Artigo do Jornal Voz da Minha Terra
CONSUMISMO NAS DATAS COMEMORATIVAS
Ao iniciar o artigo de Dezembro, vou passar duas frases copiadas de um
extenso artigo publicado por Hugo Lapa, na internet (recebi via
facebook) e dizer o que penso sobre o assunto.
«Acho errado o que se faz em dias especiais, como dia das mães, páscoa, dia dos pais, natal, ano novo, etc. Esses
dias são apenas comerciais, nada mais são do que datas que estimulam o
comércio, estimulam as dívidas, estimulam que você compre, consuma e
gaste seu dinheiro. Datas em que você tem a obrigação social de dar
presentes. A mídia como instrumento dos grandes empresários criou uma
obrigatoriedade de consumo. Você não tem a opção de não dar presentes.
Se você não dá, você passa a ser visto como uma pessoa sem consideração;
uma pessoa que não dá valor a outra; que não se importa com o outra. É
um dia que foi criado para os empresários lucrarem, para um rico ficar
ainda mais rico e o pobre ficar mais endividado.»
«Se existe uma data como dia das mães, por exemplo, o ideal seria
que apenas passássemos o dia com a pessoa em questão, sem a necessidade
de dar coisas materiais. Para que dar presentes? Quando entramos nesse
jogo de consumo, o ganho material acaba tomando espaço do afeto, da
atenção, do carinho, da presença e do convívio que deveria ser destinado
à pessoa. Muitos podem dizer: “Mas eu dou o presente e também dou o
carinho”. Minha pergunta é: para que dar presentes? Será que o carinho, o
amor e a atenção não bastam?»
_________
Infelizmente, entrámos numa espiral de novos _ e falsos valores, onde
as crianças, vítimas inocentes dessa onda de "vejo, quero e já!" está a
levar muitos pais ao desespero. Costumo frequentar "catedrais de
consumo", pois não encontro minha alimentação vegetariana e com a
indicação _"não OMG"_Organismo Modificado Geneticamente_ onde moro, pois
a maioria das pessoas não está preparada para se interessar pela
qualidade, é mais pela quantidade, onde o "pague dois, leve três" atrai
imediatamente, sem se aperceberem de que isto é uma artimanha dos
comerciantes, se nos quisessem mesmo ajudar, baixavam o preço nos
produtos, ao invés de nos "aliciarem" com o dobro pelo mesmo preço.
Assim sendo, os estabelecimentos aqui da zona dão prioridade aos
produtos mais económicos, lá que os clientes acabem por gastar pequenas
fortunas em médicos e farmácias, pouco lhes interessa, saídos do
estabelecimento, estão por sua conta...
Pois, nessas tais Catedrais de Consumo, assisto a birras constantes,
crianças arrastadas pelos pais, a maioria deles perguntando-lhes para
que querem mais, se já lá têm tanto daquilo que estão a pedir. Outra
manha das grandes superficies são as cadernetas para a colecção de
cromos... Por cada compra de "coisas" para as crianças, têm direito a
alguns cromos. Então, algumas crianças e, até, adolescentes, fazem
tremendas birras, enquanto teimam em querer preencher mais do que uma
caderneta.
Talvez alguns leitores pensem que eu devia escrever algo diferente
nesta Quadra de Amor que atravessamos, mas eu entendo que há mais Amor
em dizer as verdades que possam levar as pessoas a reflectir que se pode
dar Amor sem gastar dinheiro, uma vez que as lamentações quando chega o
mês de Janeiro e os pedidos de "fiado" nos estabelecimentos de bairro
(grandes superfícies querem o pagamento na hora...) já são bem
conhecidos.
Termino com parte de uma frase do mesmo autor:
«E aquelas pessoas pobres que não podem comprar um presente?
Como elas ficam nessas datas? E aqueles que gastam o dinheiro que não
têm para comprar alguma coisa? É justo faze-los se passar por pessoas
sem consideração só porque não podem comprar presentes?»
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Pois é, meu Amigos. E o ambiente também sofre, com tantos embrulhos de
papéis de fantasia, lacinhos e laçarotes_mas não é fantasia nenhuma
aquela sujeira toda que se vê nos rios, atribuída em parte à indústria
do papel. Mas lá evitar o consumo deste... (Pois!...). Quando publico
no facebook artigos que partilho do Activismo pelos Direitos da
Natureza, raramente colocam gostos e partilham, além de partilharem as
desgraça do Tejo, não se interessam por publicar as soluções, não lhes
agradam... Consumir menos? Era só o que faltava!
05 de Dezembro de 2017
Florinda Rosa Isabel
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