Tomemos como exemplo um casal e vejamos como as coisas geralmente se passam.
De manhã o marido sai para o trabalho: «Até logo, querido... Até logo, querida...» Eles beijam-se, mas friamente, pensando noutra coisa. Assim que a porta se fecha, a mulher começa a lamentar-se: «Que asneira eu fiz em casar-me com ele! É um mandrião, um incapaz, um desastrado.. O vizinho, sim!... Eu bem vejo o carro dele e as peles e jóias que a mulher usa... Ah! Que pouca sorte a minha!» E grita, lamenta-se, pragueja!: «Não, não posso suportar mais esta situação. Quando ele voltar para casa esta noite, vai ver, vai ouvir-me!» E assim ela vai-se preparando: passa o dia todo a invectivar e a envenenar-se...
E o marido vai dizendo para consigo: «A!, esta g... (não vou dizer-vos a palavra), por que é que eu caí na asneira de me casar com ela? É tão vulgar, tão estúpida! Só pensa em andar pelas lojas com o cãozinho ou em empanturrar-se nas pastelarias com as amigas. Não faz nada, ao passo que eu tenho de trabalhar aqui no pó, no barulho, para ganhar alguma coisa. Mas isto não pode continuar, ela vai ouvir das boas quando eu chegar a casa!»
Portanto, durante todo o dia, cada um rumina para seu lado, e à noite, quando se encontram, dilaceram-se... No dia seguinte, começa tudo de novo...
Vamos ver agora como se passarão as coisas se os homens e as mulheres aceitarem mudar de ponto de vista.
De manhã, antes de se separarem, o marido e a mulher beijam-se muito mais ternamente muito mais calorosamente. E, quando ele sai, ela pensa para consigo: «Ah!, coitado, quando eu penso nos sacrifícios que ele faz por mim! Como pôde ele casar comigo? É um homem tão justo, tão nobre, tão honesto! E sobretudo com tanto amor! Como ele me beijou! Trabalha todo o dia no barulho, no pó. Trabalha como um pobre diabo, para me entregar o ordenado. Eu sou livre posso descansar, posso passear, ao passo que ele nem sequer tem um minuto para respirar. Mas eu vou preparar-lhe uma boa refeição para quando ele voltar.» Assim, pensa nele durante todo o dia e sente-se feliz. Ele, por sua vez, pensa: «Por que é que me casei com ela? É uma vítima! Passa o dia a limpar, a tratar das crianças, a lavá-las, nunca tem tempo para passear. Eu vou ao bar com os amigos, falo com eles e ela, coitada, todo o dia sozinha em casa... Ah, realmente, é uma mulher corajosa, tenho de recompensá-la!» Então, compra-lhe flores ou uma prenda para lhe fazer uma surpresa, e à noite, quando se encontram, eles sentem-se felizes, beijam-se, arrufam! Que amor!
Na realidade, nestas duas histórias os maridos e as mulheres talvez não fossem uns melhores do que os outros; simplesmente, nas suas mentes havia pontos de vista diferentes, uma visão diferente das coisas. É tão fácil remediar isto! Uma pessoa não consegue mudar-se a si mesma assim tão facilmente, mas, se mudar o seu ponto de vista, tudo o resto mudará.
Mestre Omraam Mikhael Aivanhov, Instrutor/Pedagogo, de origem búlgara (1900-1986)
A sua obra, que continua a ser editada, conta actualmente com mais de 80 volumes em francês e está traduzida em 37 línguas.
Livro «A Nova Terra», de ÉDITIONS PROSVETA e editado por PUBLICAÇÕES MAITREYA_PORTUGAL
(Florinda Isabel)
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