SE NÃO VOS TORNARDES COMO AS CRIANÇAS...
(De palestras gravadas ao vivo, dadas pelo próprio Mestre)
Se a inteligência da natureza estabeleceu que os filhos devem ficar durante anos junto dos pais foi porque, para crescer e se desenvolver, uma criança tem necessidade de modelos. Mas os pais... que estranhos modelos eles são, por vezes!... Nem sempre "modelados" como deve ser. E, como os filhos têm o instinto de imitar os pais, se estes não forem sempre impecáveis as crianças também não o serão. É por isso que os adultos também têm necessidade de modelos que os ultrapassem. Simplesmente, eles não querem reconhecer isso, não procuram esses modelos, julgam-se já perfeitos, e é pena, porque, com esta satisfação consigo mesmos, terão catástrofes pela frente.
E eu? Julgais que tenho necessidade de modelos para conseguir tornar-me o que desejo? Claro que sim, mas, como não encontro modelos suficientemente perfeitos aqui na terra, procuro-os fora dela, lá onde eles existem, e assim faço progressos todos os dias. Pequeninos progressos, bem entendido, mas, com alguns pequenos progressos em cada dia, daqui a alguns milhares de anos terei percorrido um caminho imenso. Sim, eu tenho paciência suficiente para trabalhar mais uns milhares de anos!...
As crianças vêm, pois, viver junto dos adultos para ter modelos, mas também para que, reciprocamente, os adultos tenham diante deles o exemplo daquilo em que devem tornar-se, uma vez que está escrito nos Evangelhos que só as crianças entrarão no Reino de Deus. Um adulto é demasiado grande, demasiado pesado, demasiado sério, mas uma criancinha que salta, que dá cambalhotas, que ri... oh!, abrem-lhe logo a porta. Não julgueis, porém, que com estas explicações todos vão decidir, a partir de hoje, tornar-se crianças! Não, continuarão como antes a sobrecarregar-se com preocupações e complicações, porque não compreenderam nada.
Reparai numa criança: ela não tem preocupações nem trabalhos para executar; os pais ocupam-se dela, alimentam-na, lavam-na, vestem-na. Ao passo que os adultos, pelo contrário, suportam todas as cargas, todas as complicações, todos os deveres: é preciso ganhar dinheiro para prover às necessidades da família, alimentá-la, ter alojamento para ela, protegê-la, etc. É certo que há casos em que as crianças são maltratadas, abandonadas postas na rua pelos pais, e casos em que adultos ricos e privilegiados passam a vida felizes e tranquilos. Mas são excepções.
Como tem necessidade de protecção e não possui ainda as forças, as faculdades necessárias para se bastar a si própria e se orientar na vida, a criança deve aceitar autoridade e os conselhos dos adultos. Mais tarde, quando esse mesmo ser se sente forte, capaz, inteligente, assume responsabilidades, quer trabalhar, impor-se, mostrar as suas capacidades; e é então que começam para ele as preocupações: simplesmente porque conta com ele próprio, com as suas faculdades, com a sua força, com a sua maneira de ver.
Ser adulto ou criança, na realidade, é menos uma questão de idade do que de atitude. Entre os adultos, alguns têm uma atitude de adulto, outros têm uma atitude de criança. É certo que se pode encarar esta questão sob diferentes aspectos, mas eu deixo isso para os psicólogos e para os moralistas. A mim, o que me interessa é saber como deveremos comportar-nos na vida espiritual. Considerai os discípulos e, sobretudo, os Iniciados. Em vez de disporem da sua própria vida e de a organizarem à sua vontade, eles entregam-na à vontade de Deus. Querem permanecer crianças, isto é, obedecer aos seus pais celestes, segui-los e realizar tudo segundo os seus conselhos. E, como eles tomam esta atitude, o Céu ocupa-se deles, alimenta-os, vela por eles, protege-os.
Imaginando que se tornam adultas, muitas pessoas sentem-se fortes, livres, donas do seu destino, acreditam que já não têm necessidade do Pai Celeste nem da Mãe Divina e cortam a ligação com eles. Mas, a partir desse momento, acontecem-lhes todas as desgraças: o Céu já não se ocupa delas. Que queres? São adultas! Se continuassem a ser crianças, quer dizer, se, em vez de quererem afirmar a sua independência face ao Céu, sentissem a necessidade de se deixar guiar por ele, de seguir os seus conselhos, de confiar nele e de caminhar de mãos dadas com os seus pais divinos, estes continuariam a ocupar-se delas e elas estariam protegidas.
