Ouvi as pessoas falar (seria muito pior ainda se as ouvissem pensar!): elas estão sempre a queixar-se umas das outras. Ouvimo-las tão poucas vezes regozijarem-se e agradecerem o facto de os outros existirem! É certo que os humanos são imperfeitos, mas, para além de todas essas imperfeições, há sempre algo a descobrir, pois cada um é habitado por uma centelha divina.
Vós direis que o que mais falta vos faz são amigos que vos compreendam e que não encontrais em parte nenhuma essa compreensão de que tanto necessitais. Questionai-vos primeiro, sobre aquilo que quereis que os outros compreendam em vós. E mesmo que sejam as vossas aspirações à luz, à beleza, à verdade, por que exigis dos outros que penetrem no vosso coração e na vossa alma para saberem o o que aí se passa? Deveria bastar-vos a compreensão e o apoio dos anjos, das entidades luminosas que povoam o espaço e do próprio Deus, que vos criou. Em relação ao resto_ as vossas sensações, os vossos humores, as vossas simpatias, as vossas antipatias_percebei que são apenas questões de temperamento, que cada um tem o seu e que não é assim tão importante que os outros se interessem por isso e o compreendam. Aliás, estais sempre seguros de que vos compreendeis bem a vós próprios? Não, mas quereis que os outros o façam!
Se vos queixais de que não vos compreendem, isso indica que não estais ainda preparados para ser compreendidos. Dizei de outra forma: «Eu esforçar-me-ei por compreender o maior número possível de criaturas, farei tudo para o conseguir», e vereis os resultados dessa atitude. Os outros começarão a gostar de vós; como os compreendeis, eles gostarão de vós. E, em virtude disso, acabarão por também vos compreender. Se persistis em dizer que os outros não vos compreendem, nunca sereis compreendidos. Sois vós que, com esta atitude, colocais véus diante dos olhos dos outros. Parai de vos sentir incompreendidos e esses véus cairão.
É inútil reclamardes por toda a parte compreensão, amor e amizade, se primeiro não quiserdes aprender onde e como procurá-los. Esperais que eles se manifestem através de homens e mulheres que vos trarão exactamente aquilo que desejais? Mas eles esperam a mesma coisa! E, assim, vê-se em todo o lado pobres desgraçados, vagueando pelos caminhos da vida, como recipientes vazios à espera de ser preenchidos.
Cada ser e cada objecto que encontrais no vosso caminho tem virtudes particulares. Se aprenderdes a reconhecê-las, podereis beneficiar delas. Tudo o que existe na terra e no Céu pode dar-vos algo de bom. Vós direis que não recebeis nada... Mas receber depende de vós: para se receber é preciso estar-se consciente e abrir-se. Se atravessardes a existência com os olhos e os ouvidos fechados, com o coração e o intelecto bloqueados, é evidente que vos sentireis sempre pobres e sós.
Na realidade, tudo pode tornar-se um alimento para a nossa vida interior. O amor manifesta-se em todo o universo. Quando despertais, de manhã, e abris os olhos para o mundo, não sentis que já estais a receber amor? Toda a vida que vem até vós e amor, um amor que provém da Fonte Divina, como o rio que desce do cume da montanha. Esforçai-vos por subir até esse cume para vos encherdes desse amor. Quando lá chegardes, não só vos sentireis preenchidos como, por onde quer que fordes, espalhareis à vossa volta essa riqueza que transborda de vós. E, então, como poderiam aqueles que a receberem não vos amar? Eles amar-vos-ão porque vós não pedis nada, vós dais. Conseguireis admitir que apenas esta forma de compreender e de viver o amor vos trará o amor?
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Mestre Omraam Mikhael Aivanhov (1900-1986), filósofo e pedagogo francês de origem búlgara.
Do Livro: «Nas Fontes Inalteráveis da Alegria» Colecção Izvor.
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(Florinda Rosa Isabel)
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