A Cura da Alma - 21.Abril.2015
| A todos, a nossa saudação. |
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Caros Amigos,
Como habitualmente às 3ªs. feiras, voltamos com a partilha do texto selecionado aleatoriamente, e o livro selecionado foi «A CURA DA ALMA», de Maria Carmelo, inserido na Colecção "Luz do Ocidente".
Páginas 39 - II Capítulo: A ALMA - QUE É A ALMA?
«Conhece-te a ti mesmo», são palavras inscritas na entrada do Templo de Apolo, em Delfos. Aí, as pessoas procuravam respostas para as suas inquietações, provavelmente sem saberem que a resposta, intemporal, estaria no convite que na entrada do Templo era feito a todos e continua hoje, a convidar a todos, à meditação profunda. A milenar sentença «Conhece- -te a ti mesmo» contém o segredo da libertação do sofrimento, proposta pelo Buda e anunciada pelo Cristo. Implica o enraizamento no Ser, libertando o poder negativo da mente eivada de conceitos e preconceitos que actuam automaticamente, alheios à sabedoria contida no núcleo interno de cada um. Julgamos que sabemos quem somos, julgamos que sabemos quem são os outros, o que pensam os outros. Julgamos que sabemos o que queremos… Julgamos que sabemos, mas não sabemos. Carregamos o pesado fardo do medo, da culpa e da dúvida, sem nos apercebermos da ausência da alma, vertente fugidia que se revela ou desvela aos poucos, num complicado jogo de “cabra cega” com aqueles que aceitam jogar com ela, de “olhos” vendados. É urgente despertar esse agente invisível da Consciência, ampola de Luz, destinada a realizar-se individualmente na espécie humana. Antigamente os povos primitivos associavam a alma ao seu reflexo na água, a órgãos físicos, olhos, rins, coração e cérebro. Só muito mais tarde, os hindus, os chineses, os egípcios e tribos africanas, desenvolveram o conceito do Eu imortal e do seu complemento, a alma.
«Ao reconhecer pela primeira vez a primazia da alma, podemos descobrir que abrimos a Caixa de Pandora e libertámos todos os elementos de uma vida humana, vibrante e totalmente empenhada». Thomas Moore
Generalizou-se o termo alma como sendo apenas a psique, aquilo que em nós pensa e sente, em níveis de materialidade pensante e sensível. Daí, resultou a separação entre a dimensão humana tridimensional ou ego racional e a sua dimensão espiritual, intuitiva (a alma), confundindo-se muitas vezes intuição com instinto, característica animal ainda extremamente activa no homem tridimensional. «A vida do ego assenta numa corrente tripla de consciência, que brota do seu âmago: – o património genético; – a cultura em que se insere. – a psique (mente e emoções) através da qual reage às circunstâncias, sob a acção do Campo solar (signos zodiacais). Da interacção das três correntes, resulta o nível de evolução do ego, em cada experiência de vida, na Terra.» Na realidade, somos uma partícula de consciência que emergiu, aliás como todo o Universo, da Consciência ou Divindade universal, num Mar de mente, a Mente de Deus, como no ventre de uma mulher “emerge” uma futura criança. «Assim em baixo como é em Cima». A Presença divina que somos, num nível profundo e eterno pretende manifestar qualidades divinas, as suas, para que o Planeta possa, ele também, identificar-se com o seu real objectivo. Tudo está ligado com tudo, tudo faz parte do TODO e nada acontece por acaso, neste Universo inteligente.
