quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A FORÇA SEXUAL OU O DRAGÃO ALADO





Newsletter da Publicações Maitreya através de amazonses.com 



A todos, a nossa saudação.

Caros Amigos,

Passada a Feira do Livro do Porto e, como habitualmente às terças-feiras, partilhamos mais um texto que aleatoriamente foi selecionado, esperando que vá ao encontro da necessidade da maior parte de vós. E hoje foi selecionado o livro "A FORÇA SEXUAL OU O DRAGÃO ALADO", do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov, inserido na Colecção "Prosveta".

II
Como substituir o prazer pelo trabalho (páginas 64 a 74)

A maior parte dos humanos procura o prazer, agarra-se ao prazer como se não existisse nada superior a ele. E é aí que eles se enganam. Eu vou demonstrá-lo, dando-vos um pequeno exemplo que remonta à pré-história da humanidade.
Os fósforos e os isqueiros são uma invenção recente e os antigos tinham várias maneiras de fazer fogo. Uma delas consistia em servirem-se de dois pedaços de madeira que esfregavam um no outro; essa fricção começava por produzir calor e, depois de algum tempo, de repente, saía uma chama: a luz. Todos vós conheceis este fenómeno, mas já pensastes em aprofundá-lo, pensando que, sendo um fenómeno físico, mecânico, ele deve conter grandes verdades psicológicas que urge descobrir? Não, constatais os factos, mas para vós eles permanecem vazios de sentido, não procurais aprofundá-los e interpretá-los.
Vejamos agora a lição que podemos tirar deste fenómeno. Portanto, os antigos pegavam em dois pedaços de madeira e esfregavam-nos um contra o outro. Esta fricção é um movimento, este movimento produz calor e o calor transforma-se em luz. Movimento, calor e luz são os três lados deste triângulo de que já vos tenho falado e que representa o ser humano. Ao movimento podemos associar a vontade, a actividade, a força; ao calor corresponde o coração, o sentimento, o amor; à luz corresponde a inteligência, o pensamento, a sabedoria. Mas, do mesmo modo que consegue produzir a luz no plano físico, o homem também pode fazê-la jorrar em si mesmo. Através de actos, de exercícios, ele produz um certo calor, começa a ter sentimentos; e se não ficar por aí, se souber ir mais além, poderá chegar finalmente à luz, isto é, à compreensão.
Vamos agora estudar este processo no domínio do amor. Que fazem os humanos no amor físico? Simbolicamente, poderíamos dizer que, tal como acontece com os dois pedaços de madeira, eles esfregam-se um contra o outro para produzir calor, ou seja, uma sensação de prazer. Muito bem, mas por que se ficam eles por aí? Por que é que a luz não aparece? Por que não ficam eles iluminados? O amor deveria trazer-lhes a luz, deveria fazê-los compreender todos os mistérios da Criação, deveria torná-los lúcidos e clarividentes! Mas não, eles ficam é embrutecidos.
Movimento e calor – por agora, é tudo o que os humanos compreendem do amor; eles ficam a meio caminho, não vão até à luz. Para se produzir a luz não basta procurar o prazer, porque o prazer absorve todas as energias e impede a luz de brilhar. Portanto, é simples, é claro: não se pode parar pelo caminho, é preciso ir até ao topo, até à luz. Evidentemente, durante o trajecto vê-se muitas coisas, coisas muito sedutoras... sim, o espelho mágico... mas, se se parar aí, jamais se atingirá a meta. Por isso, eu digo aos amantes: vós desencadeais o movimento e esse movimento produz calor; está bem, só que agora é preciso continuar até à luz, porque a luz é a meta, o objectivo de toda a actividade.
