NÃO SEI O QUE FAZER DA MINHA
VIDA...
Até há bem poucos anos,
eu sabia o que fazer, como me alimentar, como dormir, quando beber água, como
me vestir, como fazer compras, mas agora, vejo-me diariamente com problemas de
vária ordem...
Vejam o meu ritmo
diário, seguindo os recentes conselhos de boa saúde:
Levantar e beber um
copo de água muito quente, para
desapegar as impurezas que possam estar escondidas e bem agarradas cá por dentro. Tenho de
aguardar uns 25 minutos, que é o tempo suficiente para as impurezas fazerem as
malas e se porem ao fresco. Só depois
devo tomar o pequeno-almoço. Mas se sinto alguma dorzita, por leve que seja,
entro em pânico: será que a água estava a entrar em ebulição e fiquei com as
miudezas cozidas? Mas não! Primeiro teria de cozer a língua... Mas a língua não
faz prova de cozedura, é o que as
mulheres têm mais resistente, pode estar ao serviço 24 horas por dia sem dar
sinais de cansaço...
Bom, hoje sai
para ir às compras, depois de me ter certificado de que a única pele de origem
animal que eu trazia vestida era a minha...
E pensei: Que devo
comer, que não destrua vidas? Claro que, carne, já deixei de comer há
muitíssimos anos, talvez compre uns ovos... Mas se pergunto se têm ovos de
galinhas felizes, a maioria não conhece o termo aplicado às galinhas de campo e
eu fico com receio de que me respondam que não sabem nada sobre a vida conjugal
delas. Mas o pior, é que minhas amigas
veganas aqui do facebook já informaram que, mesmo as galinhas que andam em
liberdade, felizes, só botam ovo para fazerem filharada. Os ovos representam,
nas galinhas, a gravidez das mulheres... E, tal como elas, se o galo não as
"engravidou", ovo estéril,
representa o período da galinha...
Peguei numa
alface, mas recordei que já está comprovado pela ciência que as plantas têm memória e, se alguém lhes
faz mal, elas emitem sinais de medo quando a pessoa se aproxima. E desisti.
Ora, ela iria sofrer quando eu a passasse aos sucos. E se começasse a emitir
algum sinal captado pela família dela? Lá vinham as alfacitas órfãs ter comigo
a choramingar... E desisti.
Voltei-me para a
fruta. Peguei numas maçãs, mas vi um furo numa delas. Comecei a meter a ponta
da unha, apareceu a cabecinha dum bicharoco. Voltei a cobrir o furinho e
calculei que todas as outras maçãs estavam habitadas. Que horror! Tirar o
abrigo àquelas criaturinhas de Deus! _É assim que meu amigos veganos se referem
a toda a espécie de bichinhos, até moscas. Todos vivem com a energia de Deus.
Menos os parasitas dos seus "filhos adoptivos", os cães, pois esses
são desparasitados...
Bom, já devem
estar a calcular que ainda não foi desta vez que me alimentei... Já quase sem
forças para me manter em pé, decidi voltar para casa. Foi quando me apercebi de
que minha sacola das compras era de origem chinesa! Meus amigos activistas já
tinham mostrado várias fotografias do
trabalho escravo das crianças na China. E, eis que alguém me ligou para o
telemóvel... Ao pegar-lhe, recordei que já tinha sido alertada para as
condições miseráveis em que trabalham as
crianças chinesas e de outros países mais, para produzirem todo esse conforto
tecnológico de que nós os "sempre-queixosos" desfrutamos... Fiquei de
rastos...
Após atender a
chamada, fui atraída por uma montra que tinha vários produtos de cosmética em
promoção. Precisava de comprar um creme para amaciar as costas de uma barata
que se alojou cá em casa e que, segundo afirmam os activistas, são criaturas de
Deus, também têm direito a viver. Bom, enquanto ela viver comigo, quero cuidar
bem dela. Só o trabalho que tive a examinar as marcas dos produtos, através da
longa lista que explica os que testam e os que não testam em animais...
Cheguei a casa a
atirei-me para cima da cama, de tão exausta e faminta que estava. E foi quando
tive um rebate de consciência: minha colcha é de lã! Que vergonha! Pobres
ovelhas, terem de se despir para eu dormir quentinha!
Bom, o artigo
deste mês já está, veremos se me aguento mais outro mês sem comer... (Ah! Ah!
Ah).
Beijocas.
Florinda Rosa
Isabel
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