| A todos, a nossa saudação. |
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Caros Amigos,
Como habitualmente às 3ªs. feiras, voltamos com a partilha do texto selecionado aleatoriamente, e o livro selecionado foi «RUMO AO REINO DA PAZ», do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov, inserido na Colecção "Prosveta".
V Capítulo: ACERCA DA REPARTIÇÃO DAS RIQUEZAS
Têm-me interrogado muitas vezes sobre o problema da repartição das riquezas. É uma questão que preocupa muitas pessoas, pois elas veem a maior das injustiças na desigualdade desta repartição. Na verdade, por muito que se recue na história do homem, verifica-se que este problema sempre se pôs. Aquele que era mais hábil ou mais vigoroso era, por exemplo, melhor caçador; portanto, trazia mais caça e, assim, acumulava mais riquezas do que os outros. Esta desigualdade de bens, que agora se considera injusta, era, nas origens, completamente justa. Aliás, a natureza não gosta da igualdade, do nivelamento, da uniformidade. Desde a Revolução de 1789, a República Francesa tem por divisa “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, mas, na realidade, a igualdade não existe no universo, é a desigualdade que reina por toda a parte. Não há igualdade na terra, em nenhum plano. «Mas nós fizemos da igualdade uma lei!» Sim, contudo, a lei não passa de uma coisa teórica, abstrata, de um texto afixado numa parede, não é uma realidade. Com efeito, a igualdade não existe em parte alguma: a natureza quis a diversidade e esta diversidade engendra a desigualdade. É porque as capacidades são diferentes entre os humanos que alguns conseguiram mais do que os outros. Será normal? É completamente normal. Será que se deve ficar furioso? De modo nenhum. Mas as pessoas não refletem nisto! Elas gritam, revoltam-se, porque se deixam arrastar pelos outros. Mas a questão está em compreender, em estudar, em ver claro. Se, depois, houver razões para gritar, para fazer barulho, bom, que se faça barulho, mas primeiro tudo deve ser visto com clareza. O que quer que as pessoas possuam, é normal, é justo. Os ricos merecem a sua riqueza e os pobres a sua pobreza. Se isto não é evidente para a maioria, é porque esta rejeitou a crença na reincarnação, que explica cada estado, cada situação. Por que é que algumas pessoas são tão ricas nesta incarnação? Porque, de uma maneira ou de outra, trabalharam nas incarnações anteriores para ter essas riquezas.1 Na Ciência Iniciática, é dito que, tudo o que pedirdes, obtê-lo-eis um dia. Seja bom ou mau, obtê-lo-eis: o Senhor dá a todos o que Lhe pedem. Mas, se depois eles batem com a cabeça nas paredes, Ele não é responsável. Se pedirdes fardos pesados, situações difíceis, e depois fordes esmagados sob o seu peso, será que a culpa é do Senhor? É a vós que compete conhecer as consequências longínquas do que pedis. Vós nunca refletis o suficiente sobre a maneira como as coisas podem evoluir: não será que, uma vez realizados os vossos desejos, ireis ficar infelizes, mais pobres ou doentes? Muitas vezes, melhor seria que esses desejos não tivessem sido satisfeitos. O discípulo deve começar por aprender, pois há coisas que se deve pedir e outras que não. Mas, lá que os ricos se tornaram mais ricos porque desenvolveram certas qualidades e trabalharam para obter essas riquezas, isso é certo. A lei é verídica. Vós direis: «Sim, mas eles usaram a manha, a violência, a desonestidade, as mentiras.» É possível, mas, mesmo utilizando esses meios, foi dito que eles obteriam a riqueza, porque foi o que desejaram. O que não foi dito, evidentemente, é se eles a vão manter por muito tempo e viver satisfeitos, em paz e alegria. Mas têm o que pediram. Conseguiram-na por meios ilícitos? Isso não quer dizer nada, conseguiram-na. Eles não conhecem é as consequências. Muitos mendigos e pedintes são pessoas que, nas suas vidas passadas, enriqueceram à custa dos outros ou, então, utilizaram a sua riqueza para fazer mal. Bem entendido, nem sempre é o caso, do mesmo modo que nem todos os ricos se tornaram ricos pela manha e pela desonestidade; alguns, foi pelo seu trabalho esforçado, ou por herança, ou por sorte, ou graças a uma descoberta. Não posso deter-me sobre cada caso particular, falo na generalidade. Na natureza, é, pois, a desigualdade que reina: a pobreza para uns, a riqueza para outros. Por que é que as pessoas imaginam que devem ser iguais? Seria a estagnação, deixaria de haver movimento, evolução, porque não existiria competição. Tanto no que respeita à riqueza, como ao poder, como ao saber, não se pode impedir a competição. Nesta questão da igualdade das riquezas, há, realmente, algo a esclarecer. As pessoas