Quase todos se ficam pelo meio do caminho, porque aí tudo é atraente, agradável... Mas também é lá que se encontra as sereias e se fica dilacerado. Lembrai-vos da lenda de Ulisses. Como Ulisses era sábio! Ele sabia que encontraria as sereias e que elas tentariam atraí-lo com o seu canto, para o devorar. Por isso, tomou as suas precauções: tapou os ouvidos dos seus companheiros com cera para eles não poderem ouvir a voz das sereias, senão seriam incapazes de resistir ao seu encanto... Ele não tapou seus ouvidos, porque desejava escutá-las, mas ordenou aos companheiros: «Amarrai-me ao mastro e, se eu vos fizer sinal para me desamarrardes, apertai ainda mais as cordas!» O barco aproximava-se da ilha das sereias; ao ouvir as suas vozes, Ulisses perdeu a cabeça e, desejando ir ter com elas, gritava: «Desamarrai-me! Libertai-me!» E ameaçava os companheiros de os matar se não lhe obedecessem. Mas eles, fiéis ao combinado, apertaram as cordas... Estais a ver? As sereias são o meio do caminho, e não devemos deter-nos a meio caminho. É claro que se encontram lá todos os encantos e seduções, mas, ainda assim, é preciso não parar.
Também conheceis “Parsifal”, a ópera de Wagner. Parsifal chega a um prado onde se encontram moças, jovens-flores, que tentam seduzi-lo, mas por detrás desses mulheres, dessas flores, estavam escondidas serpentes... Estas lendas, e há muitas mais na literatura mundial, contêm grandes verdades ocultas. Ulisses, Parsifal, são símbolos do Iniciado que encontra tentações no seu caminho. Mas ele não pode parar, senão perde a vida. Tem de continuar até ao topo, porque, uma vez lá chegado, receberá tudo, ser-lhe-á dado tudo: repouso, alimento, beleza, amor.
Pode ainda apresentar-se esta aventura de uma forma um pouco diversa. Vós tendes uma missão a cumprir e para tal precisais de atravessar uma floresta onde existem todas as espécies de flores e de frutos, principalmente uns moranguinhos... Então, começais a parar aqui e ali para apanhar os morangos, sem vos dardes conta de que estais a perder muito tempo; claro, eles são bonitos e apetitosos! Mas eis que cai a noite e vós já não sabeis onde estais nem qual a direcção a tomar, ficais perdidos, não encontrais a vossa estrada; começais a ouvir os gritos dos animais, o estalar das árvores, e ficais cheios de medo... Pois bem, é o que acontece aos discípulos que param no caminho por causa dos lindos morangos!... Dir-me-eis que nunca parareis para colher morangos. É possível, mas esses morangos podem muito bem ser umas mocinhas simpáticas ou alguns copos num bar. Isto é simbólico, compreendeis? Os moranguinhos poderão ser também morangões!
E o prazer está justamente nos morangos, nas sereias, nas jovens-flores, e, se não resistirdes, sereis devorados. Por quem? Pelos elementais, pelas larvas, pelos indesejáveis, pelos espíritos subterrâneos. Eles vêem que estais a dar um banquete e aproximam-se. Eu já vos expliquei que as trocas amorosas entre os homens e as mulheres são banquetes que atraem os espíritos do mundo invisível. E quando, em tais trocas, eles buscam apenas o prazer, estão a convidar para esse banquete toda a espécie de entidades inferiores que se nutrem à sua custa, enquanto eles vão enfraquecendo constantemente.
Muito haveria a dizer acerca desses festins. Quando um homem muito rico dá uma recepção, deve haver pratos variados, vinhos e flores em grande quantidade... e também a baixela, as pratas, as toalhas, os cristais... Tudo isso custa muito caro, e há quem se arruíne por causa dessas recepções sumptuosas. Pois bem, dá-se o mesmo fenómeno entre os amantes, quando eles não são pessoas esclarecidas: esbanjam o seu capital. Infelizmente, eles não se apercebem de que estão a fazer dispêndios de forças e energias fluídicas, do mesmo modo que ignoram para onde vão essas energias. Mas observai-os algum tempo depois: estão arruinados, depenados!
