sábado, 21 de outubro de 2017

«LIMPAR O... (?) A UM CAROLO...

Alguém conhece a expressão: «Aquele ( ou aquela) não limpa o rabo a um carolo»?
Quando fui de Lisboa para a minha aldeia, devido a meu Padrinho se ter aposentado, ouvia com frequência essa expressão, só que a palavra "rabo" não era essa para designar o local que estão a pensar...
E minha Madrinha disse-me que as pessoas viviam por lá tão pobres, que poucas tinham acesso a alguns papéis, como restos de jornais que se liam nos estabelecimentos, um papel de embrulho de qualquer compra e por aí.
Então, a maioria guardava aquela parte branca, que ficava após as espigas de milho secarem e serem malhadas, na eira, e era com esses tais carolos que eles se limpavam.
Ainda recordo de ver alguns homens a caminho do trabalho agrícola, com esses carolos a aparecerem no cimo das algibeiras das calças.
E então, quando queriam dizer que uma pessoa era um pouco mais abastada, diziam que não limpava o rabo (com outro nome) a um carolo, pois sempre tinha um qualquer pedacito de papel.
Hoje, em algumas casas-de-banho, até o papel tem de condizer com as cores dos azulejos!
Bem se diz: «Não há fome que não dê em fartura!» Eu acrescento: «Quando a fartura começa a ser muita e utilizada por quem não teve privações... «Não há fartura que não dê em fome!»
Florinda Rosa Isabel

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