quinta-feira, 20 de outubro de 2016

«QUANTOS HOMENS E MULHERES SE SENTEM COMO REIS E RAINHAS NO EXÍLIO...»

Mestre Omraan Mikhael Aivanhov (1900-1986), filósofo e pedagogo francês de origem búlgara.

Quantos homens e mulheres se sentem como reis e rainhas no exílio, despojados do seu trono! Eles julgam-se detentores de uma dignidade que, em sua opinião, ninguém lhes reconhece, e sofrem com as condições que lhes são impostas: a sociedade não tem qualquer consideração por eles e até os faz sentir que não necessita deles. Mas o que é a sociedade? Um grande palco de teatro, onde se desenrolam todos os tipos de comédias. Então, por que razão essas comédias deveriam fazê-los esquecer-se do que o essencial é o que eles são no interior de si mesmos e não o espectáculo que representam nesse palco? Tudo o que têm a fazer é manter a fé na imensidão da sua alma, no poder e na luz do seu espírito. É-lhes assim tão necessária a consideração dos outros? E, mesmo que venham a receber essa consideração, eles não sabem como é mutável e inconstante a opinião pública?
Vede o que se passa com as pessoas célebres. Num dado momento, o mundo inteiro tem os olhos fixos nelas, mas, um tempo depois, são esquecidas. Num dado momento, põem-nas nos píncaros; um tempo depois, assassinam-nas. Por vezes, até ocorrem as duas situações ao mesmo tempo: enquanto uns as admiram e as glorificam,  outros destroem-nas.
Então, em que estado ficarão elas, se não souberem agarrar-se a algo de sólido, de estável, existente em si mesmas, o seu espírito?
Há uma pequena história interessante sobre o grande tenor Caruso. Certo ano, depois de ter cantado os primeiros papéis em várias óperas no Metropolitan de Nova Iorque, ele foi aclamado em triunfo. Todos lhe diziam: «A sua voz reconhece-se por toda a parte, é única!» Caruso, apesar de, obviamente, ter ficado muito lisonjeado, quis testar isso. Então, num dia em que devia cantar no Scala de Milão, fez um acordo com um tenor que representava um papel secundário, para o substituir. É claro que ninguém sabia disso, e eis o que aconteceu: o público, ignorando que era Caruso que aparecia em cena naquele momento, quase não reagiu. Depois, quando entrou para desempenhar o papel principal, antes mesmo de ter aberto a boca, ouviram-se estrondosos aplausos. Evidentemente,  isto fê-lo reflectir. Muitas vezes, são apenas o nome e a reputação que fazem o público reagir... até ao dia em que este se entusiasma com outro qualquer!

Do Livro: «Nas Fontes Inalteráveis da Alegria»
Colecção Izvor.

(Florinda Rosa Isabel)



















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