«Aprender a Escutar o que diz o Silêncio»
«Em cada uma das nossas reuniões, vós esperais que eu vos dirija a palavra. Mas eu nem sempre posso satisfazer os vossos desejos, não seria razoável. Não se pode falar sem parar, porque há inconvenientes: é fatigante para quem fala... e duplamente fatigante para quem ouve! O primeiro fica esgotado e os outros saturados. Então, um esgotado, os outros saturados... isso não é aconselhável. Falar tem uma utilidade, mas não falar tem outra. Quando alguém fala convosco são postas em actividade certas faculdades do vosso cérebro, e quando alguém nada diz são outras faculdades que entram em jogo. Uma mulher, por exemplo, vê o marido silencioso, pensativo, e olha para ele para adivinhar o que pode estar a passar-lhe pela cabeça: onde é que ele foi, o que é que lhe aconteceu... e assim torna-se mais sensível, mais psicóloga...
Estas qualidades podem ser desenvolvidas na relação com qualquer ser humano, mas quão mais importante é desenvolvê-las junto de um Iniciado! Quando nós tínhamos o nosso congresso de verão na Bulgária, junto dos sete lagos de Rila, todos os dias nos reuníamos à volta do fogo com o Mestre Peter Deunov. Nós cantávamos, o Mestre dizia algumas palavras, mas muitas vezes ele ficava a meditar em silêncio. Eu olhava para ele e dizia para comigo: «Em que é que ele estará a pensar? Onde é que ele está?» Foi assim que, durante os seus silêncios, eu me habituei a ligar-me a ele e, pouco a pouco, apercebi-me de que muitos dos seus pensamentos, das suas sensações e emoções, vinham até mim. Compreendi também que ele nos instruía no silêncio. Vós podereis dizer: «Mas no silêncio não se aprende nada, não se ouve nada!» Sim, aparentemente, mas, na realidade, é a alma que recebe. A alma do discípulo vê, sente e regista tudo o que emana da alma e do espírito do seu Mestre. Se o discípulo não sabe de imediato o que a sua alma captou é porque é preciso tempo para que ela o transmita ao cérebro e o imprima na consciência. Mas, mais dia, menos dia, isso surgirá, sob forma de pensamentos, de descobertas, de reminiscências, e ele nem sequer conhecerá a origem desse novo saber.»
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Do Livro: «A Via do Silêncio», colecção Izvor.
Mestre Omraam, Mikhael Aivanhov (1900-1986), filósofo e pedagogo, de origem búlgara.
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(Florinda Rosa Isabel)
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