sexta-feira, 23 de junho de 2017

MEU ARTIGO NO JORNAL «VOZ DA MINHA TERRA» DE JUNHO.


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ABAIXO O CONSUMISMO IMPORTADO! VIVA A PRODUÇÃO NACIONAL!

       Para os lados de Carnaxide, tem havido muita euforia: um grande hipermercado que se instalou há muitos anos aqui em Portugal acabou de inaugurar mais uma superfície.
Um continente (...) tão pequeno, como é Portugal, para que precisa de tantos estabelecimentos? É lamentável ver a destruição da saúde das pessoas, convencendo-as a fazer tudo errado, totalmente oposto ao bom senso, à saúde, ao trabalho não-escravo e ao valorizar da economia.
      Os estabelecimentos de engenhocas para trabalhar à bruta sem nada produzir, estão repletos de novidades... Entretanto, os "trabalhadores" da musculatura lá vão comprando tudo e mais alguma coisa para o seu ginásio caseiro; outros, preferem pagar para trabalhar num ginásio profissional. Depois, junta-se a família e vão todos comer alimentos importados...
     Portugal só se equilibra se trocar essas maquinetas por moto-cultivadoras e convencer todos os portugueses que possuam terrenos apropriados à produção de alimentos, a cultivá-los, se tiverem capacidades físicas para isso. Os que não conseguem pelos seus próprios meios, deveriam ter o apoio estatal, pois este paga do herário público, para muito preguiçoso continuar a receber subsídios vários, sem nada produzir. Os saudáveis, poderiam ocupar-se, mediante contratos justos a ambas as partes, a trabalhar as terras. Dar-se-ia preferência a residentes da área, claro, para facilitar alojamento e transportes.
E deviam levar para o campo as infelizes crianças de ar murcho, tez macilenta, tristonhas, ao invés de as levarem para dentro dos «Corredores de Consumo Obrigatório», que dão pelo nome de Centros Comerciais… As infelizes passam a maior parte da sua vida trancadas nos estabelecimentos de ensino e, de lá, voltam para outra prisão, chamada Casa Paterna. Sim, prisão! Pelas conversas diárias a que assisto nos transportes públicos, muitíssimas crianças, mal entram em casa, ficam logo acorrentadas, algemadas, a toda a espécie de aparelhos electrónicos e, entre umas prisões e outras, vão algemadas aos seus telemóveis e tablets,  chocando com os outros transeuntes e, algumas,  já arriscam a vida a experimentar  selfies em locais perigosíssimos…
     O Homem desligou-se totalmente da Fonte Divina. Os rios jamais deveriam ter sofrido amputações, a natureza quer-se livre, seguir o seu curso, apenas. A produção de energia já poderia ter sido, desde há muitos séculos, uma realidade com a energia solar.
As barragens assassinaram os rios! Recordo, ainda não há muitos anos, que se cultivava à beira dos rios e se regava deles. Eram os chamados nateiros. Eram imensamente férteis e muito produtivos. No Inverno, quando os rios levavam muita água, cobriam esses nateiros, fertilizando-os. Quando as águas baixavam, no início da Primavera, os camponeses iam cultivar  e regar desse rio. E tudo era abundância!
Mas a ganância do bicho-homem começou a interferir com  aquilo em que não devia tocar, pois o livre-arbítrio não foi só concedido a si, mas a tudo que vive. E um rio devia considerar-se um ser vivo, que, ao nascer, escolheu  os locais por onde descer, sem empecilhos! .E todos seriam felizes, os peixes não seriam impedidos de nadar até onde quisessem, pois não encontrariam as barragens pela frente. Quem não possuía nateiros e tinha  as suas propriedades agrícolas com poços, minas ou ribeiros junto, lá arranjava a forma de cultivar. Entretanto, com o avançar da idade (os filhos constituíram família nas grandes cidades), ficaram  sós e com poucas forças, foram canalizando  a água por baixo do chão até  aos quintais junto das suas residências, e aí começaram a cultivar em menos terreno e utilizando adubo químico e pesticidas. Preciso dizer para  este veneno escorre?
     Veio o falso progresso. Os parques de campismo junto dos rios. As  competições de motonáutica destroem o plancto_ principal alimento do peixe.  Sobre a indústria e as suiniculturas, já se sabe que o que lhes entra por um lado tem de sair pelo outro... E para onde vai? Pois!...
Algumas máquinas de lavar roupa poderiam estar a escoar para um local  que, depois, suas águas servissem para transportar para os sanitários. É certo que nem todas as pessoas têm condições físicas para transportar essa água, mas as que tivessem, poderiam fazê-lo. No entanto, a maioria não pensa em termos ecológicos e de economia, quer o seu bem-estar, puxar a corrente ou o rodar o botão...
 Vieram as máquinas de lavar louça. Mas os pratos gostam de promiscuidade, vão esperando uns pelos outros, para que a sua "banheira" eléctrica  seja ligada e dê banhoca a eles todos...  
     O Homem está a destruir o futuro daqueles para os quais tanto sacrifício faz, tanto trabalha, fazendo deles órfãos de pais vivos. Trabalhar muito para comprar muito, consumir muito, pois,  até nos mídia, vem a grande notícia: «Muita esperança no aumento do consumo!»
Claro, assim que o homem adquire algo, a ganância, a pressão do consumismo por parte da grande indústria, o grande comércio, é logo inventada uma forma de tornar inoperáveis as penúltimas  engenhocas. Sim, as penúltimas, porque as últimas são aquelas que  já estão a ser impingidas!
02 de Junho de 2017
Florinda Rosa Isabel

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