MÃE-TERRA_E
SEUS PREDADORES
Poucas pessoas se
preocupam em apurar se o nosso planeta sente o mal que lhe fazemos. Para a
maioria, o que interessa é consumir, deitar fora, comprar novo. Mas a nossa amada Mãe-Terra tem vida, sente
os maus-tratos, vai aguentando até
dizer: «BASTA!»
As pessoas exigem cada vez mais... A sua ânsia de falso bem-estar e
conforto não tem fim. E os predadores da indústria estão obcecados por inovar,
criar, explorar recursos naturais, esventrando nossa Mãe-Terra e tirando-lhe
toda a matéria-prima que cobiçam: a sua avidez não tem limites. Roubam-lhe o
que é bom e despejam lixo dentro dela. Depois, admiram-se de tanta catástrofe
natural... Estando ela viva, suas entranhas reagem, tal como acontece connosco,
se ingerirmos algum produto em mau estado.
A indústria já fabrica aparelhos com pouca duração, precisamente para
estar sempre a vender... Mas, naquilo em que podemos evitar, para quê exigirmos
tanto? Tanta demolição de moradias e apartamentos, em bom estado, que vejo por
aqui, na zona onde moro e que serve de modelo para avaliar o resto do mundo (in)
civilizado. Tantas mobílias, postas na rua... Mais lixo enterrado na nossa
pobre Mãe! E tudo porque já não se usa.
Isto que conto, não significa que sou
contra o progresso. Mas que devíamos ser mais comedidos nas nossas exigências
faustosas. A modéstia nunca fez mal a ninguém e uma maior repartição dos bens
universais também não, visto que o desperdício de uns pode colmatar a carência
de outros. É um crime atafulharem os recipientes dos hipermercados destinados
aos telemóveis sem uso, só porque passaram de moda e têm que dar lugar aos da
nova geração!
Os predadores deviam compreender que, aquilo
que ganham é, apenas, aparente, a médio ou longo prazo, a sua contribuição para
a destruição do nosso Lar Universal vai
ser cobrado, pois, com a Natureza, ninguém brinca!
Embora já haja grande revolta com várias
manifestações contra os químicos que estão a matar directamente os agricultores
que ou utilizam e, também, quem se alimenta
dos produtos criados por esse processo, ainda existem grandes áreas em
muitos concelhos que preferem ignorar os
alertas, apesar de se julgarem muito evoluídos, só porque abrem portas a tudo
que é competição (rallis todo-o-terreno e motonáutica poluentes_que enfiem a
carapuça os concelhos aos quais ela
servir...). Ainda há muito para fazer até conseguirmos mundialmente que todos
os países sigam o exemplo daqueles que já proibiram: Bulgária, Luxemburgo,
Áustria, Holanda, Dinamarca, El Salvador, apesar de em alguns ainda não ter
sido promulgado (o trabalho de secretaria dá muita sonolência...), já deixaram
de utilizar. Também o ar que respiramos fica envenenado, assim como as águas
das ribeiras, rios e, por fim, os mares, pois é para lá que tudo escorre.
Recentemente, estudos publicados no
"International Journal of Environmental and Public Health" sugeriram
a ligação do glifosato com a doença crônica renal de origem desconhecida, (CKDu,
na sigla em inglês), que afecta principalmente os produtores de arroz do Sri
Lanka.
Em matéria de conforto, não compreendo que
uns ainda tenham de viver como se estivéssemos no início do século passado, no
que respeita ao básico de higiene e outros necessitem sentar os
"redondos" em sanitários de luxo, até com dourados... E como era no
princípio do século passado, nas grandes cidades? Ora bem! Nos prédios de
habitação não existia água canalizada,
esta tinha de se ir buscar ao chafariz
mais próximo ou comprar aos "aguadeiros", homens que a transportavam
em vasilhas para venda. Depois, todas as pessoas tinham um bacio de barro para
os fins em vista... De manhã, abriam as janelas de casa e gritavam: «Lá vai
água!». Isto, para alertar os peões de que iam atirar com o "conteúdo"
do bacio para a rua. Os transeuntes apenas se desviavam, não havia insultos,
todos tinham de fazer o mesmo.
Afinal, desse tempo para cá, será que não
se evoluiu já o bastante nesse aspecto? Para quê inutilizar-se o que serve, só
para comprar novos modelos? Claro, podem dizer que o dinheiro é seu. De acordo,
mas a Mãe-Terra também é minha e, como sua filha, tenho o direito de a defender
quando a vejo maltratada pelos meus irmãos. Inutilizar coisas úteis, só porque
apareceram outras mais modernas, é um crime ambiental.
As pessoas queixam-se de tudo! Querem mais! Cada vez mais! Sabem como
recorriam ao Serviço de Saúde no tempo dos meu Avós, na província, quando nem
bicicletas havia? Vou contar como era na casa deles. Pagavam uma avença anual
ao médico que vivia no concelho. Se os Avós ou os filhos precisavam de
consulta, iam no burro com carroça para o doente, doze quilómetros para lá e doze,
de novo, para a sua aldeia. Se era grave e o doente não se podia deslocar, ia
só um familiar a cavalo no burro avisar o médico. Telefone? Motorizadas? Nem ainda se sonhava
com isso! O médico deslocava-se a cavalo numa égua ou macho, acompanhado de um
cão com coleira de bicos, pois quando se
fazia noite antes de ele chegar à vila, às vezes era perseguido por lobos.
Contava a minha Avó que, numa certa noite, os lobos tentaram atacá-lo, o cão
atirou-se a defendê-lo, ele nada mais pôde fazer do que espicaçar a égua e
fugir, para salvar a sua vida, deixando o pobre cão em luta. Claro que este não
sobreviveu.
Termino, com a cópia integral dum
"Pensamento" daquele que eu considero o maior instrutor/pedagogo do
século passado, cujas palestras de
improviso ficaram registadas em vídeos e
estão a ser publicadas em livros e partilhadas no facebook. Quando o criticavam
por ser um pedagogo que falava mais para adultos do que para crianças, ele
respondia que lhe interessava muito mais educar os pais, uma vez que pais sem
educação e ignorantes não podiam dar
bons exemplos e estariam sempre em desacordo com a sabedoria que as crianças
alcançassem.
"A Terra, o nosso planeta, é viva,
respira, é sensível e reage às atividades dos humanos que nela habitam. Mas
eles não estão conscientes disso e só pensam em explorá-la no seu próprio
interesse. Reviram-na, escavam-na ou fazem terraplanagens sem nunca se
questionarem sobre a possibilidade de estarem a perturbar uma ordem que
desconhecem. A Terra sente tudo isso como comichões, picadas, feridas, e então,
de vez em quando, dá uma sacudidela para se ver livre de todos esses importunos
que estão sempre a arranhá-la."
Evidentemente, a Terra é paciente,
suporta as ações dos humanos durante um certo tempo, mas, por fim, zanga-se.
Então, os coitados ficam aterrorizados e sofrem… Mas será que eles se decidirão
a aprender verdadeiramente a lição?"
Omraam Mikhaël
Aïvanhov
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Florinda Rosa Isabel
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