quarta-feira, 21 de abril de 2021
Os Esplendores de Tiphéreth
A todos, a nossa saudação.
Caros Amigos,
Como habitualmente às terças-feiras, voltamos para a partilha do texto aleatoriamente seleccionado. E hoje foi seleccionado o livro «OS ESPLENDORES DE TIPHÉRETH - O Sol na Prática Espiritual» do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov, inserido na colecção "Prosveta" .
Parte do Capítulo XIV - Páginas 115 a 119
Quando eu era muito jovem, aconteceu-me ir dormir no cume do Mussala. Era formidável! Acompanhado de um irmão, subíamos muito alto, acima do campo da Fraternidade. Havia neve e gelo, mas isso não nos detinha; envolvíamo-nos completamente em algumas mantas, deixávamos apenas os olhos de fora e olhávamos, olhávamos!...
Estávamos em comunicação com o céu… E eu não conseguia compreender tudo o que as estrelas me diziam; não compreendia, mas amava-as, amava-as, a minha alma ficava extasiada… Elas cintilavam, piscavam-me os olhos e, por fim, eu começava também a pestanejar e adormecia… Na manhã seguinte, acordava completamente coberto de neve; então, sacudia-me, descia ao campo, lavava-me e ia assistir ao nascer do Sol! A noite, o dia… Eu unia ambos num mesmo trabalho. E começo agora a compreender que aquelas estrelas me segredavam coisas que talvez eu ainda não tenha decifrado, mas que a minha alma captava, gravava, e cujas marcas guardou. É só mais tarde que começamos a compreender, pouco a pouco, todas as revelações que as estrelas nos fazem.
Esforçai-vos por adquirir cada vez mais consciência de que, quando ides assistir ao nascer do Sol, tendes grandes possibilidades de avançar no vosso trabalho espiritual. Deveis deixar de lado todas as nuvens – as apreensões, os rancores, os desejos, as invejas –, por forma a ficardes disponíveis para realizar um trabalho formidável.
Aqueles que sabem libertar-se das nuvens são capazes de revolver o céu e a terra, são criaturas da nova vida e o Senhor aprecia-os.
Quantos de vós me têm dito que iam ao nascer do Sol sem obter qualquer resultado, porque eram constantemente assaltados por pensamentos desordenados que os impediam de se concentrarem! Mas, se levardes a sério os exercícios que eu vos ensino, conseguireis. É preciso que consigais dominar, submeter, por intermédio da vontade, todas as forças anárquicas que existem dentro de vós, e fazer com que todas as vossas células vibrem em uníssono com o vosso ideal, numa única direção. Senão, sereis fracos, ficareis expostos a toda a espécie de ventos, a todos os desgostos, tristezas e tribulações. Por vezes, encontramos pessoas em relação às quais poderíamos dizer que o Sol nunca nasceu. Se, finalmente, alguns raios vierem iluminar o seu horizonte, ei-las numa alegria delirante, mas isso não dura muito e elas entristecem e apagam-se novamente. Isso acontece porque elas não quiseram mudar a sua filosofia.
E se eu retomo a fórmula dos Iniciados egípcios – «Saber, querer, poder (eu digo muitas vezes “ousar”, mas é a mesma coisa) e calar» –, é porque a interpreto assim: “saber” é saber que há um Sol, mas que também há nuvens e que devemos dissipá-las; “querer” é amar o Sol e desejar alcançá-lo; “poder” é mobilizar todas as forças da vontade para ousar empreender o trabalho: fazer um gesto, pronunciar uma fórmula, qualquer coisa que assinale o desencadear da vontade. “Saber” diz respeito ao plano mental; “querer”, ao plano astral; “poder”, ao plano físico; por conseguinte, há que fazer descer o saber e o querer até ao plano físico. br />
Muitos espiritualistas permanecem nos planos do pensamento e do sentimento e mostram-se impotentes para realizar, nem que seja pela palavra. Sem a palavra, os pensamentos e os sentimentos têm dificuldade em realizar-se na terra, no plano físico, porque lhes falta um veículo, um corpo; e até pode acontecer que, se os acumularmos demasiado tempo sem lhes darmos uma forma, uma expressão, eles provoquem perturbações psíquicas graves. Mas, a partir do momento em que se lhes dê a possibilidade de se manifestarem, pronunciando certas palavras apropriadas, estas fazem imediatamente mover as partículas de matéria, os átomos, pois o som age poderosamente sobre a matéria, e isso já é o começo da realização. A palavra tem um grande poder, que pode ser comparado ao de uma assinatura no termo de um ato, de uma encomenda ou de um contrato: sem uma assinatura, como sabeis, um ato oficial não é válido.
