ARTIGO DE JANEIRO
NÃO AO DESPERDÍCIO!
Desde há alguns anos, chega-me com regularidade, através de e-mail ou facebook, uma mensagem/conselheira, que começa assim:
«Uma jovem esposa faleceu. Prestes a realizar-se o funeral, seu marido dirigiu-se a uma gaveta, retirou um pequeno embrulho e colocou-o sobre o corpo dela. Fechou-se a urna. E ninguém, a não ser o jovem viúvo, sabia o que se encontrava dentro desse misterioso embrulho.»
Depois, era explicado que o jovem casal se preparava para festejar o seu primeiro ano de casamento, aquele embrulho continha o conjunto de lingerie que a jovem pretendia usar precisamente na noite que representaria a de núpcias. E, depois, é um desenrolar de "bons" conselhos: «Não guardes nada para depois, assim que comprares, estreia logo! E não uses tudo até final, roupas, sapatos, tudo muito usado, atrai miséria! Não guardes coisas inúteis, é o mesmo que pensares que vais precisar delas... Dá, vende, liberta-te de tudo!»
De cada vez que me enviam isto, faço um «embrulho mental» com tais conselhos e coloco-os numa «imaginária fogueira»...
Dar minhas roupas, a quem, se encontro montes de roupas em melhor estado do que aquelas que uso no dia-a-dia, encostadas aos caixotes de lixo, para serem levadas por alguém que precise delas, e acabam dentro do veículo de recolha de lixo? Existem recipientes de várias instituições, para recolha. No entanto... Há alguns anos, deslocava-me a uma Porta Aberta da AMI, próximo do Areeiro/Lisboa, com roupas que recolhia da vizinhança, com essa finalidade. Utilizava vários transportes públicos, ia carregada como ouriço repleto de picos. Comecei a ouvir comentários estranhos entre os utentes e, claro, indaguei. Vim a saber que algumas roupas eram escolhidas pelos próprios funcionários e, das outras, pouco aproveitavam: ia uma camioneta camarária recolher para destruição.
Ainda tentei uma instituição na zona de Oeiras. Aceitaram no primeiro dia, quando voltei, uma das freiras disse-me: «Pobre quer vestir bem. Barriga vazia, mas bem vestido. Há poucos dias, saiu daqui um que atirou uma sacada de roupa fora, quando estava um automóvel a passar, ia provocando um acidente.»
Quanto mais se desperdiça, mais sofre o ambiente, pois reciclagem também gasta energia e algum tipo de poluição deve emitir.
Vejo, em alguns locais, rasgarem uma folha de papel A4, mesmo que só tenha uma única palavra. Por que não fica para apontamentos? Bom, a verdade é que já quase ninguém aponta nada, excepto do tipo: «Olhem a roupa nova daquela pindérica que não tem onde cair morta, mas anda sempre no alto luxo!»
Muitas pessoa deliram com as flores de papel que tapam o sol em certos lugarejos, em tempo de festejos anuais... Várias desvantagens tem essa prática: quanto mais papel se gasta, mais árvores cortadas; menos árvores, menos oxigénio; mais laboração das empresas de celulose; mais poluição no ar e nas águas; mais peixinhos mortos; mais poluição e gastos energéticos para eliminar, depois, esse papel feito lixo! Por que diacho o ser humano não prefere, antes, apreciar as flores naturais (sem as tirar da mamã planta)? Até as flores naturais são destruídas, para "alcatifarem" as ruas... Recordo_ não sei se ainda existe em arquivo_ de um vídeo amador, onde era comentado o esforço que nosso saudoso Padre Sousa fazia, numa procissão, para se desviar da passadeira composta de flores...
Um dia, uma vizinha foi à minha casa e censurou-me por ter mobílias fora de moda... Bem me ralei! Basta-me saber que muita gente não tem cama para dormir, mesa para colocar pratos que não precisa, porque não tem comida para pôr dentro deles, para achar que as minhas mobílias fora de moda são um luxo! Actualmente, é rara a rua que não esteja mobilada_ e bem! Até conjuntos de sofás são "despedidos"... 'Tadinhos! Como eles devem sofrer, ao verem chegar seus ex-donos com outros, mais jovens e mais belos... (Ah! Ah!Ah!).
Sendo eu_como se diz na gíria_, um espírito de contradição, não obedeço! Eu uso tudo usado (vivam os pleonasmos!), porque, quando eu esticar as canelas, qualquer pessoa necessitada poderá utilizar as roupas novas, sem constrangimento...
Outra desobediência: guardo muita tralha, sim! E sabem porquê? Porque, precisamente no dia a seguir a eu ter deitado fora algo que me parecia inútil, acabava por ter de ir comprar igual (se ainda houvesse), porque tinha precisado mesmo dessa objecto...
Se os conselhos valessem alguma coisa, as caixas de correio estavam inundadas de publicidade: «Venha receber nossos conselhos, que estão em promoção! Pague um e leve outro de oferta!»
Conselhos...? Brrrrrrr!
Florinda Isabel
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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
MEU TEXTO DO JORNAL VOZ DA MINHA TERRA, DO CORRENTE MÊS DE JANEIRO.
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