A ORIGEM DA ALMA Segundo o conceito católico a alma é criada por Deus e implantada no homem, no momento da concepção. Abençoada no momento do baptismo, fica admitida ao processo de salvação, sob o estigma do pecado do primeiro homem (a desobediência ao mandato divino). A fé na misericórdia divina dá alento aos crentes, que devem corrigir más tendências provenientes da pesada marca original, para serem admitidos à presença de Deus. Noutras visões espiritualistas a alma é um estado temporário, durante o qual o espírito fica preso num corpo humano, até desenvolver capacidades que lhe permitam aproximar-se de Deus. Para a teosofia, a alma é o quinto Princípio do verdadeiro homem. É manas ou mente superior, o elo entre o corpo e o Espírito. Também a ciência moderna se debruça sobre este tema sem considerar, no entanto, a sua vertente imortal e imaterial. A concepção mais próxima da realidade será aquela, que revela ao homem a sua condição de espírito livre. Aceitando a realidade holográfica do Universo compreendemos que a alma (aquilo que em nós pensa e sente em níveis superiores) seja uma partícula da Alma da Terra que se apresenta como projecção de uma realidade que nos ultrapassa, tão real, que justifica a forte crença que a maioria de nós tem, acerca da eternidade da vida. Decorrente do mundo virtual, a alma faz do homem um padrão individual, emergente da consciência ou inteligência não-local, fazendo parte de tudo e de todos. Assim, a alma ou consciência superior do homem, una com a Consciência do Planeta, será um arquétipo que a partir do Mundo intuitivo se projecta no ser humano, como num “espelho”, e aí regista e orienta por meio de leis, todo e qualquer verdadeiro Eu, o Cristo cósmico, como se designa no Ocidente. Podemos definir o mundo da alma como um estado de consciência e a alma, como o núcleo de consciência que revela ao homem a sua natureza espiritual ou também, como «o observador que interpreta e faz opções baseadas na lei do Karma» e ainda, «como uma confluência de relações, das quais emergem contextos e significados, que geram experiência». movimento mental e emocional, atraindo o homem para o verdadeiro Eu, o Cristo cósmico, como se designa no Ocidente. Podemos definir o mundo da alma como um estado de consciência e a alma, como o núcleo de consciência que revela ao homem a sua natureza espiritual ou também, como «o observador que interpreta e faz opções baseadas na lei do Karma» e ainda, «como uma confluência de relações, das quais emergem contextos e significados, que geram experiência».
O PERCURSO DA ALMA A natureza electrificante da alma não lhe permite contactar directamente a Terra e então como vimos, recorre a uma “espécie de computador ou veículo” (onde se projecta “electronicamente”), apetrechado com variadíssima profusão de peças, indispensáveis à difícil tarefa de “servir” uma alma: estrutura óssea adequada, bem vertical, qual antena que perscruta altas Dimensões, pele, músculos e nervos, sistemas respiratório, circulatório, nervoso, imunitário e reprodutor, cérebro, coração, glândulas, meridianos, nadis e energia, vital e electromagnética: o ser humano. Este templo vivo, poderoso colaborador da alma foi planeado há milhões de anos aquando da preparação da sua futura Casa, a Terra, de cuja substância é feito, no seu nível básico: matéria física, emocional e mental, donde provém a afirmação bíblica «És pó (átomos) e em pó te tornarás». Também para ele foi vaticinado um futuro glorioso, numa outra sábia afirmação: «Sereis como Deuses». Esquecida no pó dos tempos, pela sua singular natureza, esta afirmação ganhou um novo impulso quando nos tempos modernos o «futuro deus» descobriu em laboratório, que matéria e energia podem transformar-se uma na outra! Somente aqueles que de entre os “muitos chamados”, se tornam os “poucos escolhidos”, conseguem vislumbrar nesta descoberta científica, o futuro processo alquímico a realizar no laboratório e templo feito de carne, pelo poder da mente em avançado estado de evolução, habilidade mental humana, demonstrada há dois mil anos e conhecida como a “Transfiguração” de Jesus, o Irmão mais velho dos homens, que naquele tempo, aceitou morrer como morriam e morreriam durante milénios os seus irmãos mais novos, a quem dizia entretanto: «Fareis obras maiores do que Eu». O percurso da alma na Terra sofreu ao longo dos tempos, avanços e recuos. Desde tempos imemoriais, muito antes da invenção da escrita (4.000 AC. e 3.500 AC.) e da organização da sociedade em estados, o homem se questiona sobre a sua origem. A resposta mais clara e inteligente parece ser aquela que a Teosofia apresenta, sobretudo, devido a trabalhos atribuídos a Plotino (300AC.) e a Platão (400 AC), entre outros neo - Platónicos. Platão cita Sócrates dizendo: «A alma… se partir pura, não arrastando consigo nada do corpo… parte para o que é como ela mesma, para o invisível, divino, imortal e sábio. Aí é feliz, livre do erro, do medo e de todos os males humanos». Mais tarde no século XVII Jacob Boehme desenvolveu um trabalho de investigação sobre a natureza de Deus e da alma, por apreensão directa, sem recorrer à Revelação e no início do séc. XX, Leadbeater, bispo da Igreja católica inglesa, encontrou na Teosofia o meio de desenvolver mecanismos interiores, que lhe permitiram “entrar” em Mundos invisíveis, tanto no Planeta como no Sistema solar, resultando das suas investigações vasta literatura, que se espalhou pelo mundo e clarificou o processo evolutivo da alma.
