CÉU OU INFERNO?
A dona Milocas era uma senhora muito crente e radicalmente a favor da conservação de tudo que mexesse sobre a Terra, pois tudo, para ela, era criação Divina.
Um dia, entrou-lhe pela janela uma barata voadora, ela ficou muito feliz, um "ser sagrado" tinha entrado no seu lar. A barata ficou muito satisfeita com o acolhimento, pois tinha acabado de sair de um divórcio litigioso, ali ficaria em segurança, para não ser agredida pelo seu "ex-barato". No dia seguinte, uma grande ratazana apareceu, também tinha acabado de sair de um relacionamento muito conflituoso, pois todo o queijo que ela levava para o buraquinho que lhes servia de lar, seu "ex" comia e levava para as ratazanas amantes, que o exploravam e não cuidavam dele, pois quando era preciso tratar-lhe das feridas, após ter sido agredido à vassourada pelos humanos maus, era ela que ia roubar os adesivos e o desinfectante. E a nova "criação divina" ficou. Mais bichinhos foram entrando e ficando. Dona Milocas deixou de derrubar as teias de aranha, pois eram tão lindas...«Quem, senão Deus, poderia ter colocado na sua casa tais obreiras criativas, aquelas rendilheiras, que teciam uns motivos tão lindos, que estavam penduradas por tudo quanto era sítio?», pensava ela.
Um dia, as divisões da casa começaram a ser invadidas por pequeninos "seres divinos" que tinham começado a nascer, pois todas as "divorciadas" entraram para lá "grávidas": breve se tornaram adultos! Saltavam por todo o lado, metiam-se nos armários, destapavam as tachos da comida, a sua benfeitora já não sabia que fazer, tinha ratos e baratas na cama, seus lençóis e cobertores foram despedaçados para a ratazana fazer seu ninho... As aranhas depositavam ovos em qualquer parte, pois estas tinham consigo seus "aranhos", havia produção intensiva... A cumplicidade entre ela e seus protegidos era tão íntima, que acordou algumas vezes com baratinhas-bebés tentando dormir no aconchego das suas orelhas...Vieram as doenças, dona Maricotas sucumbiu no meio de tanta imundície.
Assim que deu o último suspiro, o Diabo entrou-lhe como um raio casa adentro, agarrou nela e atravessou-a sobre os chifres, mandou-a agarrar-se com uma das mãos à seta do seu rabo e a outra mão à barbicha, para não cair, e deu corta aos chispes. Chegou ao Inferno e disse: «Chegámos! Dona Maricotas ficou muito assustada, pois tinha feito a viagem um tanto atordoada, nem se tinha apercebido claramente de que aquele ser não podia ser um anjo. E gritou: «Eu quero ir para o Céu! Fui uma boa alma na Terra. Morri porque não quis matar nada que mexesse, pois acredito que tudo é de Deus! Leva-ma ao São Pedro, para ele me abrir a porta!» O Diabo respondeu: «Não seja por isso. Vamos lá a ver se tens direito ao Céu. Para te falar com franqueza, quantos mais forem para o Céu, melhor para mim! O Inferno está a ficar superlotado, tenho de fazer obras para o alargar. O que me vale é que a maioria dos meus inquilinos são banqueiros, porque vou ali gastar uma pipa de massa...»
E lá levou dona Milocas a caminho do Céu. Bateu à porta e disse: «Oi, São Pedro!» Este resmungou: «Que é lá isso do "Oi"? Que confiança vem a ser essa?» O Diabo explicou que é a grande moda no facebook e entregou-lhe a sua "encomenda": «Dona Milocas teima que tem direito a residir no Céu. Quer dizeis?» São Pedro respondeu: «Leva-a! É toda tua! Porque o dever de todo aquele que crê em Deus é conservar em bom estado seu corpo, pois este é o Templo de Deus na Terra. Deixar chegar esse Templo a tal imundície, ela não não viveu em santidade, mas foi uma grandessíssima desmazelada! Primeiro está a saúde e a sobrevivência humana! A falta de higiene, não só prejudica o próprio, como seus vizinhos, pois esta praga, esta sub-raça é escória, deve ser eliminada desde que a sobrevivência humana esteja ameaçada. Leva-a!»
