De: «O Livro da Magia Divina», por Omraam Mikhael Aivanhov_Publicações Maitreya_Portugal.
As pessoas ainda não têm uma percepção suficiente do perigo que as práticas de magia negra representam. Que responsabilidade para os autores e editores desses livros! Como só pensam em ganhar dinheiro, não explicam em detalhe aos leitores os perigos que eles correm ao aplicarem as suas receitas, é-lhes indiferente que algumas pessoas percam a alma por causa delas. Eles põem meios de satisfazer todas as ambições à disposição de pessoas que nunca aprenderam a dominar os seus impulsos instintivos... Como se poderá esperar que estas pessoas saibam resistir? Algumas desejam obter o amor de um homem ou de uma mulher, vingar-se de um inimigo, satisfazer a sua ambição ou a sua cobiça, e, como esse desejo é mais forte do que a razão, decidem recorrer à magia negra.
É tão tentador ver todos os seus desejos satisfeitos! Quantas pessoas há que, apesar de saberem que o álcool e o tabaco destroem a sua saúde, não conseguem vencer a necessidade de beber ou de fumar! O mesmo se passa com as práticas mágicas: porquê pôr à disposição das pessoas fracas meios que elas empregarão, sob a influência de um desejo ou de uma paixão descontrolada, para prejudicar os outros e para seu próprio prejuízo? Sim, pois atrairão entidades terríveis que as destruirão a elas também. E ninguém as previne em relação a isso. Os autores de livros de magia negra devem saber, pois, que são criminosos e que a justiça divina os punirá um dia. Que não se espantem quando esse dia chegar. Não se tem o direito de conduzir os humanos para as regiões infernais, apenas temos o direito de os conduzir em direcção ao Céu.
Quantos casos não se conhecem, na História, de pessoas que pereceram lamentavelmente porque se tinham atolado na magia negra! É certo que se pode obter resultados, mas há que saber os perigos que isso representa e não enveredar por esse caminho, porque aquilo que espera os feiticeiros e mágicos negros é o abismo. De que serve possuir ambições espirituais se nem sequer se tem consciência das consequências próximas ou longínquas dos seus actos?
Quando os humanos começam a pressentir a existência do mundo invisível, com os seres que o habitam, e se tornam conscientes de que neles existem faculdades psíquicas que lhes permitem actuar nesse mundo, para eles é tentador experimentar. Eu recordo-me que, quando era jovem (catorze, quinze amos), também fazia experiências que nem sempre eram muito "católicas". Eu tinha amigos e, para ver se era capaz, divertia-me a concentrar-me neles para os sugestionar: a um ordenava que tirasse o gorro, a outro que procurasse um objecto no chão ou fizesse parar um transeunte. Eram experiências que eu fazia só para ver que resultado davam.
Mas uma noite, quando estava deitado, aconteceu-me algo que nunca consegui esquecer: vi aparecerem-me duas personagens. Eu não estava a dormir, mas também não estava muito acordado. Assim, naquele meio sono, apareceram-me dois seres: um tinha uma estatura impressionante, transpirava força e poder, mas o seu rosto era duro e o seu olhar sombrio, terrível. O outro, a seu lado, era radioso: um ser muito belo cujo olhar exprimia a imensidão do amor divino... E era como se eu devesse escolher entre aqueles dois seres... Fiquei impressionado com o poder do primeiro, mas, no meu coração, na minha alma, estava assustado pelo que nele sentia de terrível. Então, deixei-me atrair antes pelo outro, escolhi aquele que possuía o rosto do Cristo que era a imagem da doçura, da bondade e do sacrifício.
Agora, quando volto a pensar em tudo aquilo, compreendo que, se a Providência não me tivesse ajudado a escolher o bom caminho, poderia ter-me tornado um mago negro, porque eu possuía, desde a juventude, capacidades psíquicas muito grandes. O que me salvou foi não ser de todo maldoso, apenas sentia curiosidade em fazer experiências. Sim, mas eu era muito jovem, não tinha discernimento nem guia, e as coisas poderiam ter dado mau resultado, pois não penseis que todos os que acabaram por se embrenhar na magia negra o fizeram conscientemente, cientes do que faziam. Isso pode acontecer, claro, mas existem muito poucas pessoas que, um dia, disseram para consigo: «Ora bem, eu quero ser um mágico negro e farei tudo para o conseguir.» Muitas delas talvez não tivessem, no princípio, qualquer má intenção, mas eram ignorantes, imprudentes, contaram de mais com as suas forças e o seu controlo, e deixaram-se arrastar.»
(Florinda Rosa Isabel)
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