Já vos falei muitas vezes da Árvore Sefirótica e, em particular, da séfira mais próxima da Terra, Iésod, que é o domínio da Lua. É uma região muito misteriosa, muito rica, mas também muito perigosa, porque as suas camadas inferiores são formadas por todos os vapores, emanações e brumas que ascendem da Terra, dos humanos. Se se consegue ultrapassar essa zona crepuscular – onde se encontram as ilusões, as aberrações, as mentiras, tudo o que é tenebroso, inquietante e enganador – e chegar à região superior da séfira, descobre-se a pureza, a limpidez, a vida, a clarividência,a verdadeira poesia… Muitos médiuns, videntes e até místicos, e também muitos poetas, ficaram atolados nas zonas inferiores de Iésod; faltaram-lhes conhecimentos que lhes teriam permitido ultrapassar essas zonas e encontrar a claridade, a clareza, e é por essa razão que muitos acabaram por ficar loucos, tornar-se alcoólicos, ou por recorrer ao suicídio. Eles não sabiam que é necessário subir, subir muito alto, até à região do Sol, Tiphéreth, onde tudo se torna límpido e luminoso.
Tiphéreth significa beleza, esplendor. Na Árvore da Vida, esta é a quinta séfira a partir de baixo e a sexta a partir de cima. Ela está no centro dessa Árvore que representa o universo, tal como o Sol está no centro do sistema solar. No corpo humano, corresponde-lhe a região do coração e do plexo solar. Segundo a Cabala, a Divindade manifesta-se na séfira Tiphéreth sob o nome de Eloha vaDaath. Nela, o Arcanjo Mikhäel reina sobre a ordem angélica dos Malahim – literalmente, os Reis –, que correspondem às “Virtudes” da religião cristã. A parte material, visível, da séfira é, como sabeis, representada pelo Sol – chémesch, em hebraico.
Se já lestes o Génesis, deveis ter reparado que o que Deus criou primeiro foi a luz: «E Deus disse: “Faça-se a luz”, e a luz foi feita.» Portanto, o começo de tudo é a luz. E a luz é o Cristo, o Espírito solar. Porque o Espírito do Cristo, que se manifesta em primeiro lugar na séfira Hohmah, a primeira glória, o Verbo, acerca do qual São João diz, no seu Evangelho, que «nada foi feito sem ele», manifesta-se também sob outro aspeto no Sol. Tiphéreth tem as suas raízes em Hohmah, onde brilha Vidélina, a luz divina, invisível para os nossos olhos. Para mim, e para todos os Iniciados, o Espírito solar é o Espírito do Cristo, pois o Sol, como já vos disse, é muito mais do que aquilo que nós vemos. O Sol é um mundo com habitantes, com uma organização e uma cultura extraordinárias. Mas as pessoas ainda estão tão longe de saber o que é o Sol!
Existem várias maneiras de estudar a Árvore Sefirótica; uma delas consiste em dividi-la em pilares. As séfiras Kéther, Tiphéreth, Iésod e Malhuth constituem o pilar central, o pilar do equilíbrio, e, de um lado, as séfiras Hohmah, Hessed e Netsah formam o pilar da clemência, enquanto do outro Binah, Guéburah e Hod formam o pilar do rigor. Quando se desce ao longo do pilar do equilíbrio, Tiphéreth é a primeira séfira que se encontra a seguir a Kéther. Neste sentido, podemos dizer que o Sol representa mais o Espírito de Deus do que o Espírito do Cristo. Mas, na realidade, ele representa tanto um como o outro, porque o Espírito do Cristo não é diferente do Espírito de Deus; trata-se simplesmente de uma outra maneira de apresentar as coisas. Temos de saber servir-nos de todas estas noções e jogar com elas.
Até breve!
20 de Abril, 2021
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