Na Senda da Espiritualidade - 15 Dezembro
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Caros Amigos,
Como habitualmente às 3ªs. feiras, voltamos com a partilha do texto selecionado aleatoriamente, e o livro selecionado foi «NA SENDA DA ESPIRITUALIDADE», de José Caldas e Maria Carmelo, inserido na Colecção "Saberes".
Páginas 162 a 171 (parte do Capítulo "A Sabedoria Antiga, o universo e o homem suprafísicos"):
A SOCIEDADE TEOSÓFICA Em finais do século XIX, surgiu no Ocidente, a Sociedade Teosófica. Esta organização, fundada por Helena Blavatsky e pelo coronel Henry Olcott, nos Estados Unidos, teve como objectivo divulgar ao público ocidental os tesouros da Sabedoria Antiga, numa linguagem mais actualizada, com uma estrutura mais organizada e com um claro sentido pedagógico. Duas obras monumentais, mas de difícil leitura, A Doutrina Secreta e Ísis sem Véu, de Helena Blavatsy, sideraram os meios intelectuais ocidentais pela forma extraordinariamente profunda e fundamentada como expuseram e desmontaram os falsos fundamentos do materialismo e os dogmas insanos das religiões. Mais tarde, dois autores fundamentais, Charles Leadbeater e Annie Besant, em dezenas de pequenas obras intensamente pedagógicas, explicaram numa linguagem simples mas apelativa os segredos do homem e do universo suprafísicos. A importância destas obras é de tal forma evidente que, quase 100 anos volvidos após o seu lançamento, ainda se encontram quase todas disponíveis nos escaparates das livrarias da especialidade. Na verdade, para as muitas pessoas que nunca ouviram falar de Teosofia e da Sabedoria Antiga, alguns dos seus temas, ideias e propostas sobre a natureza, origem e sentido da evolução do homem e do universo poderão parecer algo estranhas, sobretudo para aqueles (quase todos) que, tendo tido uma formação católica, possuem uma visão algo formatada sobre Deus e a Alma e Espírito humanos. Mas, tão logo começam a assimilar estas ideias novas, que constituem o arcaboiço central da Sabedoria Antiga, apercebem-se do seu extraordinário poder explicativo sobre as mais importantes dúvidas éticas e existenciais da vida humana. Parafraseando Fernando Pessoa, diríamos que estas ideias “primeiro se estranham e depois se entranham”, de tal forma parecem lógicas e consistentes, após a superação da estranheza inicial. Contudo, para as muitas pessoas interessadas nestes temas nem sempre é fácil saber por onde começar a procurar informação, de tal forma as prateleiras das livrarias se encontram recheadas de obras as mais diversas nas secções sobre “espiritualidade”. Frequentemente, percorrem caminhos de busca demasiado longos que as conduzem de livro em livro, de movimento em movimento, sem nunca encontrarem explicações lógicas e coerentes sobre os grandes problemas da existência. A Teosofia certamente que é capaz de proporcionar as respostas por que muitos anseiam – a dificuldade central é encontrar a Teosofia. A sua vastíssima literatura, se bem que aborde em profundidade todos estes temas, carece de algumas obras de síntese que, numa linguagem mais adaptada aos tempos actuais, proporcionem uma visão de conjunto introdutória à sua vasta Sabedoria. Assim, na segunda parte desta obra, tentaremos proporcionar aos interessados essa visão de conjunto dos principais ensinamentos teosóficos, sem a preocupação de penetrar em detalhes ou pormenores mais arrevesados que poderiam dificultar a compreensão dos pontos realmente fundamentais. Depois de o leitor ter absorvido esses pontos, poderá então, caso o entenda, passar a outras obras mais densas ou especializadas que lhe proporcionarão o acesso a essas informações mais detalhadas e aprofundadas. 1
