quarta-feira, 15 de novembro de 2017

LUXO NÃO É CONFORTO, É VAIDADE.

As pessoas habituaram-se a gastar acima das suas possibilidades, sempre a quererem mais e mais...
É certo que todos temos direito a viver com algum conforto, mas este não precisa ser exagerado, luxuoso. O luxo não é conforto, é vaidade. Uma boa alma dispensa o luxo, adquire mais modesto e divide com o seu irmão necessitado aquilo de que ele carece.
Mas o ego fala muito alto, a lembrança daquelas frases muito antigas, mas ainda na memória da maioria «A galinha da minha vizinha é mais gorda do que a minha» e o «Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte» estão muito enraizados no subconsciente da Raça.
Por isso, o dinheiro nunca chega, ganhem o que ganharem, porque acham que precisam manter as aparências do nível social a que chegaram.
No tempo dos meus avós, vivia-se miseravelmente, segundo me contavam. Ainda hoje, uma pessoa considerada pobre, vive em melhores condições do que uma considerada rica há perto de duzentos anos.
Não haviam instituições que amparassem um desabrigado. Quando uma pessoa ficava só no mundo, sem família alguma, sem recursos, sem poder já trabalhar, começava a pedir esmola de terra em terra.
Esses "pedintes" como eram conhecidos, iam passando informações uns aos outros sobre a quem se dirigirem quando chegassem a certas localidades.
Na minha aldeia, era a casa dos meus Avós. Como eu já disse anteriormente, meus Avós tinham alguns terrenos e cinco filhos para trabalharem neles. Os três rapazes amanhavam as terras junto com o Pai, as duas filhas cuidavam das ovelhas e das cabras e ajudavam a Mãe em casa.
Assim, meus Avós, quando os pedintes lá chegavam para passarem a noite, pois não podiam fazer-se à estrada quando começava a escurecer, devido aos lobos que os cheiravam à distância e, uivando, reuniam a alcateia, e devoravam-nos, minha Avó colocava-lhes comida e agasalhos numa pequena dependência ligada ao estábulo dos animais, e deixava-lhes o farnel para eles meterem nos seus alforges, pois saíam assim que começava a clarear o dia, para continuarem a mendigar de aldeia em aldeia, até chegarem àquelas outras localidades onde sabiam que seriam abrigados antes do cair da noite.
Eles não podiam ter vícios, as pessoas não tinham possibilidades económicas para lhes dar dinheiro, repartiam com eles, apenas, os alimentos e os abrigos.
Se fizermos bem as contas, tenho certeza de que há famílias que gastam bem mais e vídeo-jogos, telemóveis sempre de última geração, bilhetes para futebol e concertos, férias no estrangeiro e em hotéis de luxo, discotecas, trocas de mobílias por outras mais modernas, jantaradas para festejarem tudo e mais alguma coisa, mais o automóvel topo de gama (pago a prestações, mas os vizinhos não sabem disso e ficam a roer-se de inveja), do que gastariam com o essencial e indispensável a uma família, dita normal. Pouco lhes interessa saber que já gastaram o que devia chegar para mais duas gerações, saia o petróleo da terra com fartura, venha de lá todo o minério que ela tiver, o seu alimento, a sua seiva a sua vida (porque a Terra é um ser vivo), tudo isso estes exploradores que não têm um mínimo de consciência do que andam a fazer, ignoram e votam a Sua Mãe Terra, que os alimenta ao total desprezo.
Florinda Rosa Isabel

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