A Ressurreição...
A Ressurreição é, pois, um fenómeno bem real, mas não há ressurreição dos mortos, só há uma ressurreição dos vivos e são até os mais vivos que ressuscitam, os que vivem a vida mais intensa, mais divina, a mais crística. Todos ressuscitarão, e alguns muito mais rapidamente do que outros, se se prepararem para isso. Os seres preparam-se ao longo das suas sucessivas incarnações, e aqueles que, nesta incarnação, fizeram grandes esforços para se purificar poderão não voltar a incarnar. Eles partem deste mundo e já não voltam cá para retomar um corpo. O seu espírito pode vir introduzir-se e viver em certos seres para os ajudar, os instruir, os animar, mas eles próprios já não voltam a incarnar num corpo físico.
Se não se interpretar esta passagem do Evangelho de São Marcos como eu acabo de fazê-lo, a respeito da ressurreição e o Juízo final são questões absolutamente indecifráveis e incompreensíveis. Não pode haver Juízo final como as pessoas o imaginam, com todos os homens a sair dos túmulos para serem julgados; não, está-se sempre a ser julgado: cada provação, cada sofrimento, é já uma prova de que houve um julgamento e se está a pagar. Quando já não tiverdes nada a pagar, não sofrereis mais.
Voltai a ler esta passagem e compreendereis melhor o que Jesus tinha em mente quando respondeu aos Saduceus. Vereis claramente como se desenrola o plano de Deus e como podeis ressuscitar. As interpretações que a Igreja dá à ressurreição revelam falta de bom senso, de lógica: apresentam-nos o Senhor como um monstro de estupidez, e esse Juízo final é tão absurdo! Ficai, pois, tranquilos: o Juízo final não acontecerá. Mas, apesar da vossa tranquilidade, ficai a saber que um outro Juízo final vos espera a todo o momento... Se uma pulga vos pica, por exemplo, isso é já um juízo. «Como?_ direis vós_, sou julgado por uma picadela de uma pulga?» Sim! Ela só vos picou após uma madura reflexão; encontrou algumas impurezas no vosso sangue e quer dizer-vos que deveis melhorar a vossa maneira de viver: se purificardes o vosso sangue, ele já não atrairá pulgas.
Há tantos factos da vida quotidiana que podem ajudar-nos a compreender o que são a ressurreição e o Juízo Final! Encontrarás alguém que tem na perna uma grande mancha azul, quase preta: «O que te aconteceu, meu amigo?_ Magoei-me.» Pois bem, tudo o que acabo de dizer-vos pode resumir-se nisto: quando se faz uma nódoa negra, há células que morrem, e depois, após algum tempo, a pele fica novamente clara, o negro desapareceu... Não foram as células antigas que ressuscitaram mas outras vieram para o seu lugar. As células antigas foram substituídas pelas novas, que trouxeram esta melhoria, e pode-se de novo caminhar, já não se tem dor. É este o mecanismo da ressurreição.
E o mesmo acontece para o conjunto do organismo. Muitas pessoas têm no organismo células já mortas que não são substituídas por células novas. Pouco a pouco, o número destas células aumenta até invadir todo o organismo e as pessoas morrem. Outras, quando morrem, têm ainda numerosas células vivas, que os médicos tentam recuperar para fazer enxertos de órgãos. E na realidade: alguns vivos estão já quase mortos, porque carregam no seu organismo cadáveres, demasiadas células que começam a apodrecer e que não podem ser substituídas de novo, ao passo que outras pessoas, que morreram num acidente, por exemplo, têm ainda vivas quase todas as suas células. No domínio espiritual, ocorre o mesmo fenómeno; só que aí não se trata de células, mas de entidades.
Assim como o corpo físico do homem é constituído por milhões e milhões de células, o seu ser espiritual é constituído por um grande número de entidades. E também é frequente morrerem entidades, ou então o homem é habitado por entidades tenebrosas e malfazejas que também deve substituir por entidades luminosas e puras. Esta substituição é que é a ressurreição. Sem ser definitiva nem completa, esta ressurreição já começou para alguns. É preciso que eles continuem, que prossigam este trabalho de substituição, e um dia a ressurreição dar-se-á de um momento para o outro.
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Do Livro «O Natal e a Páscoa na Tradição Iniciática» (Pág.108/110)
De uma conferência improvisada, pelo amado Mestre Omraam Mikhael Aivanhov (1900-1986), filósofo e pedagogo francês, de origem búlgara.
Colecção Izvor.
Éditions Prosveta/ Publicações Maitreya_Portugal.
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(Florinda Rosa Isabel)
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