terça-feira, 24 de abril de 2018

MEU ARTIGO DE ABRIL NO JORNAL "VOZ DA MINHA TERRA",CONCELHO DE MAÇÃO

        TROCAS & BALDROCAS & MENTALIDADES TORTAS!





       Pouco a pouco, o mundo foi-se transformando, quase em darmos por isso.  Habituámo-nos a ver algumas crianças bem vestidas, ao colo dos pais, agora,  em grande parte  desta civilização "moderna" portuguesa  (não sei como é fora daqui...) vêm-se crianças metidas nos infantários  e cães ao colo dos "tutores" ou "pais" (é 'proibido' dizer donos), muito bem vestidos, capinha com touca incluída, bordada com figuras de cãezinhos... E, desgraçadamente,  esses seus "filhos adoptivos" nem sabem fazer aquilo que os filhos humanos sempre fizeram sem ninguém "ordenar", pois seus "papás" colocam-nos no chão, de forma a que a trela extensível chegue às rodas dos automóveis e ordenam: «Faz chichi!»
    Recentemente, uma activista, aos 30 anos de idade  e com vários canais no YouTube,  invadiu as instalações da empresa, que afirmava odiar, pois lhe prejudicava o seu trabalho  de activismo, filtrando os seus vídeos e queixava-e de que estavam com baixa visualização. Acabou por ferir pessoas, a seguir suicidou-se. 
    Lamentável, na flor da vida... Mas  problemas com activistas estão a acontecer com alguma frequência, muitos deles estão afastados de Deus, contam, apenas, com a sua força física e o seu raciocínio. E, também, o seu grande amor aos animais. Orgulham-se de serem vegans, e ai de quem não for, se existem ainda alguns moderados, de bom trato e educados, outros há que envenenam a atmosfera com palavras de ódio e pragas, desejando o pior  a quem maltrata os animais e aos que se alimentam de carne. Ela própria dizia que odiava a empresa do YouTube.
   Ora, vamos considerar os factos. Passámos de um extremo ao outro. Enquanto, há alguns anos, muitos animais eram escravizados, actualmente já não se podem considerar escravos (com algumas excepções), sua ajuda aos donos é mais moderada, mas os activistas citadinos ou, mesmo, da província, mas de gerações a seguir à minha, têm dificuldade em compreender e aceitar que alguns animais ajudem seus donos. Sim,  neste caso, donos, pois não imagino  um casal com um burro no colo e a dizer que é filho adoptivo.
    Os animais fazem despesas, precisam de ferraduras, de alimentação e cuidados de veterinário, se adoecerem. Ainda não há muito tempo,  alguns activistas apanharam um vídeo no YouTube, onde se via um burro preso a uma nora, a tirar água num poço, para alguém regar a plantação de milho. A fotografia já não é recente, penso que  já não cultivem milho  lá nessa aldeia, as pessoas vão avançando na idade.  Mas,  no tempo da minha juventude, tínhamos um burro, nora e plantações de milho. Muito longe de casa,  se o burro não ajudasse a tocar a nora e a carregar uns sacos de milho, como poderíamos tirar a água a balde para a rega e trazer a produção toda sozinhos, eu adolescente e de fraca constituição física, meus Padrinhos, de idade avançada, pois só foram para a província após aposentação do meu Padrinho?
     E ninguém avalie a força de um burro pela força humana, o que para nós é muito, para eles não é tanto assim, pois eles  são bem mais inteligentes que os humanos e sabem dar sinal assim que começa a ser demasiado, o contrário dos humanos que, mesmo sabendo que algo não lhes faz bem, continuam... 
    O nosso burrico  dava sinal sonoro debaixo do alpendre da nora, que meu Padrinho fizera para ele descansar sempre que precisasse. Meu Padrinho tirava-o para outra sombra, retirava-lhe  os arreios,  colocava um balde com água e alguma comida e deixava-o descansar... Tal como os humanos, que têm o seu intervalo para beber o cafezinho...
     Esses doutorados que aparecem por aqui a fazer barulho, de onde pensam que os pais ou os avós  deles conseguiram dinheiro para eles estudarem? Falar de barriga cheia é fácil...
    Claro, os tempos são outros, mas convém não esquecer que Portugal não é composto só de catedrais de consumo em todo o território, ainda há muita terriola escondida onde o diabo perdeu as botas, que nada lá chega, por falta de acessos a veículos, e já quase ninguém se sujeita a carregar para venda em aldeolas. Se não cultivarem as hortas, não têm esses produtos. E têm de se deslocar a cavalo no seu burrico até à vila ou à freguesia mais próximas, para adquirirem  géneros de mercearia ou de farmácia e, também, os pensionistas, para levantarem suas pensões de velhice, pois são muitas das vezes esses que recebem pensão de velhice, que conseguem trabalhar, até mais que alguns jovens...
     E foi assim que, recentemente, começaram aparecer muitos burros abandonados e a morrerem de fome, porque nenhum activista daqueles que contribuíram para o seu abandono, se ofereceu para ser um "mecenas burrical"...
05 de Abril de 2018
Florinda Rosa Isabel



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