A ALMA E O EGO O ego, demasiado pequeno «é como um rei que tendo sido vítima de amnésia vagueia pelo seu reino, vestido de farrapos sem saber quem é». Einstein chamou-lhe «uma ilusão óptica da consciência» identificado com o corpo, a doença, a mente ou as emoções, sem perceber que o pensamento é apenas um ínfimo aspecto da consciência. Corpo, emoções e pensamentos são informação reciclada. Assim, o ego ou personalidade é uma estrutura de formas/pensamento recorrentes, padrões mentais e emocionais condicionados pelo passado e projectados no futuro. O ego é uma peça dinâmica, encaixada num sistema inteligente e complexo, local e não-local. É a consciência de nós próprios manifestada numa personalidade definida, separada dos outros, com uma história e uma herança genética e cultural, cujos dados percepciona, e toma como reais. Prisioneiro de pequenos vocábulos como eu, meu, minha, sou, quero, que denunciam um forte sentimento de posse facilmente transformado em carência, sobretudo afectiva, o ego não compreende que a causa dos seus males reside em si próprio, transformado naquilo com que se identifica. Paradoxalmente, não sendo capaz de se encontrar no objecto da sua identificação, desequilibra- -se. A ansiedade e a depressão são o resultado do desencontro entre o ego e a alma, entre a mente e a Consciência, que redunda em medo de não ser compreendido, de ser mal interpretado ou mal amado, de forma consciente ou inconsciente. Quando o processo é consciente, o indivíduo sente um inquietante e constante sentimento de não ser suficientemente bom naquilo que faz. Se é inconsciente, sente uma intensa ânsia de precisar de qualquer coisa ou pessoa. Entre passado e futuro, consciente ou inconscientemente o ego procura preencher o vazio, mas infelizmente, o preenchimento nunca acontece. Esquecendo- -nos de quem somos procuramos na compreensão e no apoio dos outros, aquilo que devemos buscar dentro de nós. O ego, tentando agarrar qualquer coisa exterior a si para sustentar e fortalecer a sua ilusória sensação de identidade, inconscientemente investe na dor e no sofrimento, única maneira de continuar identificado com aquilo que considera o seu eu. Mais cedo ou mais tarde, o ego terá de renunciar e essa forma ilusória de viver e aprender a olhar para dentro de si próprio, descobrindo que apenas o Agora, é real. Esta descoberta não pode ser feita pela mente. Apenas a Consciência superior, o verdadeiro Ser, habitando no Agora eterno (o único Ponto fora do tempo), pode percepcioná-lo como a verdadeira chave para atingir a dimensão espiritual, como fazem “os lírios do campo” que não se preocupam com o dia de amanhã. A imagem dos lírios do campo e a sentença: «Não entrarás no Reino dos Céus se ao colocares as mãos no arado, olhares para trás», são uma clara alusão à necessidade inconsciente de viver no tempo cronológico, dada a insensatez do ilusório tempo psicológico, onde a negatividade e o sofrimento, criam raízes». O Agora é o Espaço no qual toda a vida se processa. O passado não passa de uma memória armazenada na mente e o futuro, é a sua projecção. Passado e futuro são pálidos reflexos do Agora intemporal. A essência do Zen ensina-nos a estar tão completamente presentes na vida, que nenhum problema possa sobreviver já que, na ausência do tempo todos os problemas se desfazem.
«O sofrimento precisa de tempo. O passado e o futuro impedem- nos de ver Deus», ditado Sufi «O tempo é aquilo que impede a Luz de nos alcançar. Não há maior obstáculo para alcançar Deus do que o tempo». mestre Eckhart.
