domingo, 23 de outubro de 2016

EVITAI EXPOR-VOS AOS SOFRIMENTOS QUE VOS LIMITAM...

«Evitai Expor-vos Aos Sofrimentos Que Vos Limitam»

 Evitai expor-vos aos sofrimentos que vos limitam; esses sofrimentos não foram previstos na lei da evolução. Não é Deus que os envia aos humanos; são eles, na sua ignorância, que os fabricam e os multiplicam, repetindo os erros. Eles queixam-se vociferam, mas, se os livram desses sofrimentos, eles arranjam sempre maneira de atrair outros. Dir-se-ia deles que não podem passar sem os sofrimentos. É claro que eles não reconhecerão isso, mas esta é que é a verdade. A paz, a serenidade, são estados que lhes são estranhos; na paz e na serenidade, eles aborrecem-se, não sabem como ocupar-se e apressam-se a retomar as actividades que os farão sofrer de novo.
Sim, observai: uma guerra, depois outra, outra ainda, eclodem em diversas regiões do planeta. Todos se lamentam e questionam o porquê das guerras... Simplesmente porque os humanos não sabem como aproveitar  as boas condições que a paz lhes proporciona. Encontrar ocupações para ter em tempo de paz requer uma grande ciência. Além disso, mesmo em tempo de paz, os humanos continuam a estar em guerra; em todos os domínios, não vemos senão rivalidades: a política, o comércio, as finanças, a religião e a própria família são terrenos de confrontação, verdadeiros campos de batalha. Então, não vos surpreendeis por haver tantos conflitos armados, um pouco por todo o lado, conduzindo a tantas desgraças! Depois, suplica-se ao Senhor que acabe com essas guerras e traga novamente a paz. Mas, dizei-me, em que é que isto diz respeito ao Senhor? Que ideia fazem d'Ele os humanos!

É necessário aprender a distinguir dois tipos de sofrimento, a fim de evitar os que indicam que se seguiu o mau caminho e, pelo contrário, aceitar aqueles que encontra, necessariamente, quando se avança na via do bem. É evidente que, no momento em que se sofre, nem sempre é fácil discernir qual é a natureza desse sofrimento nem se ele é construtivo ou destrutivo. Mas vós tendes critérios e, se tiverdes aprendido a analisar-vos, rapidamente discernireis.
Mas não é porque eu vos digo que o sofrimento acompanha necessariamente a nossa evolução  que deveis criar ocasiões para sofrer e ser infelizes. Os sofrimentos acompanham toda a evolução e nós não os evitaremos, mas é inútil, e mesmo perigoso, querer acrescentar outros. Quantos monges e ascetas, interpretando mal esta questão do sofrimento, infligiram, voluntariamente, a si próprios, todo o tipo de tormentos, "para agradar a Deus", como eles pensavam! Como se Deus tivesse algum prazer em ver a criatura humana ferida, ensanguentada! Mas raras são as religiões que não preconizam este tipo de práticas, e muitas ainda o fazem.
É tempo de compreenderdes que o Senhor não tem necessidade dos sofrimentos humanos. A época das flagelações, das tormentas, do martírio acabou. Maltratar e mutilar o seu corpo, expor e destruir a sua vida, são formas de se oferecer em sacrifício à Divindade absolutamente estéreis! O verdadeiro sacrifício à Divindade consiste no amor fraternal e desinteressado por todos os seres humanos. Aquele que compreendeu o significado e o poder do amor não tem necessidade de infligir tormentos a si próprio: ele terá tanto para partilhar com todos aqueles que estão em desgraça! E os obstáculos que ele encontrará nos seus esforços para os ajudar serão tantas ocasiões para sofrer! Mas, perante esse sofrimento, ele não deve recuar: serão eles que o engrandecerão, o enobrecerão.
Aquele que ama os outros e quer ajudá-los de forma sincera é obrigado a despojar-se, dia após dia, e cada vez mais, do seu egoísmo, das suas ideias feitas. Não é suficiente ter boas intenções e bons sentimentos; há todo um trabalho de ajustamento a fazer, e esse trabalho é difícil. Por que  é que tantas pessoas desanimam perante as dificuldades que encontram nos seus esforços para ajudar os outros? Porque ainda não compreenderam que ajudar os outros exige a maior abnegação.
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Do Mestre Omraam Mikhael Aivanhov (1900-1986),  filósofo e pedagogo francês de origem búlgara.
Do Livro: «Nas Fontes Inalteráveis da Alegria»
Colecção Izvor.
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(Florinda Rosa Isabel)









































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