Há muitos anos, havia uma comunidade que assistia à Missa numa uma igreja improvisada num barracão.
Até que o sacerdote, através de várias iniciativas, incluindo peditórios em que ele próprio colaborava, pois era muito popular, conseguiu que fosse construída uma pequena igreja. Mas o suficiente para ele tirar os jovens da rua, adquiriu pequenos vasos de flores, os jovens encarregavam-se de cuidar deles e vendê-los e outras mais iniciativas, cuja finalidade era realizar o sonho de ampliar a igreja, valorizá-la com salões para actividades juvenis e seniores, um Lar para Idosos e outros necessitados, etc., etc.
E conseguiu!
Todos os anos, pelo seu aniversário, se organizava uma pequena festa. Vários paroquianos pagavam o almoço e uma prenda.
Sempre tinha havido lugares sentados à mesa para todos, excepto naquele ano, pois se encontravam, apenas, algumas cadeiras dobradas sobre a beira da mesa, sinal de reserva. Deduzo que foi devido a se realizar num espaço mais pequeno.
Uma mulher, que nada percebia dessas "reservas", tentou retirar uma cadeira para seu marido se sentar, devido a este ter alguma dificuldade em se manter em pé durante muito tempo e já tinha saído nesse dia, estava já cansado.
Imediatamente foi informada da reserva, por uma vip, pertencente à "classe alta"...
Entretanto, chegava o homenageado, muitos cumprimentos, muitas palminhas, a "classe alta" foi-se sentando e a "classe baixa" foi-se servindo do "come-em-pé"...
E da "classe alta" alguém informou o homenageado de que estava lá um lugar reservado para ele... Que se fosse sentar.
Mas o homenageado, como homem de carácter que era (é, ainda está vivo, embora noutra paróquia), não apreciando aquela divisão de classes sociais impostas pelos vips, agarrou no prato do sacristão, fazendo brincadeira e disse:
_ «O que é que tens aqui? Dá cá já para mim e vai buscar outro para ti, anda!»
E ficou por lá no come-em-pé, ora se baixava para falar a alguém da "classe alta", ora falava a alguém da "classe baixa"...
Posso garantir da veracidade do que acabo de contar, pois eu sou a
mulher que tentou retirar a cadeira para o seu marido se sentar.
Florinda Rosa Isabel
Florinda Rosa Isabel
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