O Jainismo - 19 Janeiro 2016
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Caros Amigos,
Como habitualmente às 3ªs. feiras, voltamos com a partilha do texto selecionado aleatoriamente, e o livro selecionado foi «O JAINISMO - A Mais Antiga Religião Viva», de Jyoti Prasad Jain, inserido na Colecção "Luz do Oriente".
Páginas 56 a 61
Nas palavras de S.N. Gokhale: «Ahimsā é a nota chave do Jainismo, uma filosofia que vem do tempo pré-ariano». O Dr. Kāli Dās Nāg diz: «Ninguém, mesmo entre aqueles que afirmam conhecer a história, sabe que milhares de anos antes do aparecimento do Buddha, não apenas um ou dois, mas vários Jainas Tīrthankaras tinham pregado o evangelho do Ahimsā. O Jainismo é uma religião muito antiga que contribuiu fortemente para a cultura indiana» (142). Também o Dr. Jacobi era da opinião que o Jainismo estava relacionado com tal filosofia primitiva da Índia (143). Falando sobre o desenvolvimento da teoria atómica pelos indianos, um outro eminente erudito diz: «Entre as especulações filosóficas mais antigas dos brâhmanes, tal como se encontram preservadas nos Upaniṣads, não se encontra qualquer vestígio de uma teoria atómica, tornando assim controverso o conteúdo do Vedānta Sūtra, que reclama sistematicamente interpretar os ensinamentos dos Upaniṣads. Nem é reconhecida pelas filosofias do Sāṃkhya e do Yoga, as quais exigem ser consideradas ortodoxas, i. e, conservar-se de acordo com os Vedas, porque mesmo o Vedānta Sūtra permite-lhes usar o titulo de Smṛtis (escrituras de tradição ou memorizadas). Porém, a teoria atómica faz parte integrante do Vaiśeṣika e é reconhecida pelo Nyāya, duas filosofias bramânicas que tiveram origem em especialistas seculares (Paṇḍitas) e não em homens religiosos ou divinos. Entre os heterodoxos, a mesma foi adoptada pelos Jainas e também pelos Ajīvikas. Damos primazia aos Jainas, porque parecem ter desenvolvido o seu sistema a partir das noções mais primitivas acerca da matéria» (144). O mesmo é igualmente verdade acerca da doutrina do karma dos Jainas, que é baseada na sua própria teoria atómica, nas suas convicções animistas e no culto dos heróis (145). O Prof. G. Satyanārāyan Murti escreveu em 1916: «O Jainismo parece ser um produto indígena de antigas escolas de pensamento indiano. O que quer que seja que os sábios de reputação europeia tenham dito no sentido contrário, é de notar que o Jainismo, com toda a glória do seu Dharma e plenitude da sua literatura tanto secular como religiosa, tem sido legado desde remota antiguidade. O Jainismo tem a sua história própria, cujas partes mais obscuras estão a ser iluminadas com uma nova luz em quase cada ano que passa, devido à investigação paciente de muitos investigadores tanto na Índia como no estrangeiro. Actualmente, são muitas as fontes da história do Jainismo e eles próprios têm, curiosamente uma história própria, videlicet “Transaction of the Asiatic Society and Asiatic Researches” - Davis, Knox, Cap. Mahoney, Hodgson, Dr. Buchanon, Prof. Wilson, De la Maine, Dr. Jacobi e Buihler - e uma hoste de outros historiógrafos Jainas» (146). De acordo com Gustav Oppert, os missionários Jainas foram os primeiros pregadores e professores religiosos dedicados à população indígena. É talvez por esta razão que o templo, particularmente o dos Jainas, é designado por Pali (147). Por último, citemos mais um investigador erudito, Sir Sanmukham Chetty: «Dentro do contexto de uma especulação histórica muito interessante, tem-me ocorrido o que é que deverá ter sido a génese real desta notável religião na Índia... Observando esta nobre religião sob esse ponto de vista, sou tentado a crer que o Jainismo foi provavelmente a religião mais remota predominante na Índia. Encontrava-se em pleno florescimento quando a migração ariana chegou à Índia e quando a religião dos Vedas se desenvolvia no Punjāb. Penso que foi a força tremenda liberta pelo Senhor Mahāvīra que realmente criou o Senhor Buddha. Há