sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

"CALORÍFEROS" DA ANTIGUIDADE...

Os animais e os humanos estiveram, desde sempre, dependentes  uns dos outros.
 Quando eu fui viver para a província, em jovem, depois  viver em Lisboa dos dois anos e meio até aos quinze anos, verifiquei logo que a casa dos pais do meu Padrinho (fui criada pelos meus Padrinhos, após falecimento do meu Pai e por impossibilidade de minha Mãe me poder criar),  constava de dois pisos,  mas, logo no primeiro dia, não entrei lá, tínhamos muitas coisas para arrumar na nossa casa onde ficaríamos a viver, após meu Padrinho  se reformar.
 Quando fui, então, a casa dos Pais do meu Padrinho, fiquei  muito admirada... O piso de baixo era todo ocupado pelos animais.  Tinha um cómodo para o burro, com manjedoura.  Havia outro cómodo para as galinhas dormirem, de dia iam para uma capoeira no quintal. Outro para as cabras. Só o suíno é que tinha a pocilga na rua,
O chão  tinha mato picado, bastante. Soube depois que era para conforto dos animais, para não estarem deitados sobre o chão de terra batida e, também, para fazerem estrume.
Bem, o soalho do piso de cima era fraco, apenas umas finas tábuas mal unidas, deixando passar  algum cheiro, mas já não notado por quem lá vivia há tantos anos.
Como não havia  capacidade financeira nem muito espaço para construírem estábulos, resolveram assim a forma de  resguardarem seus animais e, ainda, de terem as divisões do piso superior aquecidas, tanto pelo calor produzido pelos animais como, também, pelo estrume que eles faziam, pois, como todos sabem,  o  mato debaixo dos animas, com o acumular dos seus dejectos, começa a aquecer e a deitar algum vapor quente... Embora lhe fosse retirado com alguma frequência para acabar de curtir amontoado na rua, o cheiro e o calor iam-se mantendo.
No entanto, isso  não lhes encurtou a vida, faleceram com  quase 90 anos, aproximadamente.
Quem poderia aquecer-se com tais "caloríferos" actualmente?

Florinda Rosa Isabel





Sem comentários:

Enviar um comentário