De resto, quando são dadas essas grandes festas de que eu vos falei, muitas vezes há ladrões e escroques que se infiltram por entre os convivas, aproveitando-se da presença de toda aquela gente para roubar dinheiro, jóias, objectos de arte. O mesmo sucede com os amantes. No decorrer dos seus festins, há ladrões que se introduzem dentro deles, mas ladrões da pior espécie, porque não vão roubar objectos, mas sim tudo o que existe nos corações e nas cabeças dos donos da casa. Roubam a inspiração, as ideias, os impulsos, os projectos; e, uma vez assim despojados, os dois pobres infelizes já não terão o mesmo entusiasmo, o mesmo desejo de conhecer os segredos do Universo... Não, agora têm outros desejos absolutamente prosaicos. Sim, há que estudar, há que observar e, pela lei da analogia, saber interpretar tudo o que se passa na existência.
Meus caros irmãos e irmãs, eu conduzo-vos para as verdades que a Inteligência Cósmica me revelou. Eu estudei e observei os humanos e vi que o que acabo de vos dizer é absoluto. Quando se encontram apenas sob a influência do desejo, do prazer, o homem e a mulher introduzem ladrões dentro de si. É indispensável, pois, que tenham uma meta mais elevada, para que a luz possa brotar neles. A luz até pode aconselhar-lhes os mesmos banquetes, os mesmos convites, mas, em vez de atraírem todos os indesejáveis do plano astral, eles convidarão os anjos e as divindades a regozijarem-se com eles. E essas entidades celestes, quando partirem, deixar-lhes-ão presentes, e assim eles receberão cem vezes mais do que aquilo que deram. Nessas condições, nunca haverá perdas; pelo contrário, haverá revelações, arrebatamentos, ímpetos... e eles rejuvenescerão, ressuscitarão...
Não é devotando-se aos prazeres que os humanos encontrarão a solução do problema sexual, porque o prazer é apenas metade do caminho, e se ficarem por aí eles sentir-se-ão, pouco a pouco, amarrados, presos, e perderão toda a liberdade. Quando cai demasiada humidade sobre as asas de uma borboleta, ela não pode voar. O prazer é isso mesmo: humidade a mais! Quando vejo um homem cujas asas já não o aguentam (simbolicamente falando), não preciso de lhe perguntar aonde ele andou metido, já sei que ele expôs as suas asas à humidade. Para mim, é bem claro que a humidade impede de voar. E para a secar à luz é preciso muito tempo. Por isso, atenção: não vos deixeis enganar pelo prazer que vos fará parar no caminho... Continuai até à luz!
Mas compreendei-me correctamente: eu nunca disse que entre os homens e as mulheres não deve haver muito amor. Sim, eles devem dar muito amor uns aos outros, mas um amor mais elevado, mais luminoso. Quer dizer, em vez de se contentarem com trocas no plano físico, de se excitarem, se satisfazerem e, em seguida, ressonarem, eles devem, isso sim, estar conscientes da importância e até do valor sagrado do acto sexual. Mas não, todos têm pressa, muita pressa de se atolar nos pântanos, e não têm tempo para reflectir.
Reparai como vulgarmente as coisas se passam: aqueles gestos tão sacudidos, tão febris, aquele olhar ensombrado de sensualidade... o homem quer satisfazer-se, devorar, dilacerar, e a mulher é tão parva que nesse momento sente-se feliz ao ver no olhar do homem o desejo de devorá-la! Ela devia antes ter medo do que a espera, porque esse olhar do homem mostra que ele está pronto a roubá-la, a tirar-lhe tudo; mas ela gosta disso, é o que ela mais deseja. E se ele a olhar com respeito e admiração, com uma grande luz e uma grande pureza, ela até nem fica muito satisfeita: «Deste não tenho nada a esperar», pensa ela, e abandona-o. Instintivamente, a mulher gosta de se sentir como uma massa nas mãos de um padeiro – revolvida, maltratada, atormentada –, isso dá-lhe prazer, ao passo que o respeito e os olhares luminosos nada lhe dizem. Claro que há excepções, mas, no geral, isto é tão verdadeiro!
