O Amado Mestre Disse... (2ª Série)
Como nenhum ser humano que veio incarnar-se na terra é perfeito, cada um_ou mais, ou menos_ é obrigado a alimentar os seus maus instintos. Mas o discípulo de uma Escola Iniciática compreende que deve, ao mesmo tempo, trabalhar em segredo para a sua libertação. Todos os dias ele ora, medita, exercita a sua vontade, envia mensagens aos amigos do mundo invisível. Então, chega o momento em que ele pode dizer a todos os ocupantes: «Ide embora! Aqui é o Reino de Deus e vós já não tendes cá lugar.»
É claro que esses inimigos vão insurgir-se, ranger os dentes, mostrar as garras para o ameaçar: «Cala-te! Aqui nós estamos em nossa casa, somos os senhores!» Mas ele responderá: «Era assim nas primeiras páginas da história, mas depois foram escritas outras páginas sem que vós soubésseis e houve muitas mudanças. Agora, Deus é o meu pastor, Ele protege-me.» E mesmo que eles abram as goelas e projetem chamas, serão repelidos. Mas primeiro cabe ao discípulo estar vigilante e trabalhar todos os dias sem estar a contar com a Providência.
Aquilo a que, na maior parte das vezes, os humanos chamam Providência é um poder que, na sua opinião, deve olhar por eles, protegê-los dos perigos e das provações. Pois bem, não é nada disso. Como existem muitas verdades que eles ainda não compreenderam, a Providência nunca se opõe a que eles recebam as lições de que precisam para evoluir. Algumas vezes, essas lições começam por acontecimentos agradáveis e eles ficam muito contentes... até o dia em que descobrem que nesses acontecimentos agradáveis se escondiam também algumas armadilhas.
Obter, por exemplo, um lugar ou uma função importante pode parecer um sucesso, com o qual as pessoas se regozijam e que agradecem ao Céu. Sim, mas aqueles que se tornam pessoas influentes têm tendência a esquecer essas qualidades essenciais que são a bondade, a generosidade, a humildade e a abnegação. Por isso, começam as oposições, as provações, para as obrigar a praticar essas virtudes. Em tais ocasiões, o Céu não vem protegê-los: vigia e espera até eles terem aprendido a lição.
Quando a lição estiver bem aprendida, eles recuperarão o seu prestígio, nesta vida ou numa outra, mas deverão lembrar-se muito bem dessa lição e não tentar vingar-se. Na Bulgária, dizemos: «Pazi, Bojé, sliapo da progléda», ou seja, «Senhor, guarda-nos da cegueira que no toldou a vista», pois vingar-se é sempre a tentação que ameaça os humanos no dia em que recuperarem as suas faculdades, a fortuna ou o poder.
Tudo o que acontece tem a sua razão de ser. É essa certeza que caracteriza o sábio e é por isso que nada pode fazê-lo perder a sua luz e a sua alegria. Mesmo que muitos acontecimentos continuem a ser inexplicáveis para ele, ele sabe que um dia terá essas explicações. É certo que a existência nos coloca frequentemente perante factos, situações, que, numa primeira abordagem, nos parecem incompreensíveis. Mas nada é mais terrível e perigoso do que concluir daí que a vida não tem sentido. O sábio nunca pensará, como os supostos filósofos, que tudo é acaso e caos. É orgulho afirmar que a existência é desprovida de sentido quando, simplesmente, se é incapaz de o compreender.
Mestre Omraam Mikhael Aivanhov (1900-1986), filósofo e pedagogo francês de origem búlgara.
Conferência improvisada.
Colecção Izvor
Livro: «O Riso do Sábio»
Éditions Prosveta/Publicações Maitreya_Portugal.
_____
(Florinda Rosa Isabel)
Sem comentários:
Enviar um comentário