um profundo significado na contemporaneidade do Senhor Mahāvīra e do Senhor Buddha. O critério de insurreição estabelecido pelo Senhor Mahāvīra deve ter sido seguido pelo Senhor Buddha. O próprio facto de que os celebres santos hindus que quiseram reavivar o Hinduismo no Sul da Índia, tiveram de recorrer mesmo a métodos cruéis para exterminar o Jainismo, prova a força do Jainismo entre os povos do Sul da Índia. Pesquisas históricas e descobertas arqueológicas recentes têm induzido os estudiosos a acreditar que no período pré-ariano floresceu uma notável civilização na Índia, que por questão de conveniência designarei por “Civilização Dravídica”. Utilizo casualmente esta expressão por uma questão de conveniência porque, nos dias de hoje, um calor desnecessário é gerado quando usamos expressões tais como “Civilização Dravídica” e outras semelhantes. É minha convicção que o Jainismo foi a religião dos povos Drávida, que eram os habitantes pré-arianos da Índia. Os Āryas surgiram com as suas próprias ideias baseadas em ritualismo e sacrifícios de animais, e, a importância, atribuída ao renascimento no tempo do Senhor Mahāvīra, é apenas uma indicação daquele sentimento de revolta que surgiu entre as grandes massas Jainas neste país contra aquele novo culto e práticas que eram a antítese dos princípios em que os Jainas acreditavam (148). Descobriu-se que os símbolos místicos mais antigos da Índia., como a Svástika, a Tridanda (ou Trisula representando a Tri-Ratna), o Dharma Cakra (roda da lei ou roda do tempo), o Nandyavarta e Vardhamanakaya (ou o Nandipada), a árvore, o stupa, o crescente, o lótus, animais como o touro, o elefante, o leão, o caranguejo, a serpente e muitos outros, foram vulgarmente utilizados pelos Jainas desde o tempo mais remoto, mesmo antes de terem sido adoptados pelo Bramanismo e pelo Budismo e da produção de imagens se ter vulgarizado. Foram igualmente descobertas determinadas pinturas pré-históricas nalgumas grutas neolíticas com dezenas de milhares de anos de existência tais como em Singapur no estado Raigarh que testemunham traços inconfundíveis da influência Jaina naquele e tempo primitivo (149). Por muito pouco que se conheça, também as ideias religiosas do homem Paleolítico e Neolítico na Índia, apresentam fortes semelhanças com as características principais da filosofia Jaina, i.e., o animismo, a vida depois da morte, a existência e a natureza eterna da alma, o fenómeno psíquico da causa e efeito lembrando a doutrina Jaina do karma, etc. (150). Encontra-se igualmente evidência suficiente e que prova que existiram sempre povos partidários da não-violência (Ahimsā) que dependiam absolutamente de uma dieta vegetariana, lado a lado, com naturezas violentas que se alimentavam de carne (151). A religião do muito antigo Egipto pré-dinástico, supostamente, com milhares de anos de existência também parece ser muito aparentada com o Jainismo (152). Efectivamente, nas palavras de Forlong: “É impossível encontrar o início do Jainismo”. Segundo os próprios Jainas, a sua religião é eterna, existia mesmo antes de Ṛśabha, e, mesmo a data que eles dão de Ṛśabha, está para além de qualquer conjectura. Porém, voltando aos duros factos da história científica e de acordo com geólogos, antropo-geógrafos e outros especialistas da pré-história, a última era glaciar primordial terminou cerca de oito a dez mil anos antes de Cristo, altura em que tem início a época pós-glaciar. É também o tempo designado para o período final da idade Neolítica (a nova idade da pedra) da época Quaternária. Diz-se que é também aproximadamente nesse tempo que o conhecido por povo ariano começou a mover-se no seu berço no Árctico (153). Logo em seguida, na própria Índia, a era Calcolítica (idade do cobre) que estava prestes a começar, marcou os primórdios da civilização, tal como a conhecemos hoje. Curiosamente, uma evidência interessante atribui a existência do Senhor Ṛśabha aproximadamente