Florinda Isabel.
A dona Milocas era uma senhora muito crente e radicalmente a favor da conservação de tudo que mexesse sobre a Terra, pois tudo, para ela, era criação Divina.
Um dia, entrou-lhe pela janela uma barata voadora, ela ficou muito feliz, um "ser sagrado" tinha entrado no seu lar. A barata ficou muito satisfeita com o acolhimento, pois tinha acabado de sair de um divórcio litigioso, ali ficaria em segurança, para não ser agredida pelo seu "ex-barato". No dia seguinte, uma grande ratazana apareceu, também tinha acabado de sair de um relacionamento muito conflituoso, pois todo o queijo que ela levava para o buraquinho que lhes servia de lar, seu "ex" comia e levava para as ratazanas amantes, que o exploravam e não cuidavam dele, pois quando era preciso tratar-lhe das feridas, após ter sido agredido à vassourada pelos humanos maus, era ela que ia roubar os adesivos e o desinfectante. E a nova "criação divina" ficou. Mais bichinhos foram entrando e ficando. Dona Milocas deixou de derrubar as teias de aranha, pois eram tão lindas...«Quem, senão Deus, poderia ter colocado na sua casa tais obreiras criativas, aquelas rendilheiras, que teciam uns motivos tão lindos, que estavam penduradas por tudo quanto era sítio?», pensava ela.
Um dia, as divisões da casa começaram a ser invadidas por pequeninos "seres divinos" que tinham começado a nascer, pois todas as "divorciadas" entraram para lá "grávidas": breve se tornaram adultos! Saltavam por todo o lado, metiam-se nos armários, destapavam as tachos da comida, a sua benfeitora já não sabia que fazer, tinha ratos e baratas na cama, seus lençóis e cobertores foram despedaçados para a ratazana fazer seu ninho... As aranhas depositavam ovos em qualquer parte, pois estas tinham consigo seus "aranhos", havia produção intensiva... A cumplicidade entre ela e seus protegidos era tão íntima, que acordou algumas vezes com baratinhas-bebés tentando dormir no aconchego das suas orelhas...Vieram as doenças, dona Maricotas sucumbiu no meio de tanta imundície.
Assim que deu o último suspiro, o Diabo entrou-lhe como um raio casa adentro, agarrou nela e atravessou-a sobre os chifres, mandou-a agarrar-se com uma das mãos à seta do seu rabo e a outra mão à barbicha, para não cair, e deu corta aos chispes. Chegou ao Inferno e disse: «Chegámos! Dona Maricotas ficou muito assustada, pois tinha feito a viagem um tanto atordoada, nem se tinha apercebido claramente de que aquele ser não podia ser um anjo. E gritou: «Eu quero ir para o Céu! Fui uma boa alma na Terra. Morri porque não quis matar nada que mexesse, pois acredito que tudo é de Deus! Leva-ma ao São Pedro, para ele me abrir a porta!» O Diabo respondeu: «Não seja por isso. Vamos lá a ver se tens direito ao Céu. Para te falar com franqueza, quantos mais forem para o Céu, melhor para mim! O Inferno está a ficar superlotado, tenho de fazer obras para o alargar. O que me vale é que a maioria dos meus inquilinos são banqueiros, porque vou ali gastar uma pipa de massa...»
E lá levou dona Milocas a caminho do Céu. Bateu à porta e disse: «Oi, São Pedro!» Este resmungou: «Que é lá isso do "Oi"? Que confiança vem a ser essa?» O Diabo explicou que é a grande moda no facebook e entregou-lhe a sua "encomenda": «Dona Milocas teima que tem direito a residir no Céu. Quer dizeis?» São Pedro respondeu: «Leva-a! É toda tua! Porque o dever de todo aquele que crê em Deus é conservar em bom estado seu corpo, pois este é o Templo de Deus na Terra. Deixar chegar esse Templo a tal imundície, ela não não viveu em santidade, mas foi uma grandessíssima desmazelada! Primeiro está a saúde e a sobrevivência humana! A falta de higiene, não só prejudica o próprio, como seus vizinhos, pois esta praga, esta sub-raça é escória, deve ser eliminada desde que a sobrevivência humana esteja ameaçada. Leva-a!»
Florinda Isabel.
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