quinta-feira, 28 de julho de 2016

A TERRÍVEL DOENÇA HERDITÁRIA: «GANANCIOLITE»

A Terrível Doença Herditária: «Gananciolite»
Herdámos dos nossos progenitores, eles já haviam herdado dos progenitores deles e  por aí fora...
Esses "genes", ao contrário de todos os outros, não os trazíamos à nascença, foram-nos sendo "injectados" desde que começámos a compreender algumas palavras... Nossos progenitores, enchiam a seringa de...«Cada qual chega a brasa à sua sardinha!» «Cada um governa-se!» «Primeiro, eu!» «Nos negócios, tudo é permitido para ficarmos em vantagem»...
Quando vim morar no local onde, hoje, vivo, ouvia com frequência  as conversas ente os doentes da Gananciolite: «Vou 'alvantar' o dinheiro que tenho no banco, não rende quase nada, compro aí uma data de lotes de terreno, estão baratitos, com esta coisa  do 25 de Abril está tudo com medo e querem desfazer-se deles... Vou esperar que tudo acalme, a malta comece a ter mais confiança e os terrenos subam bastante de preço para os vender... Talvez por quatro ou cinco vezes mais, depende...»
Ontem, foi colocado um edital camarário, num terreno situado  no centro da vila, terreno esse que daria para construir umas quatro moradias, com garagem, quintal e jardim. Nesse edital, o proprietário do terreno (atacado por Ganancilolite, ou algum dos seus descendentes...) era avisado para «proceder urgentemente à limpeza do citado, para evitar que esteja a ser transformado numa lixeira»... Este terreno tem matos altíssimos, já oculta colchões e vários utensílios. O mundo está a mudar de uma forma vertiginosa, as pessoas começaram a recear investir em moradias, desemprego, juros elevados, poucas arriscam. Há muitos mais terrenos por aqui nas mesmas condições, mas estão vedados, desde há muitos anos. Imagino a bicharada que lá se cria e invade as casas mais próximas.
Bom, mas há mais gente contaminada, pois a doença manifesta-se de várias maneiras.  Por exemplo, vi uma mulher atacada por essa maldita doença, de mangueira na mão, a lavar o terraço, mas que, para começar a dar à língua com uma vizinha que chegou, atirou-a para o chão e deixou-a ficar a vazar a água pela rua fora, não se deu o trabalho de andar uns metro e fechar a torneira. Ao notar que eu olhou para a água a ser desperdiçada e olhei para ela, mas sem abrir o meu bico, ela disse para a vizinha: «Quero lá saber, sou eu que a pago!»
Claro que não respondi, porque ela não iria compreender se eu lhe dissesse que ela não pode pagar algo que não lhe pertence, ela paga o direito de utilizar aquilo que pertence à Mãe-Terra e que esta disponibiliza para os seus filhos se servirem, gratuitamente, mas que a "Gananciolite" instalada nos poderosos fez que eles tomassem conta dela e no-la cedam, a troco de pagamento, mas que esbanjar esse recurso que já está abaixo  do desejado para o consumo das populações, é... CRIME!
Tudo se encaminha para acabar com o "isto é meu!", para passar a ser de todos. A propriedade privada está em vias de extinção. O dinheiro, idem, idem. Não é à-toa o que está a acontecer com o sistema bancário. Mas os parasitas da sociedade que não se iludam, tal como aconteceu logo a seguir ao 25 de Abril, que expulsaram muita gente de suas casas e roubaram muitas propriedades, pois todos têm direito àquilo que adquiriram à custa do seu trabalho ou herdado. 
Vai levar muito tempo, até que o sistema Mykiono se instale de vez. As Comunidade Mykiono terão de se organizar, fazer projectos, até avançarem para esse modo de viver fraternalmente. Mas continuo a avisar os parasitas, de que não vai ser uns a trabalhar e outros a viverem regalados do trabalho destes, não... Tarefas repartidas... Apenas os inválidos serão dispensados. E ninguém se pode sentir explorado por trabalhar para aqueles que não podem, mas, antes, agradecer por ter essa possibilidade, por  estar física e mentalmente apto, por não precisar aguardar que alguém o deite e o levante da cama, lhe faça a higiene, o vista, o leve à casa-de-banho e o conduza numa cadeira de rodas. AUTONOMIA é o maior bem de que qualquer ser pode beneficiar.
Teremos de ter muito cuidado nesta encarnação em que nos encontramos, pois se não debelarmos os resquícios da Gananciolite, poderemos ser penalizados ainda numa futura encarnação: se adquiriram terrenos com intenção de explorarem seus irmãos compradores, poderão ter de viver na rua, em cima de caixas de papelão... Se esbanjaram água, poderão  reencarnar num país onde tenham de cavar buracos com as mãos à procura dela ou ajoelharem-se a implorar chuva para esse país de secas constantes...
(Florinda Rosa Isabel)















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