenvolveram à custa dos pais.
Um Mestre ou mesmo um professor representam o triângulo do espírito.
Eles instruem os seus discípulos ou os seus alunos: eles involuem,
enquanto os outros, que escutam, vão evoluindo. Também aqui se observa a
manifestação dos dois triângulos. Mas esta situação não pode durar
eternamente, nem para uns nem para outros. Um dia, os alunos e os
discípulos devem ensinar a outros aquilo que eles próprios aprenderam.
Exactamente como as crianças: elas não ficam eternamente na situação de
criança, pois um dia também elas deverão trabalhar, casar-se e ter filhos
para alimentar e educar.
Em todas as actividades da vida quotidiana se encontra o símbolo dos
dois triângulos: quereis beber, e a água sobe no copo e desce na
garrafa. Depois bebeis, e nessa altura o copo esvazia-se e o estômago
enche-se. Cada vez que se come e se bebe, a comida e as bebidas
representam o triângulo do espírito que tem de sacrificar-se para que
tenhamos forças. Ides a uma loja comprar toda a espécie de coisas. Se
não tiverdes nada para dar em troca, nada recebereis: é preciso que o
vosso porta-moedas “involua” para que haja uma “evolução” das compras na
vossa direcção! Tudo o que fazemos na nossa vida quotidiana deve
fazer-nos compreender que o mesmo processo existe à escala cósmica e
que, se não tivesse havido primeiro a involução do espírito, a matéria
não poderia agora evoluir.
O simbolismo dos dois triângulos é, portanto, extremamente vasto e pode
encontrar-se nele o resumo de toda a ciência da vida. Tomemos apenas
como exemplo, no nosso organismo, a questão do plexo solar e do cérebro.
A Inteligência Cósmica construiu-os de maneira idêntica, ambos com a
massa cinzenta e a massa branca, mas invertidas, pois no cérebro a massa
cinzenta está no exterior e a massa branca no interior, e no plexo
solar é o inverso. Esta oposição aparece também nas suas manifestações: o
plexo solar permanece invisível, escondido, dir-se-ia que ele não faz
nada, ao passo que o cérebro fala, pavoneia-se, fulmina. Mas, para que o
cérebro se manifeste tão brilhantemente por todo o lado, para que ele
raciocine, explique, comande, existe algo que se sacrifica, que se
desgasta e lhe envia ajudas, senão ele deixaria de funcionar. E é
justamente o plexo solar que o alimenta e o mantém. O plexo solar, que
dá, corresponde, portanto, ao triângulo da involução, e o cérebro, que
recebe, corresponde ao da evolução. O plexo solar tem uma função mais
espiritual do que o cérebro, pois é ele que se sacrifica para que o
cérebro possa funcionar, e não apenas o cérebro mas todos os outros
órgãos.
O homem não pode cristalizar numa atitude – eis o aspecto essencial que é
preciso reter. Quando o copo fica cheio, esvazia-se. Isto é verdade na
vida de cada indivíduo: depois de ter sido uma criança
que só sabe receber, ele torna-se um adulto que aprendeu a dar. E é
verdade também à escala da humanidade: durante um longo período, a
humanidade estava num estádio infantil em que não fazia outra coisa
senão apropriar-se egoisticamente, o que provocou constantes guerras e
devastações; agora, a humanidade deve aprender a dar. Eis por que vos
direi também que, presentemente, as religiões que levam o ser humano a
procurar a beatitude eterna e a salvar a sua alma estão ultrapassadas. É
à terra inteira que devemos dar alguma coisa para a embelezar, a fim de
que ela vibre em harmonia com o Céu.
No passado, religiões como o budismo ou mesmo o cristianismo levavam os
humanos a afastarem-se do mundo físico para poderem chegar ao Senhor,
fundir-se com Ele. A terra não passava de um vale de lágrimas, e a vida
de uma ilusão de que era preciso libertar-se o mais rapidamente possível
para voltar para o Céu, para o Nirvana. Cada um só pensava em salvar a
sua alma para usufruir de todos os esplendores do Céu. Evidentemente,
esta maneira de ver não é má, mas é imperfeita; em todo o caso, ela não
pode trazer o Reino de Deus e a Sua Justiça na terra. A pequena minoria
que conseguir salvar-se deixará todos os outros na desordem e na
miséria, porque essa filosofia da fuga não é capaz de transformar o mundo.
É necessária uma outra filosofia, e essa nova filosofia vem com a era de
Aquário: a água que desce, a vida que desce das regiões celestes para
transformar a terra, para fazer crescer os germes do Reino de Deus. O
Céu, bem entendido, é um mundo perfeito de bênçãos e esplendores onde se
será livre e feliz. Sim, mas se todos abandonarem a terra para ir para o
Céu, a terra tornar-se-á um deserto.
Jesus disse na oração dominical: «Venha a nós o Teu Reino, seja feita a
Tua vontade assim na terra como no Céu». Nunca se compreendeu que a
vontade de Jesus era transformar, melhorar, embelezar e purificar a terra
para que ela seja semelhante ao Céu. Todos tentam fugir, pois isso é o
que melhor convém à sua alminha, que eles querem salvar. Agora já não há
que querer salvar-se; há, somente, que empenhar-se num trabalho
glorioso para trazer o Céu à terra.
Ao adoptar a filosofia do triângulo com a ponta para cima, abandona-se a
matéria, assim como todas as actividades e deveres que ela subentende, e
daí surgirão certas anomalias. Portanto, agora é preciso trabalhar com o
triângulo do espírito, que é o da realização, da manifestação aqui no
mundo. Um espiritualista deve procurar o Céu, é certo, mas, uma vez que o
tenha atingido, deve trabalhar para fazer com que todas as bênçãos do
Céu desçam sobre a terra. É assim que ele consegue unir em si o espírito
e a matéria e realizar plenamente o símbolo do selo de Salomão.
Até breve!
28 de Agosto, 2018
|