atormentam- se, arrancam os cabelos de desespero e matam- -se umas às outras para mudar esta situação, mas jamais o conseguirão, jamais, porque é a natureza que mantém a desigualdade! Por que é que agora iríamos ter piedade dos preguiçosos, dos incapazes, dos ignorantes? Que se lhes dê alguma coisa por generosidade, é uma outra questão. Mas ir dar àquele que é estúpido e preguiçoso exatamente o que se dá àquele que tem um grande talento e conhecimentos, isso é que é injustiça! Alguns... “filósofos”, digamos, pretendem negar a existência, no homem, do desejo de possuir sempre mais. Isto é igualmente impossível, eles jamais o conseguirão, porque foi também a natureza que atribuiu ao homem este desejo, e, se não for no plano físico, é no plano afetivo ou no plano intelectual. Em qualquer domínio que seja, o homem é impelido a enriquecer, de uma maneira ou de outra. Querer possuir sempre mais é, pois, completamente normal. E quando é que começa a tornar-se anormal? O organismo diz-nos isso tão claramente que nenhum filósofo poderá fazer qualquer objeção. Se eu desse a minha opinião pessoal, todos poderiam vir dizer-me: «Não, na minha opinião, não é assim. Na minha opinião...», e a coisa nunca mais acabaria. Portanto, eu não direi a minha opinião, mas a da natureza universal; eu procuro sempre descobrir, através das suas obras, como é que ela resolveu o problema. Como não é a minha opinião pessoal, toda a gente é obrigada a inclinar-se. Então, vejamos; será que é permitido acumular riquezas? Certamente. O que faz o estômago quando lhe dais alimentos? Lança-se sobre eles, transforma-os, fica com o que lhe é necessário e envia tudo o resto para as outras partes do corpo, não o guarda para ele. Aquilo que ele recebe, não o utiliza somente para si, trabalha-o e distribui-o em seguida por todo o corpo. Ao fim de algumas horas, quando sente de novo um vazio, volta a receber alimento e tudo recomeça. É graças a esta distribuição impessoal, a este desapego, que o homem goza de boa saúde, fala, anda, trabalha, canta...2 Suponhamos agora que o estômago dizia: «Daqui em diante, guardarei tudo para mim! Que representam todos esses idiotas, para que eu continue a dar-lhes alguma coisa? E se vier uma época de fome? Nunca se sabe o que o futuro reserva. Tenho um rancho de crianças a alimentar, preciso de fazer provisões.» Ele põe-se a acumular, a acumular, e surge a doença. Porquê? Porque a lei da impessoalidade, da fraternidade, já não é respeitada. Os médicos chamarão a isso obstrução, tumor, cancro, como entenderem... E o mesmo acontecerá se os pulmões, a cabeça ou o coração, resolverem guardar tudo para eles... Todos os humanos são como células de um mesmo corpo, e há mesmo muito mais células no nosso organismo do que seres humanos na terra – o nosso cérebro, só por si, tem milhões e milhões. Então, como é possível que todas estas células do corpo se organizem para viver em conjunto, em entreajuda, em fraternidade, e que os humanos sejam tão estúpidos que não o consigam? Se eles conseguissem realizar esta fraternidade universal, haveria uma tal prosperidade que os países e os indivíduos já não sentiriam necessidade de acumular riquezas e de as proteger, porque haveria sempre tudo para toda a gente. Por que é que as pessoas só pensam em acumular? Exatamente porque estão sempre a envolver-se em situações complicadas que só lhes trazem catástrofes; então, tentam acumular toda a espécie de coisas, prevendo os maus dias. Se todos fossem sensatos, ninguém sentiria a necessidade de acumular: cada um disporia de tudo, tanto quanto quisesse... e mesmo os meios de transporte seriam gratuitos. Continuar-se-ia a trabalhar para não se enferrujar, mas trabalhar-se-ia gratuitamente... Sim, gratuitamente, porque é tão agradável estar rodeado de pessoas que vos recompensam pelo vosso trabalho com o reconhecimento, com os sorrisos, com o amor. Comparado com isto, o dinheiro perde toda a importância! É preciso, pois, esclarecer os humanos para que eles percam esta necessidade de acumular mais dinheiro e riquezas do que aquilo que lhes é necessário. Quando a humanidade se tornar uma família e as fronteiras desaparecerem, esta necessidade de acumular também desaparecerá e já não haverá injustiça. Eis, pois, a solução: que cada um compreenda as vantagens da fraternidade universal e trabalhe para ela, como as células trabalham num organismo de boa saúde.
Notas 1. Cf. O homem à conquista do seu destino, Col. Izvor n.º 202, cap. VIII: «A reincarnação». 2. Cf. O yoga da alimentação, Col. Izvor n.º 204, cap. VI: «A moral da alimentação».
Até breve!
28 Abril, 2015
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