sábado, 19 de agosto de 2017

(1º) «SANTOS DA CASA NÃO FAZEM MILAGRES»

«Santos da Casa Não fazem Milagres...»
Quando eu, há muitos anos, tive que ficar na minha aldeia durante longas temporadas, para cuidar de familiares idosos, viria a lembrar-me de enviar uns dois pequenos artigos para o o Jornal Voz da Minha Terra, o mensário lá do concelho, que ainda hoje existe e com o qual continuo a colaborar.
O director do citado, contactou-me para que eu fosse colaboradora efectiva do Jornal e poder contar com um artigo todos os meses.

Aceitei, após acertarmos alguns detalhes. No entanto, começaram a críticas, o deita abaixo, algumas vezes entrava eu num café e lá estava alguém com o jornal aberto, o círculo da má-língua à volta, sem darem por mim, com os seguintes comentários:

«Olha, olha, a Florinda a escrever no jornal... O que é que aquilo pode ter na cabeça que se aproveite?»

«Ou! Ou! Ou! Olha a douda! Olhem que isto!... Aquilo sabe alguma coisa para escrever para um jornal?»
Eu entrava e saía e nada dizia.
Até que informei o director do jornal que ia desistir.
Ele, o saudoso Padre Sousa, uma pessoa já muito avançada e conhecedora dos segredos do Universo e bastante evoluído, pediu-me que não deixasse de escrever, pois precisava de mim para dizer aquilo que ele não podia, porque deixavam de ir à missa e diziam:
«Olha o que o Padre disse! Já não me apanha na missa nunca mais!»
Assim, sempre que iam ter com ele, para e queixarem de algo que eu escrevera e não gostaram, ele respondia:
«O quê? Ela disse isso Ai a marota... Tenho de começar a prestar mais mais atenção ao que ela escreve.»
E era uma risota entre nós. E ele incentivava-me a continuar. Esse abençoado sacerdote, provavelmente seria uma daquelas pessoas que desceram à Terra para ajudar nestes tempos difíceis que já se aproximavam. E estas pessoas sentem as energias daquelas que nasceram com a mesma finalidade.
E eu continuei e, durante algum tempo, também continuaram os "mimos" junto dos jornais abertos:
«O que foi que essa douda escreveu desta vez'!»
Até que algumas pessoas começaram a contactar o jornal, para saberem algo sobre mim, elogiando-me. Ele chegou a colocar o meu contacto telefónico, para me telefonarem directamente.
E o termo douda acabou por passar de moda...
E já devem ter decorrido, talvez, mais de 25 anos.
As mentalidades começaram a mudar, gente jovem foi aparecendo. E os jovens já vinham com outra forma de pensar.
E cada vez mais pensarão diferente, pois não conseguem ficar inseridos num programa bolorento de "controle" que ainda existe.
Pouco a pouco, a Juventude vai vencer!

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