quarta-feira, 28 de setembro de 2016

«MANIFESTAR O EU SUPERIOR»

Manifestar o Eu Superior.

«O Eu superior, para se manifestar, espera que o eu inferior lhe ceda o lugar.  Mas não é assim tão fácil; o eu inferior não abandona o terreno de boa vontade: fica imenso tempo a gesticular, a gritar e a impor-se. É por isso que o Eu superior se manifesta tão raramente: ele tem de esperar que o eu inferior, fatigado, exausto, lhe ceda o lugar... E quando isso acontece, nunca é por muito tempo, porque o eu inferior, que é infatigável, recupera muito depressa e retoma  as suas posições, às unhadas, às dentadas, aos pontapés... E o que faz o Eu superior, entretanto? Fica desocupado? Oh não! Ele não cessa as suas actividades, porque participa no trabalho do espírito universal.
Mas o homem, que não se conhece, ignora que, na medida em que, através do seu Eu superior, participa na vida divina, participa também no trabalho  de Deus. Ele não  pode dar-se conta do que se passa nas esferas superiores do seu ser, porque não tem ligação consciente com elas; no entanto, é precisamente aí que ele deve trabalhar.
O homem é habitado pelo Espírito Divino e, deve colocar-se ao seu serviço, não é para o reforçar, pois o Espírito já é forte,  não é para o instruir, pois ele é omnisciente, nem para o purificar, pois ele é uma centelha. O homem deve apenas ocupar-se em franquear-lhe o caminho e, então, o Espírito  Divino dar-lhe-á a sua luz, a sua paz, o seu amor. Eis o que deve ser o vosso trabalho, no silêncio da Meditação.
Deveis aprender a introduzir o silêncio do Eu superior também na vossa vida. Quando souberdes que tereis de enfrentar uma discussão difícil que pode degenerar e levar-vos longe demais, procurai fazer silêncio em vós e orai... Nesse momento, sentir-vos-eis interiormente soltos, desapegados, ao abrigo da irritação e das mesquinhices; sim, porque o verdadeiro silêncio não traz condições que convenham à personalidade. No silêncio, a personalidade perde os seus meios, fica paralisada.
Aprendei, pois, a libertar-vos para ceder o lugar à vossa natureza divina, ao vosso Eu divino, dizendo-lhe: «Tudo o que eu possuo vos pertence, disponde de mim, eu estou ao vosso serviço»  Alguém perguntará: «Para que é que isso pode servir?» Pois bem,  ficai sabendo que um verdadeiro espiritualista nunca faz uma tal pergunta, porque fazê-la revela que não se possui nenhuma intuição da verdadeira ciência, da verdadeira filosofia. Aquele que decide consagrar-se com tudo o que possui dá ao princípio divino a possibilidade de trabalhar e de se manifestar através dele. Por isso, Jesus disse: «O meu Pai trabalha e eu trabalho com Ele.» Jesus podia pronunciar estas palavras porque tinha consagrado tudo ao seu Pai Celeste, tinha-Lhe cedido o lugar  em si próprio e podia, por isso, associar-se ao Seu trabalho. E ele também dizia: « O meu Pai e eu somos um», o que tem o mesmo significado.
Também vós, se conseguirdes dar o primeiro lugar em vós ao Eu superior, estareis a participar no trabalho cósmico do Cristo, do próprio Deus.»
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De uma conferência improvisada, pelo amado Mestre Omraam Mikhael Aivanhov (1900-1986), filósofo e pedagogo francês de origem búlgara.

Do Livro «A Via do Silêncio» ( pág. 94/97), Colecção Izvor.
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(Florinda Rosa Isabel)














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