sábado, 8 de outubro de 2016

«O QUE É UMA CIVILIZAÇÃO?»

«O que é uma civilização?»
O produto da água.  Sim, observai onde os humanos instalaram as suas residências desde os princípios: à beira da água. Algumas vezes à beira do mar, mas, na maior parte dos casos, à beira dos lagos, dos ribeiros e dos rios. Porquê? É simples.
Uma nascente brota na montanha  e a água desce  abrindo caminho pelo meio dos rochedos: o musgo, a erva e as flores começam a crescer por onde ela passa.  Cavando pouco a pouco o seu leito e com o reforço de outros pequenos cursos de água que vêm juntar-se  a ela, a nascente torna-se uma ribeira bordejada de árvores e há todo um mundo de peixes, de insectos, de aves e de pequenos animais que começa a pulular nas suas águas e nas suas margens. Finalmente, ela chega à planície e, pouco a pouco, os homens, atraídos por toda essa vida de que se apercebem, acham que as condições são boas para eles e decidem instalar-se. Agora, vós compreendeis: bastou que a água corresse e a vegetação veio, os animais vieram, os humanos vieram. Imaginai que se diz:  «Instalemos aqui algumas aves, ali umas árvores de fruto, além uma escola, etc.», sem ter pensado previamente na água; pois bem, as aves não permanecerão aí, as árvores secarão e será preciso fechar a escola.
Evidentemente esta água de que estou a falar-vos é simbólica. Esta água é o amor. A água, a vida, o amor, é a mesma coisa... os planos são diferentes, mas a realidade é a mesma. Enquanto não há amor, é o deserto, e ninguém tem vontade de ir aí instalar-se num deserto. O deserto é algo que se atravessa, as pessoas não se instalam nele, continuam precisamente até encontrarem um ponto onde exista água, um oásis. Infelizmente, a maioria das pessoas, quando querem construir qualquer coisa, não pensam  na água, no amor, não acham que o amor seja necessário, contam só com a organização. E então estabelecem programas, redigem estatutos, constroem edifícios, instalam neles pessoas às quais atribuem funções... Isso é magnífico, mas é o deserto! E eu garanto-vos que não há muitos candidatos para ficar muito tempo num deserto, por mais organizado que ele esteja.
Enquanto não existir a vida, que é o verdadeiro motor das coisas, nada funciona. Mas, quando aparece a vida, o amor, mesmo que não se organize nada, tudo toma o seu lugar, exactamente como a vegetação, os animais e os humanos são naturalmente impelidos a instalar-se-à beira de um curso de água. Eu sempre soube isto. Por isso é que nunca me ocupei da organização. Deixei a água correr e foi assim que, pouco a pouco, a fraternidade nasceu e se desenvolveu. Então, vós também, fazei primeiro correr a água.
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De uma conferência improvisada pelo amado Mestre Omraam Mikhael Aivanhov (1900-186), filósofo e pedagogo francês de origem búlgara.
Livro: «As Revelações do Fogo e da Água».
Colecção Izvor.
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(Florinda Rosa Isabel)















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