quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

ACERCA DO INVISÍVEL


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A todos, a nossa saudação.
Caros Amigos,
Como habitualmente às terças-feiras, partilhamos mais um texto que aleatoriamente foi selecionado, esperando que vá ao encontro da necessidade da maior parte de vós. E hoje foi selecionado o livro "ACERCA DO INVISÍVEL", do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov, inserido na colecção "Prosveta".
Capítulo XI - VER DEUS
«Bem-aventurados os corações puros – dizia Jesus –, pois eles verão Deus.»
Por que está a visão clara ligada desta forma à pureza? É muito simples; reparai: na época em que as pessoas ainda se iluminavam com candeeiros de petróleo, era preciso limpar com frequência a chaminé de vidro para a libertar da camada de fumo que nela se depositava, senão, mesmo que estivesse aceso, o candeeiro não iluminava devidamente. O mesmo se passa com o homem: se ele permite que se depositem em si camadas de impurezas, estas formam uma barreira entre a luz do mundo divino e ele próprio, e ele deixa de ver.
A pureza traz, pois, a visão clara, e por isso Jesus dizia: «Bem-aventurados os corações puros, pois eles verão Deus.»
Na realidade, para se ver verdadeiramente Deus com os olhos interiores, a pureza do coração, por si só, não basta. É necessária também a pureza do intelecto, da alma e do espírito. Mas, na vossa vida psíquica, o trabalho de purificação deve começar pelo coração, pois é no coração, que corresponde ao plano astral, que as impurezas começam por se insinuar: as cobiças, o ciúme, o ódio, o desejo de vingança, etc. Mas, claro está, “ver” Deus não significa que Ele vai surgir diante dos nossos olhos. Aliás, neste sentido nunca ninguém viu Deus, nenhum santo, nenhum profeta, nenhum apóstolo, nenhum mártir, nenhuma virgem, nenhum patriarca, nenhum Iniciado, alguma vez viu Deus. Nem mesmo Moisés viu Deus; contudo, quantas vezes está escrito no Pentateuco que Deus lhe falou!
Mas também isso tem de ser compreendido convenientemente. Não foi o próprio Deus que falou a Moisés, ou a Buda, ou a Zoroastro, ou a Orfeu. Ele falou-lhes por intermédio de grandes Arcanjos, Seus mensageiros, pois eles não poderiam suportar a Sua voz nem a Sua presença, teriam sido pulverizados.
Vós direis: «Mas... e Jesus, ele não viu Deus?» Na sua qualidade de Cristo, sim, podemos dizer que Jesus viu Deus, porque o Cristo, o Filho, está fundido no Pai. O Cristo é o único que contempla o seu Pai, porque é uno com Ele, está fundido com Ele. Mas o Cristo é um espírito cósmico, e se podemos dizer que Jesus, ou um outro grande Iniciado, viu Deus, foi por intermédio do espírito do Cristo ao qual ele se identificou, mas ele nunca O viu com os seus próprios olhos. Nunca ninguém viu Deus, porque Deus é o infinito, o ilimitado.
Podemos sentir a Sua presença, sim, podemos mesmo ver as Suas manifestações: clarões, projecções de luz, mas não podemos ver o Autor dessas manifestações. É impossível para os olhos físicos ver Deus, muito simplesmente. Para se ver um objecto ou um ser é preciso que este tenha uma forma, dimensões, limites, que esteja situado algures no espaço e no tempo. Ora, Deus escapa ao tempo e ao espaço e dEle só podeis ver reflexos, manifestações dispersas por todo o lado, nas pedras, nas plantas, nos animais e também nos humanos, nos seus gestos de bondade ou de coragem, nas suas obras de arte. E quanto mais puros sois, mais distinguis os sinais de Deus, a vida, o perfume, a música de Deus. Quando vedes o sol, podeis dizer: «Eu vi Deus na sua luz, senti Deus no seu calor e agora estou mais vivo.» Mas dizer que se viu Deus e que se falou com Ele, não, só alguns fala-barato podem querer convencer-nos de que viram Deus face a face e falaram com Ele.
Aquilo que é limitado não pode compreender o ilimitado. Aquilo que é pequeno não pode compreender o incomensurável. E quando é que o compreenderá? Quando entrar nele, quando se fundir com ele, quando fizer parte dele. Nesse momento, sim, pode ter finalmente uma noção do incomensurável, do infinito. Enquanto, na sua consciência, permanecer separado de Deus, o homem não poderá compreender a Sua natureza incomensurável e infinita, é preciso que ele se funda, se integre, nEle; nesse momento, conhece-lO-á, porque será Ele, ter-se-á tornado Ele. Enquanto estiver fora dEle, não poderá conhecê-lO.
Mas esta fusão não poderá dar-se enquanto o homem não se libertar das suas impurezas...
Tomemos uma imagem: vós tendes mercúrio que espalhais em pequenas gotas. Depois juntais essas gotas: elas voltam a formar uma gota única; já todos fizestes esta experiência. Mas, se deixardes cair uns grãos de poeira sobre algumas dessas gotas, elas permanecerão separadas por mais que tenteis juntá-las. Pois bem, é isso que se passa também connosco. O Senhor é o esplendor, a luz, o incomensurável, e nós estaremos separados dEle enquanto tivermos vícios, enquanto formos sombrios, maus. Só eliminando todas as camadas de impurezas que acumulámos em nós é que conseguiremos fundir-nos com Ele, ou seja, “vê-lO”.
Até breve!
16 de Janeiro, 2018
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(Florinda Rosa Isabel)

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