Dir-me-eis que não se pode ficar criança toda a vida. É certo, mas também aqui é necessária uma explicação: não se trata de manter uma mentalidade infantil, mas de continuar, mesmo na idade adulta, a ter uma atitude de criança para com o Céu, ser dócil, submisso cheio de amor. É simplesmente uma questão de atitude para com o Céu, que observa um tal ser, não o abandona; envia-lhe a sua ajuda, sua luz. O Céu não virá ajudar-vos se não fordes crianças. «Mesmo que eu seja um velhinho de noventa e nove anos?», perguntareis. Isso não tem qualquer importância; as entidades sublimes não olham para as vossas rugas ou para os vossos cabelos brancos; elas não olham para o calendário oficial: vêem que sois uma criança adorável, que a vossa atitude é a de um filho de Deus, de uma filha de Deus, e fazem-vos entrar no Paraíso.
Como vedes, as palavras e Jesus nem sempre foram bem compreendidas nem bem explicadas As pessoas perguntavam: «Como? Ele prega que se deve ser fraco e ignorante como as crianças?» É claro que não; não são os defeitos das crianças que se deve imitar, mas a suas qualidades: a obediência, a confiança que as faz escutar e seguir os pais, aprender e agir segundo os seus conselhos.
Tenho visto muitos jovens, de ambos os sexos, com uma confiança tão grande nos seus próprios pontos de vista que não aceitam conselhos de ninguém. Mesmo que seja um Mestre, não o escutam.
Basta-me ver essa mentalidade para saber que os esperam grandes problemas e que eles não estão preparados para os enfrentar e os resolver correctamente. Muito simplesmente porque têm uma mentalidade de adulto: em vez de serem como as crianças, que, conscientes da sua ignorância e da sua fraqueza, se confiam aos pais, procuram os seus conselhos e os seguem atentamente, eles contam de maneira absoluta com as suas próprias opiniões. Pois bem, esses moços e moças são já muito velhos: têm pela frente grandes problemas, grandes tristezas.
Vós perguntareis «Mas até quando devemos manter essa atitude de criança?» Até vos tornardes tão puros e luminosos que o Espírito Santo possa vir instalar-se em vós. Sim, é quando o Espírito Santo se instala no homem que este pode considerar-se um verdadeiro adulto. Deus não fez as coisas de modo a que o ser humano permaneça eternamente criança. Estes dois períodos, a infância e a idade adulta, foram previstos pela Inteligência Cósmica: deve-se ser criança por um certo tempo, até à maturidade. Simplesmente, esta maturidade não está onde as pessoas a colocam: elas definiram que aos vinte e um anos, ou aos dezoito, se é de maior idade: é-se maior civilmente, mas não se tem ainda a maturidade de que eu falo. Mesmo aos noventa anos, a maior parte das pessoas não é ainda verdadeiramente maior: não tem maturidade espiritual.
É quando recebe o Espírito Santo que um ser se torna verdadeiramente adulto, e então ele caminha na luz, tem um guia, vê claro. Só este adulto é reconhecido como adulto pelo Céu. Os outros ainda não passam de crianças recalcitrantes. Sim, todos aqueles que ainda não atingiram esta maturidade espiritual são considerados, no alto, como bebés. Portanto, isto fica claro: o homem não deve permanecer eternamente criança, mas, enquanto não tiver recebido a luz, o Espírito de Deus que traz todas as riquezas deve manter um atitude de criança, isto é, continuar obediente, humilde e atento em relação ao Céu. Aliás, quando virdes pessoas a braços com dificuldades complicadas, isso é a prova de que elas não passam ainda de crianças desobedientes, porque os verdadeiros adultos já não sofrem: vivem sempre na luz. Mas todos aqueles que não quiserem manter esta atitude de criança até à maturidade e se tornarem prematuramente adultos, esses, evidentemente, sofrem.
Então, o que fazer? Pois bem, é muito simples: enquanto não vos tornardes adultos. deveis pedir para ser esclarecidos e guiados pelo vossos pais celestes. Quando estes virem que estais cada vez mais fortes, radiosos, luminosos e cheios de amor, decidirão conceder-vos a maioridade: o Espírito da luz iluminar-vos-á e inspirar-vos-á continuamente. Já não tereis as mesmas dificuldades que todos os que se julgam adultos e crêem que podem levar uma vida independente. Enquanto não tiverdes sido reconhecido pelo Céu como adultos, devereis agir como uma criança humilde e obediente para poderdes entrar no Reino de Deus.
