A FELICIDADE É
UM ESTADO DE ALMA
Uma senhora estava a ser entrevistada, em directo, através de um
programa de televisão. Até que o entrevistador lhe perguntou se o marido dela a
fazia feliz. Ela respondeu prontamente que não. O visado empalideceu: «Como era
possível ela ter dito uma barbaridade daquelas, considerando-se, ele próprio, o
melhor marido do mundo?»
Na audiência, começaram os sussurros... A entrevistada esperou
calmamente que as pupilas dilatadas do seu exemplar esposo regressassem ao tamanho
normal; que o entrevistador recobrasse da sua incredulidade; que o murmúrio da
assistência terminasse.
Depois, esclareceu: «Nem meu marido nem pessoa
alguma do mundo me poderá fazer feliz, porque eu sou feliz por natureza. Se
minha felicidade está no meu interior, ninguém poderá privar-me dela ou dar-me
aquilo que já possuo. A felicidade é um
estado de alma, eu já era feliz antes do casamento.
Isto vem a propósito de a maioria das
pessoas se sentirem infelizes e experimentarem relacionamentos, por vezes
complicados, pensando que irão sentir alguma felicidade: puro engano, se a
pessoa não conseguir ser feliz consigo própria e precisar de companhia para ser
feliz, jamais o será.
Por que é que a maioria da pessoas se sente
infeliz? Ora vejamos... Na actual sociedade de consumo, para muitas pessoas a
felicidade é ter meios económicos para adquirir, ter tudo e mais alguma coisa, mesmo
que essa "coisa" seja dispensável, mas é moda! «Se os outros têm, também quero!»
Isto, porque não se aceitam as diferenças, desde que estas não lhes sejam
favoráveis.
Nós não fomos feitos em fábrica
de produção intensiva, em série, fomos feitos individualmente, ninguém é igual,
ninguém poderá ter uma vida igual ou cobiçar dos outros algo que lhes agrade,
ignorando o reverso da medalha, aquilo que não gostaríamos de ter e que esse
outro tem. Tudo isso é causa para a infelicidade de muita gente.
Mas quem
tem um estado de alma sempre feliz, cheio de sol, mesmo que "lá
fora" esteja a trovejar, está sempre optimista e confiante n'Aquele que
lhe concedeu a vida.
Falo por experiência própria, pois eu
também tive alturas na vida que cobiçava e queria e revoltava-me com certas
situações que, afinal, hoje, agradeço por não me ter sido feita a vontade...
Mas são fases da vida, todos passamos por elas, uns despertam mais cedo, outros
mais tarde, estes últimos são os que mais sofrem, pois condenam-se a nunca
sentirem que a verdadeira felicidade não depende de posses materiais.
Eu sempre cobicei ter uma moradia, mesmo
modesta, mas com um bom pedaço de terreno junto, para cultivar, horta, pomar,
jardim... Quando vinha com meu marido, à localidade onde actualmente resido, visitarmos os seus
colegas, todos a viver em lindas moradias, eu achava que seus proprietários
deviam ser as pessoas mais felizes do mundo. Entretanto, após ele se reformar,
lutámos desesperadamente por ter um acesso a uma propriedade nossa, em Ortiga,
dentro da povoação, onde pretendíamos construir ali o nosso sonho_não
conseguimos. Nesse tempo, eu tinha mais que fazer do que acreditar em teorias,
tipo: «Quando Deus te fecha uma porta, abre-te logo uma janela»... Actualmente,
estou muito grata a Deus por ter-me fechado tantas portas...
Se tivéssemos conseguido o tal acesso
em Ortiga, ficaríamos por lá, meu marido nunca poderia ter a assistência que
teve, pois aqui, onde acabámos por nos fixar definitivamente, cheguei a chamar
a emergência para ele mais do que uma vez por dia. Após chamada, em cinco
minutos já estava a ser assistido. E nós não teríamos travado conhecimento com
uma família muito amorosa que nos ajudou e ficou ligada a nós, como poucas
famílias biológicas ficam.
E aqui, quando passo por vivendas, com
horta e jardim, reflicto muito nas minhas anteriores cobiças, porque, em muitas
delas, vislumbro pessoas a espreitarem a
rua, presas a uma cadeira de rodas, e como elas trocariam sua vivenda por duas
pernas que pudessem caminhar livremente...
Sim, quando Deus fecha uma porta, abre,
de facto, uma janela... Mas essa janela, por vezes, é tão alta, quase
inacessível... Temos de fazer muita
ginástica para conseguirmos alcançá-la. E, quando saltamos por ela, temos de
nos preparar para a surpresa: caímos em cima de flores ou de cardos? Depende
daquilo que formos semeando ao longo da nossa existência: «O homem colhe aquilo
que semeou».
Sim! Mesmo na solidão, a Felicidade é um
estado de Alma, pois esta consegue descobrir sempre o lado positivo de qualquer
situação.
(Florinda Rosa Isabel)
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