domingo, 23 de julho de 2017

UM RECADINHO...


Ora, em que estou a pensar...? Em deixar um recadinho...
Ninguém tente pensar que sou uma idiota, só porque gosto de me divertir...
Eu desci no planeta Terra com uma grande bagagem que adquiri noutras vidas... Foi uma trabalheira, os guardas alfandegários a revistar tudo, com medo que eu trouxesse alguma estrela clandestinamente... (Kkkkk!)
Eu tive muitas vidas, numa delas afogaram-me, reencarnei a ter medo da água, como «gato escaldado de água fria tem medo»...
Eu fui queimada pela Santa Inquisição, onde é, hoje, a Igreja de São domingos, a mando dos Jesuítas... A propósito! O "Santo Padre" é jesuíta... Será que ele encarnou nesta época para me pedir perdão pessoalmente?
Não tenho certeza, mas acredito que minha última encarnação foi de raposa, pois trouxe comigo o gosto de enfiar meu longo focinho em muitas tocas por aqui... (Kkkkk!)
Minha Mãe teve muitos problemas durante os nove meses em que meu deu boleia. Uma situação de traição de um comerciante de fazendas que soube de uma rebaixa nos preços e adquiriu uma grande quantidade, para andar de terra em terra a dizer que comprara num saldo, podendo vender mais barato. Num meio pobre de província, sem jornais, sem rádio, o único informador sobre o que havia era aquele negociante. Meu pai, alfaiate de profissão, não tinha dinheiro, mas o "benfeitor" convenceu-o a pedir emprestado, o que ele fez dirigindo-se a uma mulher rica lá do concelho. Assinou letras...
Quando foi vender os capotes numa feira, não conseguiu a verba emprestada e trabalhou gratuitamente...
Foi a miséria total! Todos os pedacinhos de onde meus Pais colhiam o sustento da família foram vendidos em hasta pública.
Eram as vizinhas que levavam para eles do pouco que tinham.
Minha Mãe, já com dois filhotes nascidos, não podia pensar em mim, era neles. E passou fome. Eu não me lembro, mas se era lá dentro como sou cá fora, acho que devia fazer um grande rebuliço.
Nasci com imensos defeitos congénitos interiores, por fora sou perfeita.
Aos dois anos e meio,meu Pai faleceu. Meus Padrinhos tomaram conta de mim. Não porque fossem ricos, mas meu Padrinho era bombeiro em Lisboa, sempre tinha ordenado certo.
Recordo de que_quando comecei a ter consciência de mim_, meus Padrinhos chorarem e dizerem que não iam conseguir criar-me, eu mal conseguia comer, devido a um defeito congénito, que ainda se mantém...
Mais tarde, tiveram que receber uma outra afilhada, minha prima, filha de uma irmã do meu Pai, que vivia na aldeia. Meus Padrinhos não sabiam que fazer, ela estava doente dos pulmões... Mas vinha a um médico especialista a Lisboa, não tinha mais onde ficar.
Minha tia e ela alojaram-se lá em casa, minha Madrinha conseguiu ter-me longe dela, era só por dois dias, mas teve que ir à rua a correr fazer uma compra. Quando chegou, deu com a minha tia a enfiar na minha boca o bico de um bule, ensanguentado, pois minha prima tinha acesos de tosse e cuspia sangue. Ela tinha acabado de retirar o bule da boca da filha, que viria a morrer pouco tempo depois de terem regressado à aldeia.
Minha madrinha, em pânico, perguntou por que ela fizera aquilo... Respondeu que não se conformava ficar sem a filha dela e que minha Madrinha, que não tivera filhos, ir ficar comigo...
Daí a poucos dias, adoeci e tive que ser submetida a grandes tratamentos ao meu pulmão esquerdo.
Mas sobrevivi, e cá estou, avisando que, de entre os meus defeitos de fabrico, consta a falta do tal parafuso que já aqui mencionei algumas vezes.
Mas, atenção! Eu confio em toda a gente, mas quando tentam ludibriar-me, enganar-me, fingindo ser o que realmente não são, um parafuso igual ao que perdi e que acabei por comprar numa loja de ferragens, começa a dar sinal, aos saltinhos dentro da gaveta onde o guardei.
Kkkkkk!
Beijoquinhas...

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