quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

EU, FACEBOOKIANDO: «REGRESSO AO PASSADO...»

Eu, Facebookiando: «Regresso ao Passado»

Já lá vão muitos anos, na minha aldeia, no tempo em que as pessoas eram consideradas incultas, por não saberem ler nem escrever, mas eram  muitíssimo cultas mentalmente, inteligentes, sabedoras do essencial sobre a natureza, corria o aviso: Tem cuidado, não andes lá por fora até anoitecer, olha os lobos...
Vê lá se  a porta do gado está bem fechada, olha os lobos...
Num campo, de madrugada, algumas pessoas dormiam num barracão, aguardando ser dia, para começarem a trabalhar. Ouviram gritos lacinantes: «Acudam. é lobo!» Os gritos foram sendo reduzidos, até que a voz sumiu.
Ninguém se atreveu a ir acudir, já sabiam que havia matilha, e eram logo devorados...
Assim que foi dia claro, foram ver até ao local de onde vieram os gritos. Encontraram os pés do pobre homem que madrugara para ir para os trabalhos agrícola, metidos dentro dos velhos sapatos e mais alguns ossos... Os lobos comeram a carne toda!
Naquele tempo, o único médico  vivia no concelho, atendia todos os camponeses  no seu consultório. Estes iam a pé, numa distância de oito quilómetros, num total de dezasseis ida e volta. Se tivessem um burro,  iriam nele. Se estivessem muito mal, sem condições de sair de casa, algum familiar  faria esse trajecto, a pé ou  a cavalo, para o irem chamar a ver o doente.
O médico ia, a cavalo numa égua, acompanhado de um cão de grande porte, com coleira de bicos. 
Certo dia, teve de demorar um pouco mais a consultar um doente numa aldeia, até que anoiteceu antes de ele chegar à sua casa. Saiu-lhe uma alcateia de lobos à frente. O cão  lutou desesperadamente com eles, dando tempo para o médico apressar a  égua e escapar com vida, enquanto o pobre animal era totalmente desfeito pelos lobos... Ele voltou ao local, de dia, para constatar a triste realidade...
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Já lá vão mitos anos, na minha aldeia...
Os camponeses tinham  gatos para caçarem a rataria que destruía tudo o que eles recolhiam do seu trabalho...
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Já lá vão muitos anos, na minha aldeia, matavam-se  baratas e todo o bicho que entrasse portas adentro... Primeiro, a saúde da família...
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Há poucos anos, na minha aldeia, começaram a aparecer os javalis. 
Não eram muitos, mas foram-se reproduzindo de tal forma, que, segundo tenho sido informada por pessoas de outros locais, é geral, um pouco por todo o país.
Eles fossam de tal maneira, que  até arrancam plantações de árvores recentes, às centenas... em vários lados, são milhares ou milhões...
Entram nas searas e levam tudo adiante do trombão...
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Actualmente,  os lobos precisam de ser protegidos, há grupos de protecção e, até, alguém teve a triste ideia de dizer (eu li isso) que  eles poderiam ser introduzidos na Tapada de Mafra, para evitar que alguns "desportistas do gatilho" paguem para irem para lá abater o excesso de população animal. Só não compreendem que, esses que para lá vão, ajudam, pagando por esse "desporto" (com o qual não concordo) lucro esse que ajuda a manter os animais que sobram vivos, só têm direito a matar os que a direcção da Tapada entende que devem ser abatidos, para evitar o excesso de população. Os lobos lá... Devoravam tudo!
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Os ratos já brincam com os gatos... Comem com eles no mesmo prato e são filmados... para  a postagem no facebook: «Oi, geeeenti" Muito amorrr!», mas estão a comer comidinha muito saborosa, de franguinho,  através das latinhas que  suas "mamãs humanas" compram, algumas das tais que vão fazer alarido junto dos aviários, pedindo o seu encerramento...

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A baratas são aqui apresentadas quase como fadas do lar. Já fui insultada, por ter dito que a autarquia mandou  fazer a desinfestação na praceta onde moro, ergueram os tampões dos esgotos e borrifaram as centenas que de lá queriam fugir.  Há poucos dias, veio uma notícia, com fotografia, de que uma barata se introduziu no ouvido de uma mulher e esta teve de recorrer a uma urgência médica. Também já  houve a informação de que são dos bichos mais nojentos e perigosos que tentam viver connosco, pois têm algo agarrado às pernas que não é eliminado nem com a fervura, se tocam na nossa comida, pode ser fatal.
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Não gosto de ver a exposição de animais abatidos em montarias; não gosto de ver a galhofa que fazem, exibindo-os como troféus. São nossos irmãos, criaturas vindas do mesmo Criador que nos criou e nos mantém. Eles procedem segundo a sua genética. Não são culpados  pelo mal que nos possam fazer. Nós  teremos, realmente, que nos defender dessa superpopulação de certas espécies. Mas não temos o direito de considerar isso um troféu nem devemos exibir essas tristes imagens. Respeitemos toda a Criação, a morte não é algo bonito parta exibir... Nem quem matou é herói...
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Quanto aos lobos, não concordo que se lhes façam montarias, eles não destroem a agricultura nem colocam em risco a sobrevivência alimentar, que só não está a acontecer em Portugal (só falo do que conheço) porque o grande monopólio da indústria alimentar  nos está a inundar com os seus produtos (na sua maioria criados com agrotóxicos);  mas também não vejo motivo para tanto elogio  aos lobos, querendo atribuir-lhes qualidades "amorosas" que sua genética não lhes permite ter. Deixem-nos em paz, que andem  por lá, por onde eles quiserem, desde que não desçam aos povoados a atacar  as pessoas.
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Florinda Rosa Isabel














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