Dir-me-eis: «Mas então nunca se deve ter prazer?» Sim, porém é preciso procurar um prazer muito mais subtil, muito mais espiritual. O prazer, tal como é compreendido actualmente, acaba sempre por se transformar em veneno e amargura. Quando se faz um corte num pedaço de chumbo, ele brilha durante alguns momentos e, logo a seguir, fica novamente baço. Ora, o prazer assemelha-se ao chumbo. Para que o vosso prazer permaneça brilhante e resistente como o ouro, deveis enobrecê-lo, ou seja, juntar-lhe um outro elemento: o pensamento. Mas para isso tereis de substituir a ideia de prazer pela ideia de trabalho.
O “trabalho” começa quando o homem resolve não continuar a desperdiçar as suas energias na busca do prazer, mas sim utilizá-las para fazer funcionar outros centros, em cima, no seu cérebro... Em lugar de permitir que se desencadeiem, dentro de si, todos os turbilhões e erupções vulcânicas, ele mantém a sua lucidez para canalizar essas correntes, para as dirigir, a fim de despertar novas faculdades que farão de si um génio, um Iniciado, uma divindade. É deste modo, substituindo o prazer pelo trabalho, que o homem pode transformar o calor em luz. É nesse momento que o verdadeiro prazer começa a invadi-lo: um prazer que, desta vez, não o avilta, antes o eleva e o enobrece.
Muitos dirão – claro! – que a lucidez mata o prazer. Não, na realidade o pensamento foi dado ao homem para ele viver melhor o verdadeiro amor; sem o pensamento, a parte animal, primitiva, estenderia sobre o homem todo o seu poder. E é precisamente o pensamento, é a inteligência através do pensamento, que deve controlar, orientar, sublimar as energias. Se no vosso amor mantiverdes o pensamento lúcido, se ele estiver desperto e vigilante, se ele controlar e dirigir as forças, é claro que não sentireis o prazer tal como muita gente o entende, que é um prazer animal, grosseiro, sombrio, destituído de nobreza, de espiritualidade e, aliás, incontrolável; mas, graças ao vosso pensamento, podereis fazer um trabalho espiritual e, em lugar de se transformar em chumbo, o vosso prazer transformar-se-á em ouro puro, em alegria, em êxtase.
O prazer é a consequência de um acto que está em harmonia, mais ou menos, com outras substâncias, outras presenças. Assim, se um acto estiver em harmonia perfeita com o mundo divino, o prazer que daí decorre é alargado e multiplicado até ao infinito. Por agora, vós sentis um certo prazer, mas ele é tão grosseiro e inferior, e tereis de pagar tão caro por ele, que, na verdade, não vale a pena. Há que sentir prazer, claro, mas um prazer tão amplo e subtil que vos revelará todo o Universo, que vos tornará luminosos, belos, expressivos, poderosos e úteis!... Um tal prazer, sim, vale a pena, e a Natureza não vos privará dele.
Portanto, meus caros irmãos e irmãs, é necessário não parar a meio caminho, mas sim ultrapassar o limite do prazer, deixar de estagnar num nível demasiado baixo: há que subir, romper as nuvens e contemplar o sol, a luz. Não fiqueis por debaixo das nuvens: introduzi em todos os vossos actos uma finalidade luminosa. Seja o que for que façais – comer, passear, abraçar ou beijar alguém... –, tende por objectivo a luz. Não façais nada unicamente para vosso prazer. A humanidade está em decadência exactamente porque todos se deixam guiar pelo prazer. Podeis pensar: «Mas, se não sentirmos prazer ao fazer as coisas, isso não tem qualquer sentido!» Claro que tem, porque tudo caminha conjuntamente: desde que a luz e o calor – ou seja, a inteligência e o amor – estejam presentes, o prazer surge necessariamente. A qualidade do prazer, a sua natureza e a sua intensidade é que mudam. Portanto, meditai, reflecti e nunca esqueçais que o vosso amor deve transportar-vos até à luz. 




capa do livro









Até breve!


19 de Setembro, 2017

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