Tempos houve, em que uma Palavra valia mais do que, hoje, uma Assinatura...
Quando meu Padrinho se reformou dos Bombeiros, deixámos Lisboa definitivamente e ficámos a viver na província, onde meus Padrinhos começaram a cuidar de uns pedacitos de terra que tinham herdado.
Comecei a ficar muito confusa quando, ao chegarmos junto de algumas oliveiras, meus Padrinhos me dizerem que não lhes tocasse, pois não eram nossas.
«Como não eram nossas?», pensava eu, pois se até estavam nos nossos terrenos e eram lavradas todas juntas?
Então, vim a saber da extrema pobreza em que alguns camponeses viveram no tempo dos meus avós_ pobreza essa que viria a prolongar-se por muitos anos mais_, pois comiam o pão sem mais nada, e bebiam água.
Meus avós, que tinham terras e 05 filhos para trabalhar nelas, não tinham falta de alimentos. Assim, doavam oliveiras, nada ficava escrito, bastava a palavra, e essa doação era transmitida de uns para outros, conforme iam herdando.
Esses camponeses iam lá colher as azeitonas para curtirem e, à mesa, iam trincando uma azeitona e colocavam-na de lado, comiam umas dentadas de pão e davam mais uma trincadela na mesma azeitona e assim sucessivamente, pois elas tinham de chegar para o ano inteiro.
É difícil imaginarmos, hoje, vidas assim, com tanto desperdício alimentar que por aí vai...
Sem comentários:
Enviar um comentário