sábado, 22 de outubro de 2016

«AS NOSSAS FRAQUEZAS, TAL COMO AS NOSSAS VIRTUDES, SÃO ENTIDADES VIVAS...»

O tabaco, o álcool ou a droga são exemplos que toda a gente compreende facilmente. Mas o mecanismo é o mesmo para todos os hábitos, para todas as más inclinações: os vícios, mas também as doenças, são entidades instaladas em vós e dotadas de vontade própria; o que explica a sua resistência, tal como revelam certos episódios dos Evangelhos que relatam como Jesus expulsava entidades tenebrosas do seu corpo que os loucos recuperavam a razão, os mudos, a palavra, e os paralíticos, o uso dos membros. Mas essas entidades não aceitam de ânimo leve ser desfeitadas, elas fazem tudo o que podem para ficar por cima. E Jesus explica: «Assim que o espírito impuro larga o homem, ele vai para lugares áridos, procurar repouso. Não o encontrando, ele diz: "Voltarei à casa de onde parti."; e, quando lá chega encontra-a limpa e ornamentada. Então, vai embora, mas liga-se a outros sete espíritos mais malévolos do que ele; eles entram na casa, estabelecem-se aí e a condição deste homem torna-se pior do que inicialmente.»
As nossas fraquezas, tal com as nossas virtudes, são entidades vivas que escolheram habitar em nós. À medida que fazemos esforços para nos melhorarmos, as entidades tenebrosas são obrigadas a largar-nos, pois a nossa atmosfera interior torna-se  irrespirável para elas, Elas não suportam essa pureza, essa luz  que nos esforçamos por introduzir em nós, e fogem. Uma vez lá fora, buscam novos domicílios, introduzindo-se noutras  pessoas, e é através dessas pessoas que tentam incomodar-nos. Mas os prejuízos causados são menores do que quando essas entidades ocupavam a nossa morada; e, uma vez vencidos esses inimigos no nosso interior, ficamos mais fortes para  vencê-los no exterior. Chegaremos, algum dia, a desembaraçar-nos deles definitivamente? Não, pois estando na  terra, encontramos dificuldades e adversidades.
Por que é que tanta gente notável suscitou inimigos terríveis? Justamente porque as forças obscuras que eles haviam expulsado do seu mundo interior vinham atacá-los  por intermédio de outras pessoas a quem essas qualidades, virtudes e força de carácter incomodavam. As pessoas que levam uma vida vulgar não incomodam ninguém, todos gostam delas. Contudo, se elas decidirem expulsar alguns maus hábitos, de imediato esses inimigos expulsos começarão  a atacá-las, a partir de fora. Mas, mesmo que não seja fácil defrontá-los, os inimigos exteriores são menos perigosos do que os inimigos interiores.
Então, como deveremos agir em relação a esses adversários exteriores? Com amor, doçura e paciência.  Sim, com os inimigos interiores é necessário usar de firmeza, autoridade, severidade, mas com os inimigos exteriores esse método não é aconselhável.  Infelizmente, na maior parte das vezes, os humanos fazem exactamente o contrário: manifestam paciência  e indulgência para com os inimigos interiores e uma severidade extrema para com os inimigos exteriores. Então, não é de admirar que eles continuem a debater-se com dificuldades inextrincáveis.
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Mestre Omraam  Mikhael Aivanhov (1900-1986),  filósofo e pedagogo francês de origem búlgara.
Do Livro: «Nas Fontes Inalteráveis da Alegria»
Colecção Izvor
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(Florinda Rosa Isabel)




















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