«Santos da Casa Não fazem Milagres...»
Quando eu, há muitos anos, tive que ficar na minha aldeia durante longas temporadas, para cuidar de familiares idosos, viria a lembrar-me de enviar uns dois pequenos artigos para o o Jornal Voz da Minha Terra, o mensário lá do concelho, que ainda hoje existe e com o qual continuo a colaborar.
O director do citado, contactou-me para que eu fosse colaboradora efectiva do Jornal e poder contar com um artigo todos os meses.
Aceitei, após acertarmos alguns detalhes. No entanto, começaram a críticas, o deita abaixo, algumas vezes entrava eu num café e lá estava alguém com o jornal aberto, o círculo da má-língua à volta, sem darem por mim, com os seguintes comentários:
«Olha, olha, a Florinda a escrever no jornal... O que é que aquilo pode ter na cabeça que se aproveite?»
«Ou! Ou! Ou! Olha a douda! Olhem que isto!... Aquilo sabe alguma coisa para escrever para um jornal?»
Eu entrava e saía e nada dizia.
Até que informei o director do jornal que ia desistir.
Ele, o saudoso Padre Sousa, uma pessoa já muito avançada e conhecedora dos segredos do Universo e bastante evoluído, pediu-me que não deixasse de escrever, pois precisava de mim para dizer aquilo que ele não podia, porque deixavam de ir à missa e diziam:
«Olha o que o Padre disse! Já não me apanha na missa nunca mais!»
Assim, sempre que iam ter com ele, para e queixarem de algo que eu escrevera e não gostaram, ele respondia:
«O quê? Ela disse isso Ai a marota... Tenho de começar a prestar mais mais atenção ao que ela escreve.»
E era uma risota entre nós. E ele incentivava-me a continuar. Esse abençoado sacerdote, provavelmente seria uma daquelas pessoas que desceram à Terra para ajudar nestes tempos difíceis que já se aproximavam. E estas pessoas sentem as energias daquelas que nasceram com a mesma finalidade.
E eu continuei e, durante algum tempo, também continuaram os "mimos" junto dos jornais abertos:
«O que foi que essa douda escreveu desta vez'!»
Até que algumas pessoas começaram a contactar o jornal, para saberem algo sobre mim, elogiando-me. Ele chegou a colocar o meu contacto telefónico, para me telefonarem directamente.
E o termo douda acabou por passar de moda...
E já devem ter decorrido, talvez, mais de 25 anos.
As mentalidades começaram a mudar, gente jovem foi aparecendo. E os jovens já vinham com outra forma de pensar.
E cada vez mais pensarão diferente, pois não conseguem ficar inseridos num programa bolorento de "controle" que ainda existe.
Pouco a pouco, a Juventude vai vencer!
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