quarta-feira, 5 de abril de 2017

ELEVAR-SE ACIMA DAS CONDIÇÕES: «SEMENTES DE FELICIDADE»

A todos, a nossa saudação.

Caros Amigos,

Como habitualmente às terças-feiras, partilhamos mais um texto que aleatoriamente foi selecionado, esperando que vá ao encontro da necessidade da maior parte de vós. E hoje foi selecionado o livro "SEMENTES DE FELICIDADE", do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov, inserido na Colecção "Prosveta".

Parte do IX Capítulo: ELEVAR-SE ACIMA DAS CONDIÇÕES

Quando alguma coisa não corre bem, há logo tendência para acusar as más condições. Pois bem, ficai a saber que, enquanto acreditardes que a vossa felicidade ou a vossa infelicidade depende das condições, não estareis protegidos em relação a nada. Porque a vida é assim, e nela nada é verdadeiramente estável e definitivo; se não fizerdes um trabalho com o pensamento, com a vontade, sereis incessantemente sacudidos de um lado para o outro, felizes quando as condições forem favoráveis, infelizes quando encontrardes obstáculos e dificuldades. Então, aonde ireis vós assim?
É necessário compreender, de uma vez por todas, que as condições nunca são determinantes. No mesmo solo, possuindo os mesmos elementos químicos, os figos podem crescer tão bem como os cardos. Numa família onde os filhos têm o mesmo pai e a mesma mãe e recebem a mesma educação podem encontrar‑se grandes diferenças físicas, intelectuais e morais entre eles. E também se constata, quando certos acontecimentos incidem sobre a coletividade, que as mesmas provações não afetam todas as pessoas do mesmo modo. Porquê?
Porque elas não as enfrentam com o mesmo estado de consciência. Enquanto umas, que não têm uma compreensão adequada, pouco a pouco se tornam irritadiças, vingativas ou se deixam esmagar completamente e envenenam a vida daqueles que as rodeiam, outras, pelo contrário, reforçam‑se, enriquecem‑se e, graças às suas experiências, podem depois ajudar os seres com quem se relacionam, com os seus conselhos, com a sua atitude, com a sua irradiação, com as forças que emanam. Isto prova bem que as condições não são tudo.
É evidente que não se pode ignorá‑las ou negligenciá‑las completamente, mas, para se progredir, é necessário saber que muitas coisas na vida só dependem de nós, do nosso modo de as considerar, e que a felicidade e a infelicidade são estados totalmente relativos. Era também essa a filosofia de Nastradine Hodja. Quereis um exemplo?
Uma velha mulher veio um dia ter com ele e disse‑lhe:
«Ah, Nastradine Hodja, se tu soubesses a nossa situação! Toda a nossa família só tem uma pequena cabana para se alojar e nós estamos todos amontoados lá dentro, eu, o meu marido, o meu filho, a sua mulher e os seus filhos. É horrível, não podemos continuar a viver assim. – Sim, eu compreendo, disse Nastradine Hodja, mas há um remédio.
– Qual? – Eu dir‑to‑ei, mas primeiro tens de prometer‑me que executarás sem protestar tudo o que eu te pedir.
– Está prometido. – Bom, e virás todos os dias dar‑me notícias. Vocês têm um cão? – Sim. – E um gato? – Sim. – Então, põe‑nos dentro da cabana.
– Mas, Nastradine Hodja, o que é que estás a pedir‑me? – Tu prometeste fazer o que eu te dissesse, não foi?...» Ela lá partiu e pôs o cão e o gato dentro de casa. «É horrível – disse ela a Nastradine Hodja ao voltar no dia seguinte. O cão e o gato não fizeram senão brigar e não tivemos um momento de descanso. – Está bem. Diz‑me: vocês têm uma cabra? – Sim. – Então, leva‑a para dentro.»
Quando ela voltou, no dia seguinte: «Ah, Nastradine Hodja, a cabra deu volta a tudo, não conseguimos dormir a noite inteira, o que será de nós? – Não te inquietes, vai ficar tudo bem. Vocês têm galinhas? – Sim. – Então, mete‑as lá dentro também.» Eu não vos digo em que estado a mulher voltou no dia seguinte. «Vocês têm um porco? – perguntou alegremente Nastradine Hodja.
– Sim, respondeu ela, abatida. – Pois bem, fá‑lo entrar agora.» Ela queria protestar, mas não ousou, porque tinha feito a promessa. No dia seguinte, desesperada, em lágrimas, a mulher soluçava: «Nastradine Hodja, tu prometeste ajudar‑me, mas cada vez é pior. Nós vamos ficar doidos, a nossa vida é um inferno! – Bom, diz Nastradine Hodja com ar grave, puxando a sua barba, eu vou solucionar tudo isso. Tira de lá o porco e vem ter comigo de novo amanhã.» No dia seguinte, ela sorria: «Ah!, já nos sentimos melhor, começamos a respirar. – Agora, faz sair as galinhas...» E assim, dia após dia, todos os animais deixaram a cabana.
Quando já tinham saído todos, Nastradine Hodja perguntou: «Então, como vão as coisas agora? – Ah!, é extraordinário, é o paraíso, toda a gente canta e se abraça... – Pois bem, repara que vocês estão exatamente na mesma situação que no dia em que vieste lamentar‑te de que a vida era insuportável. Então, por que é que te lamentavas?»
Dirão alguns: «Oh, essa história é muito estúpida!» Bom, digamos que ela é um pouco exagerada; mas a verdade é que sentir‑se bem ou mal, feliz ou infeliz, é uma coisa inteiramente relativa. Vós estais sem vontade para nada, um pouco tristes, a vida parece‑vos sem cor, sem gosto... De repente, recebeis uma má notícia: houve um acidente e um membro da vossa família está gravemente ferido. Aí, é evidente que ficais verdadeiramente muito infelizes. Mas, algumas horas depois, sois informados de que foi um erro, houve uma confusão. Então, de repente, que alegria!