1 Nota: Como referido, apresentaremos aqui apenas um resumo sucinto de todos estes temas. Para uma informação mais aprofundada, remetemos o leitor para o livro “Roteiro para uma Nova Era”, tomos I e II, da autoria de José Caldas, editado pelas Publicações Maitreya,
O QUE É A TEOSOFIA Como dissemos, nunca desde os seus primórdios neste planeta, a Humanidade esteve desligada dos Reinos do Espírito. Símbolos e Escrituras Sagradas velhas de milhares de anos atestam que, desde sempre, Mestres e Instrutores espirituais encarnaram periodicamente no seio de diversos povos e culturas, definindo regras éticas e morais que deveriam ser seguidas e observadas. Por vezes, ao olhar para o passado, sobretudo o passado remoto, comete-se o erro de o julgar à luz dos critérios e costumes do presente. Este erro, mais comum do que se poderia pensar, distorce e deturpa o conhecimento desse passado observado do alto da comodidade da nossa civilização. Não se pode esquecer que, recuando apenas algumas centenas de anos, nos encontramos no seio de populações completamente ágrafas e analfabetas, sem acesso a qualquer informação científica (ou outra) do mundo em que viviam e cuja experiência de vida mal ultrapassava os limites da sua aldeia, salvo para visitar uma feira ou participar numa romaria ou peregrinação. Falamos de pessoas incultas e preconceituosas, incapazes de pensar em abstracto, para quem conceitos, princípios, paradigmas…eram algo de completamente inapreensível. Era para estas massas que falavam os antigos Mestres e Instrutores espirituais. Para tocar a sua sensibilidade e atingir a sua inteligência necessitavam de se exprimir em termos simultaneamente simples, simbólicos, metafóricos e narrativos. Daí, as nossas antigas Escrituras, repletas de histórias e contos que hoje parecem infantis e absurdos. Mas, há milhares de anos, não havia outra forma de comunicar informações de natureza espiritual e metafísica. É verdade que, ao longo dos séculos, muitos dos ensinamentos originais foram deturpados e desvirtuados por ignorância ou demagogia de muitos dos seus seguidores; contudo, por baixo dos muitos mitos, crenças e dogmas absurdos que as actuais religiões foram acrescentando ao longo dos tempos, descobre-se ainda, de forma clara, o apelo à fraternidade, compaixão e humildade que todos os grandes Mestres trouxeram aos homens do seu tempo. Apesar desta forma popular e algo ingénua de ensinar e transmitir a Sabedoria Antiga, durante milénios ela foi ensinada, selectivamente e em privado, na sua forma metafísica mais pura, nas famosas “Escolas de Mistérios da Antiguidade” a um número reduzido de aspirantes que tinham de ultrapassar severas provas de probidade moral. Estes Iniciados eram obrigados a jurar o mais estrito segredo sobre as informações que recebiam e as práticas que desenvolviam, razão pela qual pouco sabemos sobre elas, salvo alguns comentários perdidos aqui e ali da parte de alguns, como por exemplo, Platão e Plotino. Mas, à medida que a humanidade foi evoluindo e crescendo intelectualmente, sobretudo a partir de finais do século XIX, parte desse conhecimento foi, por iniciativa dos Mestres da Sabedoria, sistematizado e divulgado ao mundo através da Sociedade Teosófica, estando hoje ao alcance de todos os interessados, através de uma vasta bibliografia. Assim, poderemos dizer que a Teosofia é um vasto corpo de conhecimentos sobre a origem, a natureza e o sentido da existência do Homem e do Universo, que se encontra na raiz das várias religiões e escolas espiritualistas do passado e do presente, divulgada numa linguagem simultaneamente lógica, coerente e sistematizada.
