Segundo afirmações que li desde sempre e, até, através de minhas experiências pessoais, as pessoas fisicamente mais resistentes a imprevistos e adaptáveis a qualquer situação, são aquelas que conseguem dormir a qualquer hora e em qualquer local, não estranham horários, camas ou climas, e saltam da cama a qualquer hora que acordem, sem moleza. Houve, no passado, várias classes de guerreiros com estas características, e o célebre Napoleão Bonaparte era igual. E "mim" também...
Contavam meus Padrinhos (que me criaram em Lisboa, desde os dois anos e meio, após falecimento do meu Pai e por impossibilidade de minha Mãe conseguir alimentar três filhos pequenos, lá na aldeia), que bastava dizerem-me, mesmo de madrugada que fosse: «Menina, vamos levantar?» que eu me erguia logo, a esfregar os olhitos, e só respondia «tá bem...».
Bom, dando um salto no tempo, quando meu Padrinho se reformou e fomos para a aldeia, habituei-me, aos quinze anos de idade, a trabalhos agrícolas. No verão, tínhamos que sair, por vezes, de madrugada, por volta das duas horas, pois havia vários quilómetro a percorrer, para separarmos as espigas de milho das "camisas" ou "plegas", como lhes chamávamos. Se começava a dar-lhes o sol, desfazia-se tudo, e nós precisávamos de mais aquele alimento a juntar ao feno, para o burrico, único meio de transporte na altura.
Regressávamos a casa perto do meio-dia, almoçávamos; depois, cada um se deitava a dormir a sesta durante o tempo que quisesse.
Eu continuei assim até aos dias de hoje. Como meu trabalho, quer em bordados, quer, mais tarde, a escrever, era em casa, podia fazer isso. Gosto de dividir o dia ao meio, como é hábito dizer-se.
Mas... imaginem só, o que uma cabecinha pensadora colocou aqui no "feiças" recentemente... Que ninguém deve dormir a seguir ao almoço, pois o estômago também relaxa quando a pessoa dorme e esta pode nem já acordar.
Imaginem só! Um órgão a pensar: «Patrão fora, dia santo na loja!»...
Bem, admitindo que, por vezes, o oiço "ressonar"... quem sabe? Talvez seja verdade... Tempos modernos, a preguiça ataca tudo e todos!
Ah! Ah! Ah!
(Florinda Rosa Isabel)
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