àquela época. O embaixador Seleucida Megásthenes, que residiu durante algum tempo em Pātaliputra, na corte do Imperador Candra Gupta Maurya, aceite agora, unanimemente, como um monarca Jaina (154), relata que, cerca de 305 a. C., a então tradição indígena corrente datara o princípio da História Indiana 6462 anos anteriores a esse tempo, época em que, segundo Megásthenes, viveram o grande Dionysus indiano e o seu filho, o grande Hércules. Ele associa ainda o tal Dionysus com o monte Meru e Kailasa (Hemodos), atribui-lhe a invenção e a descoberta de diversas artes e ofícios, a construção de cidades, a formação de reinos, etc.. Ele chama-lhe Lenaios por ter descoberto a forma de colher e prensar os frutos para fazer sumo. Diz-se que, em tempo anterior ao seu, os habitantes subsistiam à base de tais frutos que a terra fazia brotar espontaneamente. O seu filho Hércules foi um grande guerreiro e conquistador, teve muitas mulheres e filhos numerosos. Dionysus viveu uma longa vida de 250 anos (155). Ora, toda esta descrição aponta para mais ninguém, senão o Senhor Ṛśabha ou Ādinātha (o primeiro Senhor), o primeiro propagador de religião, o primeiro promulgador da lei e da ordem, pioneiro na arte, na indústria e na organização social, o qual, no final de Bhogabhūmi (vida primitiva dependente da natureza), inaugurou o karmabhūmi (idade da acção e inteligência). O seu filho Bharata Cakravarti, o primeiro conquistador universal, teve muitas mulheres e filhos numerosos. Por isso, não há dúvida que esta tradição com mais de dois mil anos de idade se refere definitivamente ao Senhor Ṛśabhadeva, cuja data, segundo a mesma, remeter-se-ia para 6765 a. C. ou cerca de há 9000 anos. (156). Pelo menos, esta foi a data em que se acreditava tradicionalmente durante os séculos III e IV, a. C. Porém, casualmente, é correcto manter os dados geológicos acima mencionados, que são bastante anteriores ao início da mais antiga civilização do Vale do Indo (c. 6000 a.C.), a mais antiga civilização Egípcia (c. 5000 a.C) e ao advento dos Āryas (c. 3000 a.C.). Assim, o Jainismo é suposto ter existido por toda a pré-história, (pré-história escrita), proto-história e tempos históricos. A religião mais antiga do homem foi primitivamente designada simplesmente por Dharma Mānavadharma ou Margga (157) (o Marga ou o caminho), o culto de Ṛśabha ou Jainadharma no tempo do Vale do Indo, a religião Vratya ou Ahimsādharma pelo povo védico, Arhata Dharma ou Ātmadharma na época dos Upaniṣads, Nigantha Dharma no tempo do Buddha, Śramana Dharma nos períodos Indo-Gregos e Indoscythios, Jaina Dharma, Syadāvada Mātā ou Anekanta Mātā durante o período hindu, no tempo do movimento Baktī, especialmente no Deccan, como Bhavya Dharma, no Rajputana como Śrāvaka Dharma, no Panjāb como religião de Bhabadās, etc. Para além de ser puramente indígena é o sistema religioso mais remoto do homem civilizado, é o único que tem, miraculosamente, persistido tanto tempo e, contudo, preservando a sua integridade até aos dias de hoje. Desde o seu princípio que tem vindo a agir e reagir em todos os sistemas religiosos com que manteve contacto e a influenciar o pensamento e a cultura humana. Também a sua contribuição nos muitos domínios da cultura e, de maneira nenhuma, escassa ou avara. É detentora da mensagem mais nobre e prática de paz e boa vontade, de fraternidade universal, gerando graça, e bem-aventurança, não só para a sua terra de origem como para o mundo todo em geral, não só para o individuo como para, toda a humanidade. O Dr. Nag disse: “O Jainismo não é a religião de nenhuma casta ou comunidade em particular. É a religião de todos os seres humanos. É internacional e universal”. Estas são as palavras do Rev. A.J. Dubois: «Na verdade! a religião do Jina é a única verdadeira sobre a terra, a fé mais antiga de toda a humanidade».
Glória seja à fé do Jina!!!
Até breve!
19 de Janeiro, 2016
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