QUATRO PRESSSUPOSTOS BÁSICOS DA TEOSOFIA Os ensinamentos teosóficos, incompatíveis com uma visão estritamente materialista do universo e do homem, procuram responder às quatro questões fundamentais da existência: – O que é o universo? – O que é o homem? – Donde vimos? – Para onde vamos. Assim, a Teosofia assenta a sua visão do mundo em quatro premissas centrais: 1. Nem o homem nem o universo se esgotam numa dimensão física; existem outros planos e dimensões que podem ser conhecidas e contactadas. E é precisamente desse contacto que nos chegam as informações disponibilizadas pela Teosofia. Todos os seres humanos possuem no seu interior as potencialidades necessárias para efectuar esse contacto. Contudo, assim como para desenvolver a musculatura se faz necessário um treino intenso e focado, também para o desenvolvimento destas capacidades é exigido um treino não apenas técnico mas sobretudo ético, de forma a que os conhecimentos adquiridos não sejam utilizados de forma egocentrada, mas colocados à disposição de toda a humanidade. Pergunta-se com alguma frequência a razão do muito secretismo que desde sempre envolveu o ocultismo e que parece estar em contradição com a sua afirmação de serviço à humanidade. Na verdade, o conhecimento das forças e realidades ocultas de outros planos da existência podem ser facilmente utilizados para manipular a mente de terceiros, tornando-os em meros joguetes de interesses pessoais. O poder dessas forças é inimaginável para a humanidade não-iniciada e será mantido oculto enquanto ela não atingir um grau de pureza moral que lhe permita aplicá-las para o bem de todos, de forma totalmente desapegada e desinteressada. 2. Todos os seres que habitam o universo se encontram num estado permanente de evolução da sua consciência. A Teosofia ensina que todas as grandes estruturas que preenchem o Cosmos – sistemas de galáxias, galáxias, estrelas, planetas – são manifestações (ou exteriorizações, se quisermos) de vastas consciências cósmicas designadas Logos. Estes seres constroem essas vastas estruturas que funcionarão como territórios evolutivos para as consciências que os habitam. Ora a premissa da evolução é válida para todos os seres sem excepção, desde as grandiosas consciências cósmicas (Logos sistémicos, solares, planetários…) até às mais humildes formas de consciência que habitam espaços recônditos. É evidente que o tipo de evolução a que cada ser está submetido depende não só do seu ponto de partida como do contexto em que está inserido. O ser humano terá certamente um percurso que lhe é próprio e que será diferente de outros seres que se encontrem noutros estádios e patamares evolutivos. Assim, para os seres humanos, diremos que a evolução da consciência exige: a) o conhecimento da estrutura global dos seus corpos (físicos e suprafísicos), da sua natureza espiritual e do propósito último da existência; b) o conhecimento global do seu território evolutivo – o sistema solar, com os seus diversos planos e energias; c) a descoberta da sua natureza espiritual última e a aplicação desinteressada deste conhecimento sob a forma de criatividade e serviço ao bem comum, em todas as esferas de actividade humana (ética, educação, medicina, política, economia…). De uma forma genérica, poderemos dizer que qualquer processo de expansão de consciência implica a ampliação do contexto em que as coisas são observadas. Ao expandir esse contexto, aquilo que anteriormente parecia ter um certo sentido, adquire agora sentidos completamente diferentes anteriormente desconhecidos. Veja-se, uma vez mais, o exemplo de um alpinista que escala uma montanha. A uma certa altitude, ele vislumbra um telhado de uma casa; mais acima, já consegue identificar essa casa na sua totalidade; mais acima ainda, reconhece que essa casa faz parte de uma aldeia situada junto a um lago de extraordinária beleza e numa região intensamente fértil, mas que se encontra (para sua grande surpresa) completamente deserta e abandonada; ao subir ainda mais, identifica um sistema de aldeias de que a aldeia anterior faz parte, apercebendo-se que essa região se situa bem na trajectória de um corredor de avalanches. Quando o nosso alpinista inicialmente observa aquela aldeia abandonada situada numa região tão bela e fértil, certamente achará estranha tal situação pois, aparentemente, tudo pareceria concorrer para ser um lugar de eleição para se viver; mas quando, subindo um pouco mais, se apercebe do perigo que rodeia aquela região, apercebe-se imediatamente da razão para se encontrar abandonada. Isto é, ao mudar o contexto, muda simultaneamente a avaliação dos eventos observados – aquilo que não fazia sentido quando observado de uma certa perspectiva, ganha subitamente sentido ou um novo sentido quando a perspectiva se altera. Ora, é exactamente isto que se passa com a expansão da consciência humana. Se considerarmos que o ser humano é um ser puramente material que vive uma única vida, precária e incerta, poderemos aceitar uma certa visão egoísta e competitiva da existência, pois cada um quererá e deverá aproveitar o melhor possível as oportunidades que a vida lhe proporciona. Mas, ampliando este contexto e passando a considerar o homem como uma consciência espiritual em evolução associada a um conjunto de corpos de experiência, ao longo de múltiplas encarnações e submetida à lei do karma, então alterar-se-ão por completo os parâmetros existenciais que norteiam a sua existência. Passar-se-ia (como já está gradualmente a acontecer) de um paradigma materialista e individualista para uma paradigma ecológico e holístico em que os valores materiais da existência – egocentrismo, competição agressividade – começam a ser lentamente substituídos pelos valores espirituais – cooperação, fraternidade, harmonia e equilíbrio.
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