Caros Amigos,
Como habitualmente às terças-feiras, voltamos para a partilha do texto aleatoriamente seleccionado. E hoje foi selecionado o livro O DESAPEGO, de Luís Philippe Jorge, inserido na Colecção "Saberes". AS MODALIDADES AFECTIVAS DECORRENTES DO UNIVERSO FAMILIAR (parte) - págs. 266 a 269 O ambiente e as interacções no seio da cultura familiar e social cimentaram os alicerces de um conjunto de sensações, emoções, imagens, afectos, percepções e identificações, decorrendo das tendências, práticas, tradições, crenças, valores, discursos e tudo o que participou tanto na construção de um molde na aprendizagem da forma de amar e ser amado/a, como no desenvolvimento da personalidade. Foi o primeiro espaço de contactos físicos e cinestésicos, bem como o leque de sinais verbais e não-verbais que permitiram uma gradual consciência corporal e a movimentação de uma panóplia de «e-moções». Essas experiências sensoriais e emocionais moldaram, no inconsciente, estruturas sentimentais, mentais, comportamentais e morais que vão predeterminar a forma de sentir, interpretar, percepcionar, expressar e partilhar as inclinações afectivas conscientes, mas sobretudo e essencialmente inconscientes. É no seio dessas primeiras experiências interactivas, modeladas pelas energias afectivas, que se vão gravar na memória inconsciente, de forma significativa, as modalidades afectivas, principalmente durante os três primeiros anos e de forma decrescente até aos seis anos. Durante esse prelúdio à vida, cada vez mais consciente, o nosso corpo registou e gravou um conjunto de estímulos internos e externos mediante as experiências ambientais. Todas as experiências se armazenam num espaço de memória neurológica, psico-orgânica e psicossomática a que podemos chamar de inconsciente. Desde o início, o inconsciente memorizou todos os estados orgânicos, sensoriais, somáticos, imagens e outros, que vão constituir as vivências afectivas primitivas ou prototípicas, que se iniciaram muito antes de começarmos a andar, a falar e a interagir de forma consciente. Contudo, esse espaço inconsciente já contém as propensões e características pertencentes à espécie e à família. Refira-se aqui o conteúdo hereditário transmitido pelas predisposições do ADN, como vimos no capítulo precedente. A criança está imersa num conjunto de trocas, de partilhas e outras modalidades do dar e receber na esfera dos afectos, à medida que se vão adicionando e repetindo as interacções com os progenitores e com outros modelos importantes que participam na distribuição dos afectos. Assim, ela vai absorver e incorporar sensações, emoções, cheiros, modelos e imagens comportamentais por efeito de contágio e, progressivamente, vai mimetizar (impulso inconsciente) e imitar (acto consciente) esses mesmos modelos. Esses modelos e imagens são registos de comportamentos denominados, na linguagem comum, por padrões comportamentais ou padrões psicológicos, ou por outras denominações que, no seio da constelação familiar, se referem aos esquemas de modelação da personalidade. Em suma, edificaram-se, nesse período, os fundamentos da forma de nos ligarmos e nos relacionarmos com os semelhantes e, mais particularmente, um molde na forma de amar e ser amado/a nas relações íntimas e amorosas. A partir daí, elaborou-se e construiu-se, em cada um de nós, um modelo protótipo que desenhou um programa inconsciente que predetermina a forma de amar e ser amado/a e o desempenho do dar e receber a energia do amor. Esse «programa» vai gradualmente alterar-se, reformar-se ou deformar-se, ajustar-se ou acomodar-se, à medida das vivências acumuladas através as sucessivas relações amorosas, para assim regular a distribuição, a partilha, a recepção, a doação e a entrega de si próprio ao nível afectivo nas relações íntimas. Com base nesse modelo prototípico e nesses processos, a pessoa vai dinamizar o seu programa e a sua linguagem do «dar e receber» da forma que lhe parece a mais confortável porque conhecida. Tudo isso sem que o sujeito se aperceba que as suas propensões e comportamentos são dinamizados por um programa essencialmente inconsciente. Esse programa e linguagem perdura na pessoa que será propensa a expressar e a instilar uma forma de amar e ser amado/a semelhante ao modelo primário, independentemente das propriedades dos mesmos, tanto como da vontade dela e dos seus desejos. Somos movidos, inconscientemente, a fomentar um cenário análogo às primeiras vivências, quer essa forma de amar e ser amado/a seja respeitosa ou desrespeitosa, de si e do/da parceiro/a, quer apresente dificuldades em desenvolver uma relação pacificadora e saudável de um ponto de vista tanto afectivo como espiritual.
09 de Junho, 2020
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quarta-feira, 10 de junho de 2020
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