O sofrimento psicológico é uma criação mental, que pode ser considerada como uma doença tanto a nível individual como colectivamente. Grandes movimentos sociais, tendo em vista um bem no tempo futuro, sem olhar a meios no presente, tiveram dramáticas consequências. A China, a Rússia e outros Países podem ser tomados como exemplo da paranóia mental que levou à morte cerca de cinquenta milhões de pessoas. De forma semelhante, individualmente criamos um infernal presente, projectando no futuro a mente do passado (que não foi vivido pela consciência, já que esta actua no Agora). Ensina a Sabedoria de Mestres Ascensionados que a táctica para o ego sair do tempo psicológico, algoz do poder e do potencial criativo do Agora, consiste na habilidade deste se tornar observador da mente (pensamentos, emoções e reacções a diferentes circunstâncias): – sem julgar ou analisar aquilo que está a observar, apenas ver, sentir e observar, – sem fazer da situação um problema pessoal e assim, tomar consciência do Eu real, o verdadeiro e único EU, o silencioso observador. A mente e as emoções são meros instrumentos da Consciência, em evolução. A mente lógica evolui para um futuro nível automatizado e as emoções, sublimadas, para sentimentos superiores. Normalmente numa emergência dramática a mente, impotente, pára e deixa lugar à consciência que assume o controlo da situação e assim muitas vezes, pessoas consideradas vulgares, têm rasgos de génio. No mundo regido pela polaridade, enquanto focalizamos a consciência em nós próprios como egos, consciências ainda de nível material e emocional, não nos é possível encetar o verdadeiro caminho espiritual, no pólo oposto. Nos Mundos superiores a polaridade não existe e daí a premência do ensinamento: «Faça-se a Vossa Vontade» que significa: cumpram-se as Leis que regem a vida do homem, ponto de partida para a libertação do ego e consequente expansão da consciência, em níveis espirituais. No mundo físico, face aos movimentos de intenção e acção que produzimos, dependentes de saltos quânticos, ou mudanças imprevisíveis de posição de determinadas circunstâncias para outras circunstâncias, sem passarem por circunstâncias intermédias, temos, como egos, de nos render à incerteza do mundo atómico e, como Eus, confiar no mundo quântico, sabendo que os problemas do mundo atómico são geridos por leis, que actuam sobre toda e qualquer acção e daí, serão o que tiverem que ser. Somos co-criadores da nossa realidade e hoje, começamos a romper com velhos padrões mentais que dominam a vida humana há eternidades, e a descobrir que uma parte de nós é a expressão perfeita de uma “face de Deus” enquanto outra, é limitada, falível e mortal: «Sereis como deuses» e «Sois pó e em pó haveis de vos tornar». Em estados alterados de consciência (não condicionados pelos limites do ego astral/mental), é possível explorar níveis não-locais da consciência, por meio da alma, o princípio ou “anel” de comunicação entre matéria e espírito, que num estado avançado de evolução pretende servir o Plano da evolução do Planeta, em união com outras almas, no mesmo nível. Egos, que passaram por longos estágios de experiência e de busca, tornaram-se dóceis aos impulsos da alma, fundiram os desejos inferiores com aspirações superiores e estão preparados para iniciar o estágio avançado do grande serviço, que é a colaboração directa com a alma, na 7.ª dimensão. Esta aspira à união com o seu núcleo superior, o Cristo, o Homem iluminado e eterno, habitante da 12.ª Dimensão, Aquele, no qual todos somos Um. A paz interior, a confiança no poder e inteligência do Universo e a perda do egoísmo nas suas múltiplas facetas, são para o ego, o resultado desta prática. Tendo abandonado o voluntariado filantrópico (ainda actividade do ego) praticado durante vidas a fio, o ego desperta para a meta superior que se desenha no seu horizonte: colaborar com a Hierarquia planetária.
«No período que presentemente vivemos qualquer núcleo de trabalho no campo do altruísmo, sem ligação à Fonte ou Hierarquia, facilmente se enredará num jogo de forças kármicas, a partir do qual surgem conflitos». Trigueirinho Neto O trabalho de integração do ego com os seus níveis internos, tem a sua base na glândula pineal (centro do 3.º olho), ponto de ancoragem do espírito, onde a alma actua livremente no nível onde a psique humana não tem espaço de acção. O progresso espiritual na Terra, depende da medida em que o ego se descondiciona do corpo emocional (o purgatório ou dualidade humana) e aceita a sua condição de colaborador cósmico. A nível consciente o ego, apesar de voluntariamente colaborador, dificilmente consegue captar a actividade da alma nos seus núcleos internos (inconsciente e supra consciente).
Até breve!
21 Abril, 2015
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