quinta-feira, 24 de novembro de 2016

(18) O AMADO MESTRE DISSE...

(18)

E vós, que deveis fazer se alguém vier falar-vos das suas decepções, dos seus desgostos? Enquanto não sois capazes, como o sábio, de rir  para as apaziguar,  sabei pelo menos uma coisa: frequentemente, a pessoa que vos confia o seu sofrimento fá-lo mais para vos levar a partilhar o seu estado do que para encontrar uma solução. E então? Se vos deixais  invadir pelos seus mal-estares, não a ajudareis, pois ficareis  paralisados e correreis o risco de vos afundar com ela. Se pretendeis ajudar alguém, não permitais que a sua perturbação penetre em vós. Permanecei lúcidos, tranquilos, sólidos, pois é a única maneira de tirar a pessoa da situação em que se encontra. Dir-me-eis que ela ficará descontente por não participardes nas suas desgraças. É possível, mas isso não deve inquietar-vos.
Estai conscientes de que, ao acompanhar os humanos  nos seus estados negativos, só se pode satisfazer a sua natureza inferior. E a satisfação da natureza inferior não dura muito tempo, pois ela é insaciável: um verdadeiro sorvedouro. Vós acreditais que, com a vossa simpatia, a vossa compaixão, podeis apaziguar uma pessoa, mas pouco tempo depois, recomeçam os mal-estares, as queixas, e a situação pode permanecer assim durante toda a vida.  Essa pessoa ficará satisfeita se estiverdes sempre dispostos a partilhar o seu sofrimento, mas  isso  não a melhorará. E vós, em que estado ficais?

Uma criança cai e magoa-se. Se lhe disserdes: «Oh, meu pequenino, magoaste-te!...»  e puserdes um semblante consternado, isso só fará com que  ela redobre os seus gritos. Mas se lhe disserdes: «Levanta-te, isso não é nada, continua a brincar», ela acalma-se rapidamente. Os humanos são como as crianças, não devemos  alimentar as suas fraquezas e os seus estados negativos.
Se um dos vossos amigos tem um dente estragado, vós não tendes a bondade estúpida de vos queixardes com ele, aconselhai-o a tratar o dente para não se arriscar a perder toda a sua dentadura. Pois bem, psiquicamente também há dentes para tratar... ou para arrancar! É esse o verdadeiro amor. Este amor é desconhecido da maioria dos humanos: a tradição é lamentar a situação daquele que sofre e chorar com ele. Mas não, devemos ajudá-lo a endireitar a situação opondo resistência ao seu desânimo. E, se ele ficar ofendido, paciência! Permanecei firmes afirmando o poder da luz. É a única maneira de fazerdes algo por ele.
Vós direis: «E se, apesar dessa atitude, eu não conseguir ajudá-lo?» Pois bem, é porque não podeis fazer nada por ele. Isso acontece . Há seres que ninguém pode ajudar  porque alimentam dentro deles um estado que impede que alguém os ajude. Mas ficai a saber que, apesar de tudo, não perdestes tempo ao tentar ajudá-lo. Desde logo porque, em vez de vos ter deixado devorar, saístes reforçados, e essa força que adquiristes podereis usá-la a ajudar outras pessoas. Não vos inquieteis, pois encontrareis sempre alguém que será capaz de receber e apreciar aquilo que fazeis por ele.

Do Mestre Omraam Mikhael Aivanhov (1900-1986), filósofo e pedagogo francês  de origem búlgara.

Do Livro: «O Riso do Sábio» Colecção Izvor.
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(Florinda Rosa Isabel)















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