(continuação)
Por vezes, há pessoas que vêm procurar-me para se lamentar, dizendo: «Antes, eu sentia-me muito melhor. Comia, bebia, fazia asneiras, divertia-me... e sentia-me bem. Mas depois de ter começado a esforçar-me por seguir o Ensinamento da Fraternidade Branca Universal não me sinto bem, é como se tivesse começado a dar-se em mim uma fermentação. Realmente, este ensinamento não serve para mim.»Tais pessoas não compreendem o que se passa nelas e, em vez de evoluírem normalmente, lamentam-se, desanimam e recuam. O que significa isto? Que elas são velhos odres nos quais ainda é prematuro verter o vinho novo!
Observai-vos a vós mesmos, observai os outros, e verificareis que, ao aceitarem um Ensinamento, por mais divino que ele seja, ao fim de um mês, seis meses, um ano (depende das pessoas), os seres começam a cair nas maiores contradições; tornam-se irascíveis ou depressivos e, até, em vez de intensificarem o lado positivo neles, o único resultado é o de desenvolverem o seu lado negativo, porque cada novo pensamento, cada novo sentimento produz neles fermentações interiores.
Ao escutar-me, ireis pensar que é muito perigoso aceitar o nosso Ensinamento, embora ele seja realmente puro e divino. Não; não há perigo algum, mas primeiro é preciso saber uma coisa: que se deve preparar em si uma forma sólida capaz de conter e suportar uma filosofia, uma ideia, um Ensinamento, que são novos. Ninguém pode receber uma filosofia nova sem se harmonizar previamente com essa filosofia, sem fortalecer e preparar o estômago, a cabeça, os pulmões e todo o seu organismo para poder resistir à tensão que as novas correntes irão produzir. Não imagineis que as correntes de amor e de luz são fáceis de suportar. Pelo contrário, pode dizer-se que os humanos estão melhor preparados para o sofrimento, para as dores e as decepções, do que para a inspiração e as correntes mais elevadas. Muitas vezes, dir-se-ia mesmo que lhes agrada estarem mergulhados nas complicações e, se um dia recebem uma inspiração muito luminosa, parece que fazem tudo para se desembaraçar dela. Por que é que eles fazem isso? É tão raro e tão precioso receber uma inspiração divina!
Se os humanos soubessem que melhorias fisiológicas, químicas, psicológicas, ocorrem sob a influência de ideias divinas! E é justamente esta oportunidade que eles recusam! Onde encontrarão eles, depois, ocasiões para se transformar? Um dia, lamentarão ter agido assim e dirão: «É verdade. Quantas vezes eu afastei a luz porque tinha medo do Espírito em mim!» Tenho notado que muitas pessoas não temem o inferno, os diabos, os sofrimentos, a desordem e tudo o que é inferior, mas têm o maior dos receios do Espírito e dos estados de consciência sublimes. Por um lado, têm uma certa razão, porque sentem que não são um odre novo: ainda necessitam de viver a vida inferior e, instintivamente, receiam, não poder suportar esta nova vida, este alargamento de consciência.
(continua)
(Florinda Isabel)
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