Mas compreendei-me bem. Quando eu digo que se deve ser humilde e obediente, refiro-me em relação ao Senhor... não em relação aos humanos. Muitas pessoas compreenderam que deviam obedecer e submeter-se a quem quer que fosse, e então muitas são obedientes para com os tiranos, os ricos, os poderosos, os carrascos! Não; trata-se de ser fiel, dedicado, submisso e obediente somente em relação ao Princípio Divino.
Na realidade, nas igrejas, mesmo entre membros do clero, não se vê muitos que já sejam adultos; eles falam segundo a sua própria inspiração, segundo os seus próprios pontos de vista, e não é isso que se deve fazer. Para um homem poder pregar, é preciso que antes o Espírito tome posse dele, porque é o Espírito que deve falar através dele, para que as suas palavras não sejam a expressão de si próprio, mas da sabedoria e da luz celestes, a expressão da Inteligência Cósmica. É quando já não fala em seu próprio nome que o homem é adulto. Existem Mestres que têm autoridade e que se impõem de um modo formidável, mas não são eles que se impõem, é o Espírito que está neles e que tem o direito de se impor. Mas, antes de ter recebido o Espírito, ninguém tem o direito de ordenar, de comandar, porque se assume como adulto antes do tempo.
A vida espiritual comporta períodos de transição que marcam a passagem de uma etapa a outra, tal como na vida fisiológica se vê acontecer, por exemplo, a puberdade ou a menopausa. Estas passagens não se manifestam de maneira tão perceptível no plano espiritual, mas são muito significativas, porque geram grandes mudanças na vida interior. Portanto, da mesma maneira que na vida física existe a passagem da infância à adolescência, e depois à idade adulta, também na nossa evolução espiritual esta passagem está prevista. Deve-se permanecer criança enquanto não se atinge uma maturidade de adulto. Mas depois, quando já se é adulto, não há que continuar a comportar-se como uma criança.
Agora, encaradas sob este ponto de vista, as palavras de Jesus são mais fáceis de compreender: «Se não vos tornardes como as crianças, não entrareis no Reino de Deus.» Sim! No dia em que deixardes de confiar no Pai Celeste e na Mãe Divina, quando deixardes de os amar, de vos entregar nas suas mãos, começareis a sentir os pesos da vida, a miséria, a indignidade, ficareis enfastiados, não tereis mais a alegria da criança jovial, despreocupada, que brinca e canta; ficareis enrugados, encarquilhados, porque tereis muito peso sobre os ombros. Mas se, embora tendo responsabilidades de adulto, quiserdes, apesar dos vossos deveres e dos vossos encargos, permanecer uma criança celeste, confiante, convicta de que tem no alto pais que a amam, então expandir-vos-eis, tornar-vo-eis sorridentes, belos, luminosos.
Será que está claro agora? O que todos temos a fazer é tornar-nos crianças, filhos do Céu; então, sentiremos o amor do nosso Pai e da nossa Mãe, a sua presença, a sua ajuda; seremos permanentemente sustentados, protegidos, encorajados, esclarecidos. Ao passo que aqueles que já se julgam superiores ao ponto de poderem permitir-se cortar a ligação com o Céu, esses sentem-se infelizes, abandonados ao frio e na solidão. É este o estado em que se encontram actualmente muitas pessoas que se julgam ser muito maduras, muito inteligentes e muito poderosas.
As dificuldades e os fardos pesam sobre todos os que abandonaram os seus pais celestes. Sede, pois, como as crianças, agarrai-vos ao vosso Pai e à vossa Mãe Celestes, confiai plenamente neles. Para aquele que se sente filho de Deus, todas as dificuldades são resolvidas, porque o Céu nunca deixa um filho seu sozinho a chorar, vem em seu auxílio.
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Do livro : «Nova Luz Sobre O Evangelhos», pelo Amado Mestre Omraam Mikhael Aivanhov, Publicações Maitreya_Portugal. Pág. 32/41.