Sim, a vida parece‑vos tão leve, bela e rica! Sim, mas por que não vos parecia ela assim antes? Por que é que foi preciso alguém anunciar‑vos erradamente uma catástrofe para vos fazer tomar consciência de que antes já éreis felizes? Evidentemente, eu não direi que alguém deve estar contente quando tem de viver com seis ou sete numa cabana. Mas, mesmo assim, de um modo geral, com uma boa filosofia, um bom raciocínio, pode‑se contribuir muito para o seu próprio bem‑estar interior, porque o pensamento age sobre os estados de consciência. É preciso nunca esquecer isto: os pensamentos e os sentimentos têm muito poder sobre a consciência. Aliás, observai‑vos: quando estais descontentes com a vida e sofreis, muitas vezes não são as mudanças materiais que vos permitem melhorar o vosso estado interior, mas as mudanças nos vossos pensamentos e nos vossos sentimentos.
É evidente que, se sofrerdes fisicamente, tereis necessidade de remédios físicos, se tiverdes uma ferida ou uma perna partida, mesmo os melhores pensamentos e sentimentos não vos curarão nem vos acalmarão a dor; é preciso muito tempo para eles descerem à matéria e nela operarem melhoras, mas podem ajudar‑vos a suportar melhor esse sofrimento, pois, apesar de tudo, existe uma ação dos pensamentos e dos sentimentos sobre o corpo físico. Os pensamentos e os sentimentos harmoniosos agem sobre a circulação e purificam o sangue, e quando o sangue é puro também contribui mais eficazmente para a saúde do organismo. Até as feridas cicatrizam melhor e mais depressa.
Enquanto não fizerdes um certo trabalho interior, mesmo que consigais melhorar a vossa situação material, após um pequeno momento de satisfação recaireis nos mesmos estados de descontentamento, de amargura, de revolta. As carências psíquicas não têm o seu remédio no plano físico. No plano físico, cada um pode acumular tudo o que quiser – remédios, riquezas, poderes... até ao infinito –, mas, se não estiver num estado de espírito conveniente, nunca se sentirá verdadeiramente satisfeito. É na alma, nos pensamentos, na visão do mundo, na maneira de ver, de raciocinar, que é preciso mudar alguma coisa. Senão, tudo o que podereis acumular só vos trará saturação e desgosto. Houve homens e mulheres que se suicidaram apesar de, como se diz, «terem tudo para ser felizes»: juventude, beleza, inteligência, riqueza, uma família e amigos que os amavam... Eles tinham tudo, exceto o essencial: o gosto de viver; e isso, nenhuma das vantagens que possuíam lhes podia dar.
É na cabeça que é preciso mudar alguma coisa, é interiormente que se deve procurar ser feliz, porque, desde que se aprenda a ser feliz interiormente, ser‑se‑á feliz em quaisquer condições. Sim, nas piores condições poderemos comunicar com as entidades celestes e sentir‑nos felizes, cheios de luz. Se a causa da vossa felicidade estiver dentro de vós, nada nem ninguém poderá privar‑vos dela. No dia em que conseguirdes ver as coisas assim, será o começo da vossa libertação, da vossa imortalidade, da vossa eternidade. É certo que tendes necessidades materiais, mas não tantas como imaginais. Quando o destino vos faz sofrer certas privações, dizei para convosco: «Eis uma boa ocasião para eu procurar outras portas, outros caminhos na alma e no espírito.»
Sim, quando o caminho exterior está obstruído, bloqueado, deveis voltar‑vos para dentro... ou para cima, para o alto, o que é a mesma coisa.
Há sempre uma via de salvação. Às vezes, sentis‑vos desanimados, esmagados, destruídos, chegais mesmo a pensar pôr termo à vida. Sim, são coisas que podem acontecer. Eu não digo que todos os dias tendes razões para estar felizes e vos regozijardes, digo somente que há sempre algo a fazer, mesmo nos casos difíceis. E, até, nos piores momentos de desânimo é preciso saber que esse desânimo contém em si mesmo os elementos que, se tivésseis aprendido a utilizá‑los, vos serviriam para, de novo, ganhar coragem. Porque o desânimo é um estado que possui forças formidáveis. Se ele é capaz de demolir todo um reino – vós mesmos, com todas as riquezas e possibilidades que estão acumuladas no vosso corpo, no vosso coração, no vosso intelecto, na vossa alma, no vosso espírito –, é porque é realmente muito poderoso. Então, porque não tentais apossar‑vos desse poder para o orientar num sentido positivo?
O homem não está consciente de todas as possibilidades que existem dentro dele. Mesmo quando se sente completamente extenuado, na realidade ainda lhe restam recursos. É que ele é feito como uma nave espacial com vários andares: no momento em que o carburante do primeiro andar vai esgotar‑se, uma faísca acende o do segundo andar e a nave prossegue na sua rota. E acontece o mesmo com o segundo andar, o terceiro, o quarto...
Quando um homem morre, não é necessariamente porque todos os seus recursos estejam esgotados, muitas vezes é porque ele não conseguiu acender o andar seguinte. Se ele tivesse conseguido, teria visto que ainda possui reservas. Estamos longe de supor a quantidade de reservas que Deus depositou em nós. 




capa do livro









Até breve!


04 de Abril, 2017

http://www.publicacoesmaitreya.pt

Para entrar em contacto com a Publicações Maitreya,
sugerimos que o faça para: webmaster@publicacoesmaitreya.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário