terça-feira, 15 de agosto de 2017

OH, COMO EU SOU INFELIZ! TADINHA DE MIM!


Oh, como eu sou infeliz!

Tadinha de mim!
Hoje, como de costume, saí para as compras e comecei logo a ficar com os pêlos em pé quando cheguei à paragem do autocarro!
Alguém me perguntou se o 108 já tinha passado. Respondi que não, dali começou uma conversa até saber para onde eu ia. Eu disse, ora, o que eu fui fazer... Aquela pessoa sabia quais os transportes que eu deveria apanhar, tipo, dar a volta a Lisboa e vir apanhar o que ela recomendava novamente perto da minha casa...
Depois,quando o 108 chegou, enfiou-se logo para dentro dele, muito mais nova do que eu e chegada depois de mim. Eu nada disse, mas já me dificultou a possibilidade de me sentar antes do autocarro arrancar. 
Passei o cartão do passe e fiquei agarrada a um varão.
O que eu fui fazer! Toda a gente a mandar-me sentar! A prepararem-se para me darem os lugares, eu a responder que não me podia soltar, na próxima paragem sentaria.
A espertinha que entrou à minha frente, blá,blá,blá... Tanta gente que eu vejo cair por aqui, sente-se!
Tive vontade de a esganar!
Finalmente, o autocarro se imoblizou na paragem seguinte e eu arrefinfei o redondinho num assento!
Cada um sabe das suas limitações. Eu tenho uma força incrível nos braços, sou capaz de me aguentar em pé agarrada a um varão e com as compras no outro braço. Talvez adquirida na agricultura e por ter cuidado de pessoas idosas com um peso quase o dobro do meu. Mas, talvez devido a ter peso insuficiente, pois sempre me acontecia, desde jovem, abano nas curvas e fico inclinada, se for solta.
Sei que não o fazem por mal, é por bem, mas...
Mal entrei no metropolitano, já de regresso a casa, os passageiros que estavam perto do varão onde me agarrei, queriam levantar-se, teimavam que me sentasse! Eu teimava que não queria. Não se calavam! Quando, no final da viagem, saímos todos, eu disparei pelo meio deles parecia uma ratazana!
E lembrei que não devo, nunca, usar roupas cinzentas... Como sou de baixa estatura, se me topam a correr pelo meio da multidão ainda me podem confundir com uma ratazana de verdade e atacarem-me à vassourada!
Mas tudo isto acabou por me confundir, estas diferenças que tenho da maioria das pessoas que conheço, pergunto a mim própria: «Quem és tu? Extraterrestre, já disseste que não és. Pensavas que eras terráquea... Mas parece que também não és totalmente isso... Talvez sejas uma terrestre-extra... É, deve ser isso! És um suplemento da Terra, não és efectiva!»
Oh, como eu sou infeliz! 
Tadinha de mim!
Kkkkkk!
Beijoquinhas...
Florinda Rosa Isabel

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