segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

CADA UM SABE DE SI!

CADA UM SABE DE SI!
Eu tive um cão durante quase 19 anos...Andava solto dentro de casa.
Tive de ir para a província, cuidar de meus familiares idosos e levei-o comigo, meu marido ainda não estava reformado, não podia cuidar dele, pois passava algumas noites no serviço.
Eu fui para casa desses familiares, o cão embarrava-se neles e derrubava-os...
Era a vida deles ou a do cão...
Fiz-lhe uma cama num anexo e levei-o para lá. Fugia, atravessava o quintal e ia ladrar e rosnar a quem passava na rua, assustava as crianças que desatavam aos gritos, algumas caíam, uma vez uma mulher foi agarrar num seu filho, ele atirou-se a esfarrapar-lhe o avental, tive de lhe pagar outro, e ficou resolvido assim, com mais alguns pedidos de desculpas da minha parte e os conselhos para que o prendesse, antes que fossem dar parte da situação ao Posto da Guarda, instalada no Concelho.
Tive de o manter preso... Primeiro, com uma corda; assim que ele a roeu, teve de ser corrente.
E não é como nós os criamos, não senhor, como alguns activistas afirmam por aí! É mesmo da raça! Era um cruzamento de pêlo de arame, são bravos... Criei-o ao desmamar para lhe salvar a vida, pois o caçador que caçava com a mãe dele guardou um quando ela pariu e deu este a um colega do meu marido, que lho pediu, pois ele queria matá-lo... Aguentou-o até ao desmame. Ele levou-o para casa, mas a mulher pôs o cachorro na rua, não o quis. Ele ficou sem saber que fazer, lembrou-se de mim, por eu gostar de animais, e como ele e meu marido eram amicíssimos, lá foi em busca de quem ficasse com o bichinho, pois se o devolvesse a quem lho dera, já sabia que ele levava logo um tiro.
Quando meu marido abriu a porta ao colega e este me foi colocar o cachorro no colo, com ar suplicante e a queixar-se da cara-metade: e quando o cachorro olhou para mim com aqueles olhos lindos...
Pronto! Não preciso dizer que foi preferível viver até quase aos 19 anos, mesmo algumas vezes acorrentado, do que morrer ao desmame.
Há famílias em que uns filhos são bons, outros são uns assassinos, criados todos da mesma forma. Portanto, não é da forma de criar...
CADA UM SABE DE SI!
Florinda Rosa Isabel

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