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(Florinda Isabel)
Então, o que fazer? Pois bem, é muito simples: enquanto não vos tornardes adultos. deveis pedir para ser esclarecidos e guiados pelo vossos pais celestes. Quando estes virem que estais cada vez mais fortes, radiosos, luminosos e cheios de amor, decidirão conceder-vos a maioridade: o Espírito da luz iluminar-vos-á e inspirar-vos-á continuamente. Já não tereis as mesmas dificuldades que todos os que se julgam adultos e crêem que podem levar uma vida independente. Enquanto não tiverdes sido reconhecido pelo Céu como adultos, devereis agir como uma criança humilde e obediente para poderdes entrar no Reino de Deus.
Mas compreendei-me bem. Quando eu digo que se deve ser humilde e obediente, refiro-me em relação ao Senhor... não em relação aos humanos. Muitas pessoas compreenderam que deviam obedecer e submeter-se a quem quer que fosse, e então muitas são obedientes para com os tiranos, os ricos, os poderosos, os carrascos! Não; trata-se de ser fiel, dedicado, submisso e obediente somente em relação ao Princípio Divino.
Na realidade, nas igrejas, mesmo entre membros do clero, não se vê muitos que já sejam adultos; eles falam segundo a sua própria inspiração, segundo os seus próprios pontos de vista, e não é isso que se deve fazer. Para um homem poder pregar, é preciso que antes o Espírito tome posse dele, porque é o Espírito que deve falar através dele, para que as suas palavras não sejam a expressão de si próprio, mas da sabedoria e da luz celestes, a expressão da Inteligência Cósmica. É quando já não fala em seu próprio nome que o homem é adulto. Existem Mestres que têm autoridade e que se impõem de um modo formidável, mas não são eles que se impõem, é o Espírito que está neles e que tem o direito de se impor. Mas, antes de ter recebido o Espírito, ninguém tem o direito de ordenar, de comandar, porque se assume como adulto antes do tempo.
A vida espiritual comporta períodos de transição que marcam a passagem de uma etapa a outra, tal como na vida fisiológica se vê acontecer, por exemplo, a puberdade ou a menopausa. Estas passagens não se manifestam de maneira tão perceptível no plano espiritual, mas são muito significativas, porque geram grandes mudanças na vida interior. Portanto, da mesma maneira que na vida física existe a passagem da infância à adolescência, e depois à idade adulta, também na nossa evolução espiritual esta passagem está prevista. Deve-se permanecer criança enquanto não se atinge uma maturidade de adulto. Mas depois, quando já se é adulto, não há que continuar a comportar-se como uma criança.
Agora, encaradas sob este ponto de vista, as palavras de Jesus são mais fáceis de compreender: «Se não vos tornardes como as crianças, não entrareis no Reino de Deus.» Sim! No dia em que deixardes de confiar no Pai Celeste e na Mãe Divina, quando deixardes de os amar, de vos entregar nas suas mãos, começareis a sentir os pesos da vida, a miséria, a indignidade, ficareis enfastiados, não tereis mais a alegria da criança jovial, despreocupada, que brinca e canta; ficareis enrugados, encarquilhados, porque tereis muito peso sobre os ombros. Mas se, embora tendo responsabilidades de adulto, quiserdes, apesar dos vossos deveres e dos vossos encargos, permanecer uma criança celeste, confiante, convicta de que tem no alto pais que a amam, então expandir-vos-eis, tornar-vo-eis sorridentes, belos, luminosos.
Será que está claro agora? O que todos temos a fazer é tornar-nos crianças, filhos do Céu; então, sentiremos o amor do nosso Pai e da nossa Mãe, a sua presença, a sua ajuda; seremos permanentemente sustentados, protegidos, encorajados, esclarecidos. Ao passo que aqueles que já se julgam superiores ao ponto de poderem permitir-se cortar a ligação com o Céu, esses sentem-se infelizes, abandonados ao frio e na solidão. É este o estado em que se encontram actualmente muitas pessoas que se julgam ser muito maduras, muito inteligentes e muito poderosas.
As dificuldades e os fardos pesam sobre todos os que abandonaram os seus pais celestes. Sede, pois, como as crianças, agarrai-vos ao vosso Pai e à vossa Mãe Celestes, confiai plenamente neles. Para aquele que se sente filho de Deus, todas as dificuldades são resolvidas, porque o Céu nunca deixa um filho seu sozinho a chorar, vem em seu auxílio.
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Do livro : «Nova Luz Sobre O Evangelhos», pelo Amado Mestre Omraam Mikhael Aivanhov, Publicações Maitreya_Portugal. Pág. 32/41.
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(Florinda Isabel)
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