terça-feira, 14 de junho de 2016

«CASTIDADE: SIM OU NÃO...?», PELO AMADO MESTRE OMRAAM MKHAEL AIVANHOV

Perguntam-me muitas vezes se é preferível viver em castidade ou, pelo contrário, ter relações sexuais. Na realidade, não é desta maneira que a questão deve ser posta; é impossível dizer de um modo geral o que é bom e o que é mau... Tudo depende da pessoa. Viver em castidade, em abstinência, pode dar muitos maus resultados, mas também pode dá-los muito bons. A abstinência pode tornar algumas pessoas histéricas, nervosas, doentes, e outras fortes, equilibradas, saudáveis. E dar livre curso ao instinto sexual pode fazer muito bem a uns e muito mal a outros. Não se pode, pois, classificar as coisas dizendo: «Isto é bom... aquilo é mau». O bem e o mal dependem de um outro factor: como se utiliza as forças, como se dirige as forças. Nada é bom ou mau, mas tudo se torna bom ou mau.
A questão está em saber qual é o vosso ideal, aquilo que desejais tornar-vos. Se quereis fazer grandes descobertas no mundo espiritual, é evidente que tereis de reduzir o número de certos prazeres ou até renunciar a eles completamente, a fim de de aprenderdes a sublimar a vossa força sexual. Mas, se não tiverdes esse alto ideal, será idiota absterdes-vos, serdes castos e virgens, e se o fizerdes até ficareis doentes, porque os vossos esforços não levarão a nada. Neste domínio, não é razoável dar a todos os mesmos conselhos e as mesmas regras.
Alguém vem ter comigo e diz-me: «Mestre, penso que não será bom para mim casar-me e ter filhos, pois é a espiritualidade que me atrai.» E quando eu olho para a sua constituição, a sua estrutura, respondo-lhe: «Não, não, é melhor que se case, pois de outro modo será infeliz e acabará por importunar toda a gente.» E a outro, que deseja casar-se, por vezes eu digo «Case-se, se quiser, mas devo dizer-lhe que não foi feito para o casamento e que vai sofrer.» Muitas moças e moços não se conhecem a si próprios e, por isso, não sabem o que devem fazer. Cada um vem à terra com um programa a cumprir. Não é ele que pode decidir acerca das suas tendências e dos seus instintos.
Explicai, por exemplo, a um gato que deve tornar-se vegetariano e parar de comer ratos; ele escutar-vos-á e responderá: «Miau"», quer dizer: de acordo, entendi, está prometido. Mas ainda vós não acabastes de falar, eis que ele ouve um pequeno ruído que vem lá do fundo: é um rato roendo... De repente o gato desobedece-vos e, sem quaisquer remorsos, lança-se sobre o rato. Contudo, ele tinha-vos escutado atentamente, até vos tinha feito uma promessa.. E lá regressa ele, lambendo os bigodes, dizendo de novo:«Miau!», que significa: é mais forte do que eu (sim, tradução literal!), não posso modificar a minha natureza de um dia para o outro. Portanto, enquanto se for gato, comer-se-á ratos.
Porém, isto não significa que não deveis fazer esforços no sentido de sublimar a força sexual. Mas, como já vos expliquei, não podeis lutar contra ela; se o tentardes, será ela que vos triturará. Eis, pois, como proceder: deveis ter um sócio muito poderoso a quem possais enviar essa força, e ele, graças ao seu saber alquímico, conseguirá transformá-la em saúde, em beleza, em luz, em amor divino. Esse  sócio é um alto ideal, uma ideia fundamental com a qual viveis, que amais, que alimentais. E ela é que transformará essa energia, não vós. Por isso, aquele que não tem um ideal espiritual nunca conseguirá essa transformação, e a esse apenas se pode dar este  conselho: encontra depressa alguém e casa-te, senão serás um perigo público, irás incomodar o mundo inteiro.
Como estais a ver, eu não quero fazer-vos embarcar em aventuras incertas; pretendo, isso sim, apresentar-vos muito claramente a questão. Se não tendes o desejo de tornar-vos um ser magnífico, um condutor da luz, um benfeitor da humanidade, jamais conseguireis conter essa força; dai-lhe, então uma saída, casai-vos e tende filhos. Mas, se tiverdes esse alto ideal, será um crime abandonar o Céu para satisfazer um marido ou uma esposa que, aliás, talvez nunca consigais satisfazer, por muito que vos esforcei nesse sentido. Muito pelo contrário, vale a pena trabalhar por um ideal formidável, porque essas energias irão alimentar e fortalecer esse mesmo ideal. Sim,  se, no momento em que sentis um impulso sexual, vos concentrardes no vosso ideal, essa energia sobe em vós até ao cérebro para o alimentar, e alguns minutos depois ficareis libertos, saireis vitoriosos. Fazei convergir todas as vossas energias para uma ideia sublime e não apenas para o vosso prazer.
Deveis consagrar algum tempo a desejar e a visualizar essas qualidades. Imaginai que estais circundados de luz, que irradiais amor para o mundo inteiro. Pouco a pouco, as imagens dessas qualidades que formais tornam-se vivas, agem sobre vós e acabam por transformar-vos, pois trabalham o sentido de atrair do Universo os elementos apropriados para depois os infundirem em vós.
Na Ciência Iniciática é explicado que a renúncia não é uma privação, mas uma substituição, uma transposição para um outro mundo. Continua a realizar-se a mesma actividade, mas com materiais mais puros, mais luminosos.
O método que as pessoas adoptam geralmente para deixar de fumar e de beber_suprimir o hábito sem o substituir por alguma coisa_é extremamente perigoso, pois desnorteia-as e mergulha-as no vazio. É necessária uma compensação, é necessário substituir um desejo inferior por um desejo superior. Por isso,  reflecti bem sempre que desejeis renunciar a uma necessidade que seja muito forte em vós, pois trata-se de uma decisão muito grave. É preciso substituir essa necessidade.  Assim, para que ela seja satisfeita, continuareis a comer, a beber, a amar ou a viver, mas num grau que não vos exponha aos mesmos perigos.
... Nunca luteis contra o instinto sexual unicamente com a vossa vontade. Para o vencer é preciso apelar às forças celestes, isto é, ter um alto ideal, um amor formidável pela perfeição, pela pureza, pela bondade. Se não tiverdes um ideal desta natureza, se não amardes a vida divina, a vida perfeita, não deveis lutar contra a força sexual, pois sereis despedaçados. O recalcamento não é uma solução para o problema da sexualidade, porque ele é a recusa em dar à força sexual o seu curso normal sem ter na cabeça uma ideia, um ideal que faça um trabalho nos planos superiores para sublimar essa força.
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Do Livro: «A FORÇA SEXUAL OU O DRAGÃO ALADO»

Éditions Prosveta/Publicações Maitreya_Portugal. (pág. 117/124)
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(Florinda Isabel)




















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