quarta-feira, 25 de maio de 2016

MÃE-TERRA E SEUS PREDADORES _MEU ARTIGO NO JORNAL «VOZ DA MINHA TERRA», MAIO/2016.

                                             MÃE-TERRA_E SEUS PREDADORES
    Poucas pessoas se preocupam em apurar se o nosso planeta sente o mal que lhe fazemos. Para a maioria, o que interessa é consumir, deitar fora, comprar novo.  Mas a nossa amada Mãe-Terra tem vida, sente os maus-tratos, vai aguentando  até dizer: «BASTA!»
   As pessoas exigem cada vez mais... A sua ânsia de falso bem-estar e conforto não tem fim. E os predadores da indústria estão obcecados por inovar, criar, explorar recursos naturais, esventrando nossa Mãe-Terra e tirando-lhe toda a matéria-prima que cobiçam: a sua avidez não tem limites. Roubam-lhe o que é bom e despejam lixo dentro dela. Depois, admiram-se de tanta catástrofe natural... Estando ela viva, suas entranhas reagem, tal como acontece connosco, se ingerirmos algum produto em mau estado.
   A indústria já fabrica aparelhos com pouca duração, precisamente para estar sempre a vender... Mas, naquilo em que podemos evitar, para quê exigirmos tanto? Tanta demolição de moradias e apartamentos, em bom estado, que vejo por aqui, na zona onde moro e que serve de modelo para avaliar o resto do mundo (in) civilizado. Tantas mobílias, postas na rua... Mais lixo enterrado na nossa pobre Mãe! E tudo porque já não se usa.
    Isto que conto, não significa que sou contra o progresso. Mas que devíamos ser mais comedidos nas nossas exigências faustosas. A modéstia nunca fez mal a ninguém e uma maior repartição dos bens universais também não, visto que o desperdício de uns pode colmatar a carência de outros. É um crime atafulharem os recipientes dos hipermercados destinados aos telemóveis sem uso, só porque passaram de moda e têm que dar lugar aos da nova geração!
      Os predadores deviam compreender que, aquilo que ganham é, apenas, aparente, a médio ou longo prazo, a sua contribuição para a destruição do nosso Lar Universal  vai ser cobrado, pois, com a Natureza, ninguém brinca!
     Embora já haja grande revolta com várias manifestações contra os químicos que estão a matar directamente os agricultores que ou utilizam e, também, quem se alimenta  dos produtos criados por esse processo, ainda existem grandes áreas em muitos concelhos que preferem ignorar  os alertas, apesar de se julgarem muito evoluídos, só porque abrem portas a tudo que é competição (rallis todo-o-terreno e motonáutica poluentes_que enfiem a carapuça os concelhos  aos quais ela servir...). Ainda há muito para fazer até conseguirmos mundialmente que todos os países sigam o exemplo daqueles que já proibiram: Bulgária, Luxemburgo, Áustria, Holanda, Dinamarca, El Salvador, apesar de em alguns ainda não ter sido promulgado (o trabalho de secretaria dá muita sonolência...), já deixaram de utilizar. Também o ar que respiramos fica envenenado, assim como as águas das ribeiras, rios e, por fim, os mares, pois é para lá que tudo escorre.
         Recentemente, estudos publicados no "International Journal of Environmental and Public Health" sugeriram a ligação do glifosato com a doença crônica renal de origem desconhecida, (CKDu, na sigla em inglês), que afecta principalmente os produtores de arroz do Sri Lanka.
     Em matéria de conforto, não compreendo que uns ainda tenham de viver como se estivéssemos no início do século passado, no que respeita ao básico de higiene e outros necessitem sentar os "redondos" em sanitários de luxo, até com dourados... E como era no princípio do século passado, nas grandes cidades? Ora bem! Nos prédios de habitação não existia  água canalizada, esta tinha de se ir buscar ao  chafariz mais próximo ou comprar aos "aguadeiros", homens que a transportavam em vasilhas para venda. Depois, todas as pessoas tinham um bacio de barro para os fins em vista... De manhã, abriam as janelas de casa e gritavam: «Lá vai água!». Isto, para alertar os peões de que iam atirar com o "conteúdo" do bacio para a rua. Os transeuntes apenas se desviavam, não havia insultos, todos tinham de fazer o mesmo.
     Afinal, desse tempo para cá, será que não se evoluiu já o bastante nesse aspecto? Para quê inutilizar-se o que serve, só para comprar novos modelos? Claro, podem dizer que o dinheiro é seu. De acordo, mas a Mãe-Terra também é minha e, como sua filha, tenho o direito de a defender quando a vejo maltratada pelos meus irmãos. Inutilizar coisas úteis, só porque apareceram outras mais modernas, é um crime ambiental.
   As pessoas queixam-se de tudo! Querem mais! Cada vez mais! Sabem como recorriam ao Serviço de Saúde no tempo dos meu Avós, na província, quando nem bicicletas havia? Vou contar como era na casa deles. Pagavam uma avença anual ao médico que vivia no concelho. Se os Avós ou os filhos precisavam de consulta, iam no burro com carroça para o doente, doze quilómetros para lá e doze, de novo, para a sua aldeia. Se era grave e o doente não se podia deslocar, ia só um familiar a cavalo no burro avisar o médico.  Telefone? Motorizadas? Nem ainda se sonhava com isso! O médico deslocava-se a cavalo numa égua ou macho, acompanhado de um cão com coleira de  bicos, pois quando se fazia noite antes de ele chegar à vila, às vezes era perseguido por lobos. Contava a minha Avó que, numa certa noite, os lobos tentaram atacá-lo, o cão atirou-se a defendê-lo, ele nada mais pôde fazer do que espicaçar a égua e fugir, para salvar a sua vida, deixando o pobre cão em luta. Claro que este não sobreviveu.
  Termino, com a cópia integral  dum "Pensamento" daquele que eu considero o maior instrutor/pedagogo do século passado, cujas  palestras de improviso ficaram  registadas em vídeos e estão a ser publicadas em livros e partilhadas no facebook. Quando o criticavam por ser um pedagogo que falava mais para adultos do que para crianças, ele respondia que lhe interessava muito mais educar os pais, uma vez que pais sem educação  e ignorantes não podiam dar bons exemplos e estariam sempre em desacordo com a sabedoria que as crianças alcançassem.
"A Terra, o nosso planeta, é viva, respira, é sensível e reage às atividades dos humanos que nela habitam. Mas eles não estão conscientes disso e só pensam em explorá-la no seu próprio interesse. Reviram-na, escavam-na ou fazem terraplanagens sem nunca se questionarem sobre a possibilidade de estarem a perturbar uma ordem que desconhecem. A Terra sente tudo isso como comichões, picadas, feridas, e então, de vez em quando, dá uma sacudidela para se ver livre de todos esses importunos que estão sempre a arranhá-la."
Evidentemente, a Terra é paciente, suporta as ações dos humanos durante um certo tempo, mas, por fim, zanga-se. Então, os coitados ficam aterrorizados e sofrem… Mas será que eles se decidirão a aprender verdadeiramente a lição?"
Omraam Mikhaël Aïvanhov
____________

Florinda Rosa Isabel

Sem comentários:

Enviar um comentário